A marcante poesia de Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior

Vamos falar mais uma vez de poemas e, como não poderia deixar de ser, de mais um grande nome da poesia brasileira do final do século XIX e início do século XX. Hora de conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra do poeta Afonso Celso de Assis Figueiredo.

 O jovem

Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, nasceu no dia 31 de março de 1860, na cidade de Ouro Preto, à época capital da Província de Minas Gerais. Era filho de Afonso Celso de Assis Figueiredo e de Francisca de Paula Martins Toledo. Seu pai era o Visconde de Outro Preto, que foi o último Presidente do Conselho de Ministros do Império.

Membro de uma família de muita influência no Império, teve uma ótima educação, tanto que aos 20 anos, em 1880, estava colando grau na faculdade de Direito de São Paulo, com a defesa da tese “Direito da Revolução”. Formou-se com distinção.

Ainda novo, aos 24 anos, casou-se com Eugênia da Costa. Além das poesias, Afonso Celso dedicou-se jornalismo e, também, ao magistério. Por mais de 30 anos escreveu para o Jornal do Brasil. Publicou artigos em muitos outros jornais e revistas como o Correio da Manhã, A Tribuna Liberal, A Semana e Renascença.

Como professor deu aula de Economia Política na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, hoje a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde chegou a ser diretor e, posteriormente, reitor da Universidade.

Afonso Celso também teve forte atuação política, tendo sido eleito por quatro vezes consecutivas deputado por Minas Gerais.

Seu primeiro livro, “Prelúdios”, foi publicado em 1876, quando Afonso estava com 16 anos, era uma coleção de poesias românticas. Depois dessa primeira obra, Afonso Celso publicaria vários outros títulos, confira:

– Prelúdios – 1876

– Devaneios – 1877

– Telas sonantes – 1879

– Um ponto de interrogação – 1879

– Poenatos – 1880

– Rimas de outrora – 1891

– Vultos e fatos – 1892

– O imperador no exílio – 1893

– Minha filha – 1893

– Lupe – 1894

– Giovanina – 1896

– Guerrilhas – 1896

– Contraditas monárquicas – 1896

– Poesias escolhidas – 1898

– Oito anos de parlamento – 1898

– Trovas de Espanha – 1899

– Aventuras de Manuel João – 1899

– Por que me ufano de meu país – 1900

– Um invejado – 1900

– Da imitação de Cristo – 1903

– Biografia do Visconde de Ouro Preto – 1905

– Lampejos Sacros – 1915

– O assassinato do coronel Gentil de Castro – 1928

– Segredo conjugal – 1932

Conheça um pouco da poesia de Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior.

Rosa

Rosa colhia sozinha
Lindas rosas no jardim
E nas faces também tinha
Duas rosas de carmim.

Cheguei-me e disse-lhe: Rosa
Qual dessas rosas me dás?
As da face primorosa
Ou essas que unindo estás?…

Ela fitou-me sorrindo,
Ainda mais enrubesceu;
Depois, ligeira fugindo,
De longe me respondeu:

“Não dou-te as rosas das faces
Nem as que tenho na mão:
Daria, se me estimasses,
As rosas do coração.”

Na Fazenda

Dorme ainda a fazenda: ao longo da varanda

Repousa o boiadeiro em couros estendidos;

Desponta no horizonte aurora froixa e branda,

No meio do terreiro um cão solata ganidos.

Mas nisso de repente escutam-se alaridos,

Dum sino que desperta estruge a voz nefanda;

Começam a soar conversas e balidos

E a ordem de rigor que rude aos negros manda!

Chegou a começar das lides e trabalhos,

Ressoam do feitor os brados e os ralhos:

A boiada desfila à porta do curral.

Os pretos esfregando os olhos sonolentos

Levando samburás lá vão a passos lentos

Da porta da senzala ao denso cafezal.

Além dos livros, do magistério e do jornalismo, Afonso Celso fez parte do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, onde ingressou em 1892. Em 1912, com a morte do Barão do Rio Branco, Afonso foi eleito presidente perpétuo do Instituto, que presidiu até 1938.

Afonso Celso faleceu no Rio de Janeiro, no dia 11 de julho de 1938.

ABL

Não bastassem todas as atividades que desenvolvia, de forma brilhante, Afonso Celso foi uma das 30 pessoas que lançaram a pedra fundamental de criação da ABL (Academia Brasileira de Letras), juntamente com figuras marcantes da nossa literatura como Machado de Assis, Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e José do Patrocínio, entre outros.

Afonso Celso presidiu a ABL em duas oportunidades, Primeiro em 1925 e, posteriormente, em 1935.

Curiosidade

Para quem gosta de música e poesia, uma curiosidade interessante é que Afonso é bisavô de Dinho Ouro Preto, vocalista da banda ‘Capital Inicial’, um dos principais conjuntos do chamado “Rock Brasil”, que iniciou sua trajetória musical na década de 1980.

Um grande poeta

O escritor Afonso Celso foi um dos grandes poetas da sua época. Homem de muita inteligência, foi brilhante não só como poeta, mas também como jornalista, professor, acadêmico e político.

Uma figura destacada de seu tempo, que merece muito a apreciação das novas gerações.

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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