Jane Austen

A leitura é uma das melhores atividades que podemos desenvolver ao longo da nossa vida. Ler é sempre bom, ainda mais quando nos deparamos com um bom livro, daqueles que você começa a ler e não quer mais parar, que te faz invadir a madrugada, tamanha sua vontade de chegar ao final da história. Quem já experimentou essa sensação sabe do que eu estou falando.

Para termos um livro como o que descrevi acima nas mãos, precisamos ter grandes autores. Escritores que sejam capazes de criar histórias que vão deixar uma marca nos leitores. E temos ainda aqueles que produzem obras mágicas, mais do que escrever livros, deixam uma marca na história da literatura, são os grandes clássicos.

Uma das escritoras que reuniu essa capacidade, escreveu clássicos memoráveis e tornou sua obra eterna foi a britânica Jane Austen, que produziu obras como “Orgulho e Preconceito” e “Razão e Sensibilidade”. Vamos conhecer um pouco mais a história dessa belíssima escritora.

Jane

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A escritora inglesa Jane Austen nasceu na cidade de Steventon, no dia 16 de dezembro de 1775. Era filha de um clérigo, o reverendo George Austen e de sua esposa Cassandra. Jane tinha uma irmã, também Cassandra, e seis irmãos.

Seu pai valorizava a questão da educação e mandou suas duas filhas para Oxford, aos cuidados de uma parente, para estudar, quando as duas ainda eram bem novas. O próprio reverendo Austen aumentava os ganhos da família dando aula particulares a jovens.

Jane adoece, contrai tifo e quase morre, e, em 1783, elas retornaram para casa. Um ano depois vão estudar em The Abbey School, um educandário para meninas localizado na cidade de Reading. No entanto, dificuldades financeiras fizeram com que as duas tivessem que abandonar a escola e completar os estudos em casa.

Desde muito nova Jane se tornou uma grande leitora, provavelmente em razão de seu pai possuir uma imensa biblioteca, rica em títulos. Ela pode ter acesso aos mais variados tipos de livros, em especial os romances e adquirir, ainda muito nova, uma vasta cultura literária, o que terá influência em sua formação e, também, em sua escrita.

Literatura

Com uma vasta biblioteca a sua disposição em casa, que ajudou a ampliar seus horizontes culturais, e dispondo de muita imaginação e talento literário, Jane Austen começa a escrever. Dos 11 aos 17 anos produz diversos textos. Com apenas 14 anos escreve seu primeiro romance, “Amor e Amizade”, que seria publicado em 1790. Além deste, a autora lançaria as seguintes obras:

– Amor e amizade (1790)

Lady Susan (1794)

Razão e sensibilidade (1811)

Orgulho e preconceito (1813)

Mansfield Park (1814)

Emma (1815)

A Abadia de Northanger (1818)

Persuasão (1818)

Os dois últimos títulos só foram publicados após a sua morte.

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Em 1801 Jane muda-se com a família para a cidade de Bath, no sudoeste da Inglaterra. Nessa época ela teria se envolvido com um jovem clérigo, que morreria alguns meses depois. No ano seguinte Jane aceitaria o pedido de casamento de um jovem chamado Harris Bigg-Wither, mas romperia o compromisso no dia seguinte. Ela acabaria não se casando. Não se sabe muito mais sobre a vida sentimental de Jane.

Em 1805 seu pai vem a falecer, deixando a esposa e as filhas em má situação financeira. Elas passam a depender dos irmãos. No ano seguinte ao da morte do reverendo, elas se mudam para Southampton, para ficar com o irmão Frank e sua esposa.

Após alguns anos, em 1809, as três vão morar em uma casa de outro irmão, Edward, na vila de Chawton. Nessa casa Jane viveria os últimos anos de sua vida. Esse imóvel abriga hoje uma casa-museu em homenagem a autora. Um fato interessante sobre ela ela é que não existem imagens de Jane Austen, o único desenho conhecido da escritora foi feito por sua irmã Cassandra, este se encontra em exposição na Galeria Nacional de Arte de Londres.

Outro ponto que chama atenção na carreira literária de Jane Austen é que suas obras foram publicadas de forma anônima, ela assinou um livro como Jane Austen enquanto estava viva. Naquela época, em uma sociedade ainda muito retrógrada e extremamente machista, as mulheres não tinham sua capacidade intelectual reconhecida e respeitada. Somente após a sua morte é que a autoria de seus livros seria reconhecida, por conta de um trabalho de seu irmão Henry.

Em 1816 ela apresentaria os primeiros sintomas da doença de Addison, desconhecida na época e cujo diagnóstico só seria feito muitos anos após a morte da autora. Essa doença se caracteriza por uma produção insuficiente de hormônios esteroides por parte das glândulas adrenais. Essa doença seria a causa de sua morte, em 18 de julho de 1817.

Importância

Jane Austen viveu entre os séculos XVIII e XIX, época em que o papel da mulher não era reconhecido dentro da sociedade, a não ser como mãe e aquela responsável por cuidar do lar. Tanto que ela publicou seus livros de forma anônima, só sendo reconhecida como escritora anos após a sua morte.

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Mesmo vivendo em uma sociedade que não respeitava a independência da mulher, ela ousou escrever e falar de temas como o idealismo romântico, frustrações amorosas, casamento e dependência da mulher. Ela fez uma crítica à sociedade em que vivia e acabou se tornando uma das escritoras mais influentes da história da literatura. Essa importância está retratada em obras como “Orgulho e Preconceito”.

Orgulho e Preconceito

Esse acabou se transformando no livro de maior sucesso de Jane Austen. A história gira em torno de Elizabeth Bennet, uma jovem com uma personalidade forte, diferente do padrão da época para as mulheres. A história se passa no início do século XIX, em uma área rural da Inglaterra, e Elizabeth é uma jovem bonita, cheia de personalidade e muito orgulhosa, o que faz com que sua mãe seja pessimista em relação às possibilidades de a jovem conseguir um casamento.

A trama se desenrola com a chegada dos jovens Bingley e Darcy, solteiros e de boa família ao vilarejo em que vive a família Bennet. Bingley se apaixona pela irmã mais velha de Elizabeth, Jane. Contudo o rapaz vai enfrentar a oposição de sua irmã à relação, em função da moça ser de uma classe social inferior.

Em paralelo Darcy se encanta por Elizabeth, mas também esbarra na questão da diferença social. Elizabeth, por sua vez, enxerga Darcy como uma pessoa arrogante.   Os jovens vivem suas desventuras, mas o amor acaba prevalecendo, não sem antes deixar suas marcas de sofrimento em ambos. Na obra Jane Austen deixa muito clara a questão do preconceito social na Inglaterra daquele período, o papel a que a mulher era relegada, praticamente sem poder de decisão sobre sua própria vida. Esse livro se tornou um clássico da literatura inglesa e mundial.

A obra ganhou várias adaptações para o cinema, televisão e teatro, confira abaixo.

Cinema

– 1940 – com Greer Garson e Laurence Olivier; 

– 2003 – estrelando Kam Heslin e Orlando Seale;

– 2004 – estrelado por Aishwarya Rai, Martin Henderson, Nadira Babbar e Alexis Bledel, uma produção indiana de Bollywood;

– 2005 – estrelando Keira Knightley (indicada ao Oscar por esta produção) e Matthew Macfadyen;

– 2016 – Orgulho e Preconceito e Zumbis, com Lily James

Televisão

– 1980 – estrelando Elizabeth Garvie e David Rintoul;

– 1995 – com Jennifer Ehle e Colin Firth;

– 2012 – estrelado por Ashley Clements, Mary Kate Wiles, Laura Spencer, e Julia Chon – adaptação em formato de vlog;

– 2018 – Orgulho e Paixão, produção da Rede Globo, feito para TV, estrelando Nathalia Dill e Thiago Lacerda

Teatro

– 1936 – estrelando Celia Johnson e Hugh Williams;

– 1959 – foi criada uma versão musical da Broadway, intitulada “First Impressions”, com Polly Bergen, Farley Granger e Hermione Gingold;

– 1995 – Álbum musical com Peter Karrie e Claire Moore;

– 2008 – Outro musical estrelado por Colin Donnell.

Curiosidades

– Em 1797 seu pai apresentou a primeira versão do livro “Orgulho e Preconceito”, escrito por ela, a um editor, que recusou a publicação.

– Embora fosse uma escritora muito talentosa, Jane Austen era de uma época em que as mulheres não possuíam autonomia. Sendo mulher e solteira ela só conseguiu algum sucesso financeiro aos 36 anos, após a publicação de “Razão e Sensibilidade”;

– Diz a lenda que aos 20 anos Jane Austen teria conhecido um jovem, Tom Lefroy, eles teriam se interessado um pelo outro, mas a família do rapaz não aceitava a relação com a filha do reverendo; 

– Existe a versão de que essa paixão por Tom Lefroy a levou a escrever um romance sobre duas irmãs, uma dominada pela razão a outra pela emoção, inicialmente com o nome de “Elinor e Marianne”. Vários anos mais tarde, a história seria publicada em três volumes, com o título “Razão e Sensibilidade”;

– Jane Austen contrariou as temáticas literárias mais comuns para a época, como aventura. Ela preferia criar histórias ambientadas em um universo rural, onde prevaleciam as intrigas e os conflitos familiares e sociais;

– Não existem registros visuais de Jane Austen, somente um retrato feito por sua irmã. Após sua morte os parentes queimaram a maior parte de suas cartas e imagens;

– Diante de rigidez da sociedade da época, sobre as mulheres, Jane teve que aprender tarefas domésticas e outras como costurar e tocar piano;

– Ela deixou um romance inacabado, “Sanditon”, que começou a escrever quando já estava muito doente;

– A morte de Jane Austen não teve a causa de sua morte bem esclarecida à época. Mas tarde os médicos atribuíram seu falecimento à doença de Addison, um distúrbio nas glândulas adrenais.

Frases

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Confira algumas frases de Jane Austen, retiradas de seus livros “Orgulho e Preconceito”, “Emma”e “Razão e Sensibilidade”.

“Metade do mundo não consegue entender os prazeres da outra metade.”

“A felicidade no casamento tem a ver com sorte.”

“Quanto mais conheço o mundo, mais insatisfeita fico.”

“A timidez é apenas o efeito de um sentimento de inferioridade.”

“Devemos rejeitar todas as probabilidades porque não são certezas?”

“Quando você não quer ser convencido de algo, sempre encontra motivos para duvidar.”

“Só pense no passado quando tiver boas lembranças.”

Uma referência

Jane Austen sempre será uma referência para o mundo da literatura, seja pelo talento incomparável como escritora, seja por sua ousadia em derrubar as barreiras do preconceito em relação às mulheres. Nasceu e foi criada em um ambiente em que a mulher não era respeitada como uma pessoa capaz pensar, agir e ser dona de seu próprio destino, mesmo assim ousou escrever histórias que mostravam os dramas familiares e os problemas que as mulheres enfrentavam em razão do tratamento de inferioridade que recebiam naquele momento.

Falou de amor, de preconceito, da subserviência a que a mulher era submetida pelas imposições sociais. Colocou e dedo em feridas da sociedade e retratou esses dramas em seus livros de uma forma magistral.

Poucas autoras ousaram tanto e foram tão longe no mundo da literatura como ela, por isso sua obra permanece viva e assim será, eterna. Um legado que já foi lido por milhares de pessoas por todo o mundo e que ficará para as futuras gerações.

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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