No total, cerca de 18 mil pessoas morreram de câncer de mama em 2019 somente no Brasil. No mundo a estimativa é de que aproximadamente 600 mil pessoas perdem a vida todo ano por conta desse mal.
Estou de volta pessoal, para falar novamente sobre a importância da preservação da nossa saúde e da própria vida. Por isso, depois do Setembro Amarelo, estou aqui para fazer coro a mais uma importante campanha de preservação da saúde, nesse caso especialmente das mulheres: o Outubro Rosa.
Os números mostram que é preciso muito cuidado com a doença e uma forte atuação nas campanhas de prevenção, por isso quero usar esse espaço para falar da importância de estarmos todos juntos nas campanhas do Outubro Rosa.
No Brasil o câncer de mama é o segundo com maior incidência, junto com o de próstata, apresentando uma média de 66 mil casos por ano cada um. O maior vilão, em número de casos, é o câncer de pele não melanoma, com uma média de 177 mil casos registrados por ano.
Por isso é preciso falar do assunto, alertar e mostrar a importância do Outubro Rosa e da atenção que todos devem ter, principalmente as mulheres, com a questão da prevenção.
O que é o câncer de mama?
É um tipo de câncer que acontece por meio do surgimento desordenado de células anormais nas glândulas mamárias, que se multiplicam, levando à formação de um nódulo (caroço). Desta forma origina-se um tumor, que pode ser maligno.
O grande problema do câncer é que, em geral, é uma doença silenciosa, que em muitos casos demora a apresentar sintomas. Por isso a importância dos cuidados que cada pessoa deve tomar para evitar uma surpresa desagradável.
No caso do câncer de mama, os sintomas mais frequentes são o aparecimento de nódulo na mama, alterações na textura do mamilo ou da mama e surgimento de secreção nos mamilos, com sangue. Esse tipo de câncer é comum em mulheres, principalmente acima dos 50 anos. Mas também atinge os homens.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) a estimativa é que surjam aproximadamente 66 mil novos casos de câncer de mama por ano entre 2020 e 2022. É o tipo de câncer que mais atinge as mulheres no Brasil, junto com o de colo do útero. Em números de óbitos, em 2019, ocorreram 18.295 mortes por conta do câncer de mama no Brasil, sendo 18.068 mulheres e 227 homens.
Em todo o mundo o câncer de mama é o segundo em número de ocorrências, com 2,1 milhões de casos registrados, atrás apenas do câncer de pulmão, segundo dados do próprio INCA, de 2018.
Principais causas
Várias são as causas que podem levar ao surgimento do câncer de mama. Diversos fatores podem contribuir para o seu aparecimento, mas ele é mais comum em mulheres com mais de 50 anos, quatro de cada cinco casos ocorrem em mulheres que já passaram dos 50. É importante destacar que a presença de um ou mais dos fatores de risco que vou colocar abaixo não significa que uma pessoa irá obrigatoriamente desenvolver a doença, mas é preciso muita atenção e cuidado.
Confira os principais fatores que podem levar ao câncer de mama:
Fatores ambientais e comportamentais
- Obesidade e sobrepeso
- Inatividade física*
- Consumo de bebida alcoólica
- Exposição frequente a radiações ionizantes para tratamento (radioterapia) ou exames diagnósticos (tomografia, Raios-X, mamografia, etc)
- Tabagismo – há evidências sugestivas de aumento de risco
* Não realizar ao menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana
Fatores da história reprodutiva e hormonal
- Primeira menstruação antes de 12 anos
- Não ter tido filhos
- Primeira gravidez após os 30 anos
- Parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos
- Uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona)
- Ter feito reposição hormonal pós-menopausa, principalmente por mais de cinco anos
Fatores genéticos e hereditários **
- História familiar de câncer de ovário
- Casos de câncer de mama na família, principalmente antes dos 50 anos
- Histórico familiar de câncer de mama em homens
- Alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2
**A mulher que possui um ou mais fatores genéticos/hereditários apresenta risco elevado de desenvolver câncer de mama. Apenas 5 a 10 % dos casos da doença estão relacionados a esses fatores.
Fonte: Instituto Nacional de Câncer (INCA)
A importância da detecção precoce
O câncer de mama, como a maioria, pode ser detectado em sua fase inicial, o que aumenta a possibilidade de realização de um tratamento menos agressivo e com melhores resultados. Por isso todas as pessoas, nesse caso específico principalmente as mulheres, devem ser estimuladas a conhecer o próprio corpo para poder verificar se algo está fora do normal com as mamas. Além disso, é claro, você deve manter consultas periódicas com seu médico, para fazer o devido acompanhamento de sua saúde.
O importante é que, sempre que for detectado algo diferente, deve ser feita a investigação adequada, para verificar se existe algum nódulo. A investigação preliminar pode ser feita pelo exame clínico da mama, com o auxílio de exames complementares como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética. A confirmação de um diagnóstico, contudo, só pode ser feita por meio de uma biópsia, que é a retirada de um pedaço da área que apresenta lesão para a realização de uma análise patológica.
A Organização Mundial da Saúde recomenda que seja feito o rastreamento mamográfico, particularmente em mulheres com idade entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. Esse exame é realizado quando ainda não foram apresentados sintomas da doença, como forma de prevenção e detecção precoce. A mamografia nada mais é do que uma radiografia dos seios, que consegue registrar alterações suspeitas na região da mama antes que os sintomas surjam.
Uma vez detectado, o tratamento do câncer de mama vai depender do estágio em que a doença se encontra (estadiamento) e do tipo de tumor que surgiu. No total existem quatro tipos de estadiamento da doença.
Os estádios I e II são considerados as fases iniciais do câncer de mama e o tratamento mais indicado é a cirurgia. Dependendo do caso, pode ser indicado um tratamento complementar a base de radioterapia. Para evitar riscos de retorno da doença pode ser realizado um tratamento sistêmico após a cirurgia e a radioterapia, se essa tiver sido utilizada.
Estádio III
É o estágio em que os tumores estão maiores, em geral com mais de 5 cm, mas ainda estão restritos à mama. Nesse tipo de caso o mais comum é a realização primeiro de tratamento sistêmico, em geral por quimioterapia, para agir diretamente sobre o tumor. Como o tratamento e a redução do tumor, passa-se para o tratamento local, que seriam a cirurgia e a radioterapia, se houver indicação médica.
Estádio IV
É o caso em que já ocorreu a metástase, o câncer já se espalhou e atingiu outros órgãos do corpo. Nesse caso, o mais importante é buscar o controle da doença e um possível aumento da sobrevida, sempre atentando à qualidade de vida da paciente.
Lembrando sempre que, quanto mais cedo a doença é diagnosticada, maior são as chances de cura.
Outubro é rosa
Como forma de chamar atenção e conscientizar as mulheres e, na verdade, toda a sociedade para a questão do câncer de mama, foi criado o Outubro Rosa. Durante todo o mês de outubro de cada ano são realizados diversos tipos de ação para alertar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce desse tipo de câncer.
Foi na década de 1990 que surgiu o Outubro Rosa, quando a entidade americana Fundação Susan G. Komem for the Cure, lançou o laço cor-de-rosa, que foi distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York em 1991. Desde então essa corrida vem sendo realizada anualmente.
Alguns anos depois, em 1997, entidades que atuam no apoio às pessoas com câncer de mama nas cidades de Yuba e Lodi, nos Estados Unidos, começaram a realizar ações voltadas para a prevenção do câncer de mama no mês de outubro, surgindo aí o Outubro Rosa. Desde então as ações realizadas nesse mês, para a conscientização do problema e prevenção do câncer de mama, ganharam adeptos em vários países do mundo.
No Brasil a primeira campanha do Outubro Rosa foi realizada em 2002. De lá para cá as campanhas ocorrem anualmente em diversos Estados. Além disso, foi adotada a iniciativa de iluminar monumentos com a cor rosa, como reforço das ações. Em 2002 o Mausoléu do Soldado Constitucionalista, o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi o primeiro a ganhar cor. Depois disso, várias cidades adotaram a mesma prática, como Rio de Janeiro, Santos, Porto Alegre, Brasília, Salvador, Teresina, Poços de Caldas e outras. No Rio de Janeiro a estátua do Cristo Redentor, uma das sete maravilhas do mundo moderno, costuma ser iluminada de rosa nesse período.
Prevenção é tudo
As campanhas são muito importantes. Ações realizadas ao longo de um mês inteiro são muito relevantes no combate ao câncer de mama e devem ser intensificadas. Mas, o mais importante é que o assunto seja lembrado e discutido ao longo dos 365 dias do ano. Esse é o tipo de tema que deve estar sempre na ordem do dia.
É preciso falar, discutir e, acima de tudo, incentivar as mulheres para que estejam sempre atentas ao próprio corpo, façam o autoexame, procurem o médico regularmente, façam todos os exames e estejam atentas a qualquer alteração que surja. Esses cuidados podem salvar vidas. Lembrando que os homens também devem estar atentos à questão.
As campanhas têm avançado e são muito úteis, mas o número de óbitos que têm acontecido anualmente ainda é muito alto. É preciso um maior esforço para que possamos mudar definitivamente esse jogo.
Vamos fazer a nossa parte.
Viva o Outubro Rosa!
