Hora de falar de clássico e esse é um dos maiores da nossa história, não só literária, mas política e social. Foi brilhante como escritor, mas também foi grande como jornalista, tradutor, advogado, político, diplomata e orador. Vamos falar de um dos nomes mais relevantes nomes da nossa história, vamos falar de Rui Barbosa.
O início
Rui Barbosa de Oliveira nasceu na Bahia, em Salvador, no dia cinco de novembro de 1849. Era filho de João José Barbosa de Oliveira e de Maria Adélia Barbosa de Oliveira. Seu pai era médico e exerceu a profissão por algum tempo, até que ingressou na política, como deputado da província da Bahia.
Quando estava com apenas cinco anos Rui já demonstrava uma inteligência acima da média para sua idade. Tanto que um de seus professores afirmou que o garoto “é o maior talento que eu já vi.” Com essa idade aprendeu a conjugar os verbos e tinha aulas de piano e oratória. Ainda muito novo seu pai fez com que começasse a ler os clássicos da literatura portuguesa. Aos dez anos recitava poemas de Luís de Camões.
Aos 11 anos foi estudar no Ginásio Baiano e, três anos depois concluiria o curso ginasial como o melhor aluno, recebendo uma medalha de ouro, entregue pelo Arcebispo da Bahia. Nessa ocasião fez o seu primeiro discurso em público. Sem idade para ingressar na faculdade, ficou um ano estudando alemão.
Rui Barbosa ingressaria na faculdade em 1866, indo cursar direito na Faculdade de Direito do Recife. Dois anos depois ele conseguiu uma transferência para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, onde concluiria o curso ao lado de seu colega de turma Castro Alves.
Advogado e jornalista
Após se formar, foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como advogado e jornalista, até voltar para a Bahia. Sofrendo com distúrbios nervosos, Rui permaneceu isolado, em repouso, por praticamente um ano. Depois foi trabalhar como advogado no escritório do amigo de seu pai Manuel de Sousa Dantas. Passou a escrever para o Diário da Bahia, também da família Sousa Dantas. Em 1873 assumiria a direção desse Diário.
Vida política
Rui Barbosa faz sua estreia na vida política em 1877, elegendo-se deputado na província da Bahia. Depois foi eleito deputado parlamentar no Império. Era um defensor da libertação dos escravos sexagenários, da reforma do ensino e da reforma eleitoral. A defesa da liberação dos escravos fez com que os fazendeiros escravistas, que controlavam seus currais eleitorais, fizessem campanha ferrenha contra os candidatos abolicionistas. Como resultado Rui Barbosa não conseguiu a reeleição.
Com a derrota ele retornaria ao jornalismo, atuando como redator chefe do Diário de Notícias. Com o tempo tornou-se um forte defensor do regime federativo. Mesmo trabalhando no jornalismo manteve um pé na política. Assegurou uma cadeira no Senado em 1890 e iria se reeleger por vários mandatos.
Com a Proclamação da República, em 1889, foi um dos redatores da Constituição da primeira República, junto com Prudente de Moraes, que anos mais tarde seria eleito Presidente. No mandato de Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do período republicano, ocupou o cargo de Ministro da Fazenda.
Além dos cargos de deputado, Senador e Ministro, Rui Barbosa concorreu duas vezes à presidência da República. A primeira em 1910, quando foi derrotado pelo Marechal Hermes da Fonseca. Na eleição de 1914 seu nome foi apresentado na convenção de seu partido, mas ele retirou sua candidatura. Em 1919 voltaria a concorrer, no pleito em que foi derrotado por Epitácio Pessoa.
Em 1907, quando é convocada a Segunda Conferência de Paz, em Haia, nos Países Baixos, Rui Barbosa vai chefiar a delegação brasileira, a convite do Ministro das Relações Exteriores, o Barão do Rio Branco. Ele teve uma destacada participação da defesa do princípio da igualdade entre as nações soberanas. Sua brilhante participação na Conferência lhe rendeu o honroso apelido de “Águia de Haia”.
Além de brilhante carreira política, Rui Barbosa de destacou na literatura, com a produção de uma vasta obra.
Literatura

Dono de uma inteligência singular, Barbosa produziu uma vasta obra literária. Parte do seu trabalho literário tinha um cunho político e jurídico, mas a qualidade de seu texto era amplamente reconhecida. Rui Barbosa foi um dos fundadores da ABL (Academia Brasileira de Letras), e ocupou a cadeira número dez. Ele presidiu a Academia de 1908 a 1919.
Confira, abaixo, as principais obras publicadas por Rui Barbosa.
– Visita à Terra Natal
– Figuras Brasileiras
– Contra o Militarismo
– Correspondência de Ruy
– Mocidade e Exílio
– Castro Alves: Elogio do Poeta pelos Escravos
– O Papa e o Concílio
– O Anno Político de 1887
– Relatório do Ministro da Fazenda
– Finanças e Políticas da República: Discursos e Escritos
– Os Atos Inconstitucionais do Congresso e do Executivo ante a Justiça Federal
– Cartas de Inglaterra
– Anistia Inversa: Caso de Teratologia Jurídica
– Posse dos Direitos Pessoais
– O Código Civil Brasileiro, 1904
– Discurso
– O Acre Septentrional
– O Brasil e as Nações Latino-Americanas na Haia
– O Direito do Amazonas ao Acre Septentrional
– Excursão Eleitoral aos Estados da Bahia e Minas Gerais: Manifestos à Nação
– Plataforma
– Ruy Barbosa na Bahia
– O Dever do Advogado
– Problemas de Direito Internacional
– Oswaldo Cruz
– Oração aos Moços
– O Processo do Capitão Dreyfus
Frases
Conheça algumas das frases célebres de Rui Barbosa.
– “Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles.”
– “A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é o maior elemento da estabilidade.”
– “Se os fracos não têm a força das armas, que se armem com a força do seu direito, com a afirmação do seu direito, entregando-se por ele a todos os sacrifícios necessários para que o mundo não lhes desconheça o caráter de entidades dignas de existência na comunhão internacional.”
– “As leis são um freio para os crimes públicos – a religião para os crimes secretos.”
– “A espada não é a ordem, mas a opressão; não é a tranquilidade, mas o terror, não é a disciplina, mas a anarquia não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia, mas a bancarrota.”
– “O ensino, como a justiça, como a administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade, com que se pratica, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe consagrem.”
– “Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela tolerância. Eu não substituo a fé pela superstição, a realidade pelo ídolo.”
Curiosidades
– Em sua homenagem seu nome foi colocado em diversas ruas, avenidas e praças por todo o país;
– No Rio de Janeiro, foi criada a Fundação Casa de Rui Barbosa, localizada no bairro do Botafogo, na casa em que ele viveu. Hoje a fundação, que guarda o acervo de Rui Barbosa, é uma instituição pública vinculada à Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo.
Vida Pessoal
Rui Barbosa casou-se com Maria Augusta Viana Bandeira em 1876 e teve cinco filhos: Maria Adélia, Alfredo Rui, Francisca, João e Maria Luísa.
Ele viria a falecer no dia primeiro de março de 1923, aos 73 anos, em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro.
Genial
O legado literário de Rui Barbosa é inegável, apesar de a escrita não ter sido sua principal atividade ao longo da vida. Ele foi mais um político do que um escritor, mas, independentemente de seu campo de atuação, como jornalista, escritor, advogado, diplomata, político e outras atividades que desempenhou, ele sempre foi brilhante. Foi, sem dúvida, uma das maiores personalidades da história do Brasil.
Vamos reverenciar Rui Barbosa, sua obra literária e toda a sua trajetória de vida, repleta de grandes momentos, digna de uma personalidade genial, à frente do seu tempo.