Vamos falar de mais um grande clássico da literatura universal, um mestre cuja obra influenciou escritores de todo o mundo como Charles Dickens, Fiódor Dostoievski, Marcel Proust, Émile Zola e o nosso mestre Machado de Assis.
Hora de conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra de Honoré de Balzac.
Primeiros Passos
Honoré de Blazac nasceu na cidade de Tours, na França, no dia 20 de maio de 1799. Filho de Bernard-François Balssa e de Anne-Charlotte-Laure Sallambier. Era o segundo dos seis filhos do casal. O primeiro filho, Louis-Daniel, nascido em 1798 faleceu com um mês de vida.
Seu pai era oriundo de uma família pobre e lutou bastante para ascender socialmente. Sua mãe era de uma família de ricos comerciantes. Era uma jovem de 18 anos quando se casou com Bernard, já um homem que beirava os 50 anos.
Logo após seu nascimento, Balzac foi enviado a uma ama de leite, fato comum à época, quando as famílias de classes média e alta passavam seus filhos a amas de leite para que estas os amamentassem. Ele e sua irmã Laure ficaram quatro anos afastados de casa por conta desse fato.
Ao completar oito anos Honoré foi mandado para o colégio Vendôme, instituição tradicional e de muito rigor na educação. O garoto estudou nesse colégio por sete anos. Com dificuldades de adaptação aos rigores da escola e à rotina de estudos, Balzac foi um frequentador assíduo das salas de castigo.
As experiências vivenciadas por Balzac e por aqueles que o cercavam seriam frequentemente retratadas em suas obras. Essa efervescência fez borbulhar a mente do garoto, que desenvolvia seu intelecto rapidamente. Se a mente era brilhante, fisicamente o jovem frequentemente adoecia e padecia de problemas de saúde.
Sua família se muda para Paris em 1814, quando Balzac estava com 15 anos. Nessa época, além de frequentar escolas, ele teve professores particulares. Nessa fase, vivendo um momento de muita infelicidade, o jovem chegou a tentar o suicídio.
Em 1816, aos 17 anos ele entra para a Sorbonne. Por influência do pai estudou direito e fez estágio em um escritório famoso, de um amigo da família. Após algum tempo Balzac recebeu uma proposta para ampliar seu espaço dentro da assessoria, mas o jovem recusou a oferta. Já estava cheio das questões legais e não queria seguir carreira no direito.
Obviamente a recusa de Balzac gerou uma grande discussão no seio da família, mas os laços familiares acabaram prevalecendo e Balzac seguiu seu caminho longe do direito.
Em 1819 a família deixou Paris, e foi morar nos arredores da cidade, na vila de Villeparisi mas Honoré ficou, morando em um sótão, recebendo algum dinheiro do pai e com uma pessoa para cuidar dele.
Literatura
Em 1820 escreve uma tragédia em cinco atos, “Cromwell”, em versos alexandrinos. Depois, entre 1822 e 1825, publica vários romances, sob pseudônimos. Apesar das publicações, Balzac não estava satisfeito com a sua produção vai para Villeparisi viver com a família. Nessa época conhece Laure de Berny, uma mulher duas décadas mais velha do que ele, casada e com sete filhos. Com a ajuda financeira da família e de Laure monta uma editora, que só vai durar dois anos. Após o fracasso do empreendimento ele volta suas atenções novamente para a escrita.
Na sequência ele publica dois romances, “Les Chouans” e “Fisiologia do Casamento”, tendo como inspiração o escritor escocês Walter Scott. Nessa época escreveu diversos artigos e colaborou com várias publicações.
Em 1833 publica “Eugènie Grandet”, um romance que foi a primeira obra do autor a fazer um grande sucesso e que se tornou um dos principais livros de Balzac.
Nessa época ele tem a ideia de escrever e organizar diversos romances, que se tornariam conhecidos como “A Comédia Humana”, que são um conjunto de 95 romances, separados em três partes. É um retrato fiel da sociedade de seu tempo, particularmente da francesa.
Entre os diversos romances que compõe “A Comédia Humana” estão:
– Les Chouans – 1829
– Sarrasine – 1830
– La Peau de chagrin – 1831
– Le Chef-d’œuvre inconnu – 1831
– Le Colonel Chabert – 1832
– Le Curé de Tours – 1832
– La Fille aux yeux d’or – 1833
– Eugénie Grandet – 1833
– Le Contrat de mariage – 1835
– Le Père Goriot – 1835
– Le Lys dans la vallée – 1835
– A Mulher de Trinta Anos – 1842
– La Rabouilleuse – 1842
– Illusions perdues – 1843
– La Cousine Bette – 1846
– Le Cousin Pons – 1847
– Esplendores e Misérias das Cortesãs – 1847
Em 1842 Balzac publica uma outra obra que se tornaria famosa, “A Mulher de Trinta Anos”, que daria origem ao termo “Balzaquiana”, utilizado para designar mulheres mais maduras, que já passaram dos trinta anos de idade.
Balzac era não só um homem de muita cultura, mas um ótimo observador da sociedade de seu tempo. Tanto que soube retratar de forma sublime a evolução do século XIX na França e na Europa no período posterior à Revolução Francesa.
Esse legado foi eternizado por meio de seus livros e, também, das frases que criou ao longo do tempo.
Frases
– Nunca devemos julgar as pessoas que amamos. O amor que não é cego, não é amor.
– O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo.
– O coração das mães é um abismo no fundo do qual se encontra sempre um perdão.
– Os homens estimam-vos conforme a vossa utilidade, sem terem em conta o vosso valor.
– O ódio tem melhor memória do que o amor.
– Seja no que for, apenas poderemos ser julgados pelos nossos pares.
Vida Pessoal
Honoré de Balzac teve uma vida atribulada. Financeiramente passou por vários reveses por conta dos negócios empreendidos que não prosperaram e resultaram em perdas financeiras.
No campo pessoal teve um envolvimento forte e longo com a polonesa Eveline Hanska. Em 1832 Balzac recebeu uma carta de uma pessoa que se intitulava ‘A Estrangeira’, que depois ela descobriria se tratar da condessa Hanska, que era muitos anos mais velha do que ele, além de ser casada.
Em 1841 o marido de Eveline vem a falecer, o que abre caminho para que ela e Balzac possam se aproximar de forma definitiva. Os dois vão manter um relacionamento e vão se casar em 1850, meses antes da morte de Honoré, que ocorre no dia 18 de agosto.
Escritor brilhante e compulsivo
Honoré de Balzac viveu 51 anos e trabalhou de forma compulsiva, escrevendo diversas obras, que se tornaram um importante legado para a literatura. Sua obra não foi só extensa, foi também brilhante, tanto que viria a influenciar vários grandes autores ao longo do tempo.
A lista daqueles que beberam da fonte de Balzac é grande e de qualidade. Não fosse ele um escritor genial, não teria sido admirado e servido de inspiração para figuras como Dostoievski, Zola e Machado de Assis. Esse é um feito que somente os grandes podem se orgulhar de terem conquistado e Honoré de Balzac alcançou esse patamar. Por isso é preciso conhecer a vida e a obra deste grande nome da literatura universal.