Chegou a hora da poesia e de falar de mais um grande escritor da nossa história, que, aliás, foi não só um grande poeta, foi um tremendo intelectual e, também, um bom jornalista, advogado, ensaísta, tradutor e crítico de cinema.
Vamos conhecer um pouco da vida e da obra do poeta paulista Guilherme de Andrade e Almeida.
História
Guilherme de Andrade e Almeida nasceu na cidade de Campinas, São Paulo, em 24 de julho de 1890, era filho do advogado e professor de direito Estevam de Araújo Almeida e de Angelina de Andrade.
Membro de uma tradicional família do interior paulista, passou a infância entre várias cidades do interior como Araras, Limeira e Rio Claro, além de Campinas, onde estudou no Ginásio de Campinas.
Em 1903 a família muda-se para a capital do Estado e Guilherme vai estudar no tradicional Colégio São Bento e depois no Ginásio Nossa Senhora do Carmo. Na sequência ingressa na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde concluiria o curso em 1912, tornando-se advogado como o pai. Após a formatura chegou a atuar como promotor público nas cidades de Mogi-Mirim e Apiaí.
Guilherme retorna à cidade de São Paulo em 1914 e vai atuar ao lado do pai, como advogado, por alguns anos. Mas, apesar da carreira jurídica promissora, sua paixão eram as letras e a escrita, as quais já começava a se dedicar.
Jornalismo e Literatura
Seguindo sua paixão, Guilherme deixa de lado a advocacia e passa a atuar como jornalista, trabalhando em jornais como ‘O Estado de São Paulo’, ‘Diário de São Paulo’, ‘Folha da Manhã’ e ‘Folha da Noite’. Além das atividades jornalísticas, ele começa a escrever e publicar suas obras. Em 1917 publica seu primeiro livro de poesias, “Nós”. Depois disso, seguem-se uma sequência de publicações, entre livros de poesia, prosa e algumas peças de teatro. Entre suas principais publicações estão:
Poesia
– Nós – 1917
– A Dança das Horas – 1919
– Messidor – 1919
– Livro de Horas de Sóror Dolorosa – 1920
– Era uma vez… – 1922
– A Frauta que Eu Perdi – 1924
– Meu – 1925
– A Flor que Foi um Dia Homem – 1925
– Encantamento – 1925
– Raça – 1925
– Gente de Cinema – 1929
– Simplicidade – 1929
– Carta à Minha Noiva – 1931
– Você – 1931
– Cartas Que Eu Não Mandei – 1932
– Acaso – 1939
– Cartas do Meu Amor – 1941
– Poesia Vária – 1947
– O Anjo de Sal – 1951
– Acalanto de Bartira – 1954
– Camoniana – 1956
– Pequeno Romanceiro – 1957
– Rua – 1962
– Rosamor – 1965
– Sonetos de Guilherme de Almeida – 1968
Prosa
– Théatre Brésilien (em colaboração com Oswald de Andrade) – 1916
– Natalika – 1924
– O Sentimento Nacionalista na Poesia Brasileira – 1926
– Ritmo, Elemento e Expressão – 1926
– Nossa Bandeira e a Resistência Paulista – 1932
– O Meu Portugal – 1933
– A Casa – 1935
– Histórias Talvez… – 1948
– Cosmópolis – 1962
Além das obras que escrevia, Guilherme de Andrade teve uma forte atuação como tradutor, trabalhando na versão de diversas obras, como:
Poesia (traduções)
– Eu e Você – tradução do Toi et Moi, de Paul Géraldy – 1932
– O Gitanjali – de Rabindranath Tagore – 1933
– Poetas de França – edição bilingüe – 1936
– Suíte Brasileira – terceira parte do livro de Luc Durtain Quatre Continents – 1936
– O Jardineiro – de Rabindranath Tagore – 1939
– O Amor de Bilitis – de Pierre Louÿs – 1943
– Flores da “Flores do Mal” – de Charles Baudelaire – 1944
– Festival, de Simon Tygel – 1965
– Os Frutos do Tempo, de Simon Tygel – 1967
Teatro (traduções)
– Entre Quatro Paredes, de Jean-Paul Sartre 1950
– A Antígone, de Sófocles – 1952
– Na Festa de São Lourenço – 1954
– História de uma Escada – 1965
Teatro (traduções inéditas)
– A importância de ser prudente – de Oscar Wilde
– Orfeu – de Jean Cocteau
– Lembranças de Berta – de Tennessee Williams
– Eurídice – de Jean Anouilh
Além de grande poeta, Guilherme de Almeida também se destacou no cenário da literatura brasileira por ter participado como um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 22. Depois foi um dos fundadores da Revista Klaxon, que tinha como objetivo difundir as ideias modernistas e participou da Revista de Antropofagia, periódico idealizado por Oswaldo de Andrade e Raul Bopp.
Além disso, elaborou a capa da primeira edição do livro “Paulicéa Desvairada”, de Mário de Andrade.
ABL
Toda essa efervescência cultural, que Guilherme transbordava, fez dele o primeiro modernista a ser eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1930, para ocupar a cadeira de número 15.
Vida pessoal
Guilherme de Almeida atuou em diversas frentes além da poesia como já foi dito, trabalhando como advogado, jornalista, tradutor, entre outras coisas. Em 1923 ele se casa com Belkiss Barroso do Amaral, conhecida como Baby. Dessa união nasceu um filho, Guy Sérgio Haroldo Estevam Zózimo Barroso de Almeida.
Foi ativo participante da Revolução Constitucionalista de 1932 e teve que se exilar em Portugal por conta da vitória do governo de Getúlio Vargas sobre os paulistas.
Em 1946 o poeta se muda para uma casa, um sobrado, na rua Macapá, no bairro do Pacaembu. Ele chamava a casa de ‘casa da colina’, onde viveu até 1969, quando veio a falecer no dia 11 de julho. Na residência Guilherme de Almeida realizava saraus, onde recebia importantes figuras da cultura brasileira como Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Victor Brecheret, entre outros.
Anos após a sua morte, em 1979 a casa foi transformada na Casa Guilherme de Almeida, passando a pertencer à Secretaria de Estado da Cultura do Governo de São Paulo.
Cultura e talento
Guilherme de Andrade e Almeida era um homem de uma vasta cultura, brilhante como jornalista, advogado, tradutor e poeta. Possuía uma excelente formação cultural, mas, acima de tudo, era detentor de um talento natural para a poesia e essa parece ter sido sua maior motivação ao longo da vida, escrever belas e bem construídas poesias.
Um poeta que merece ser lembrado e apreciado!