A Morte vem de Cima

15 – A nova conversa com Luíza

Na manhã seguinte Luciano e Ricardo se encontraram nas proximidades do prédio de Luíza e Thaís.

– Bom dia, delegado. A Thaís mandou uma mensagem, já está esperando por nós.

– Bom dia, Ricardo. Então vamos subir logo e tentar resolver essa questão o mais rápido possível.

Os dois se identificaram na portaria, aguardaram enquanto o porteiro fazia contato com Dona Luíza para poderem subir. Após alguns minutos tiveram autorização para ir até o apartamento.

– Senhores, bom dia. O que houve agora? – perguntou ela abrindo a porta.

– Bom dia, dona Luíza. – falou Ricardo – Esse aqui é o delegado Luciano, o titular da nossa delegacia.

– Bom dia, dona Luíza. – cumprimentou Luciano – Nós precisamos conversar algumas questões com a senhora a respeito da morte do seu ex-marido.

– Achei que já tinha falado tudo para os inspetores. – disse ela olhando para Ricardo.

– Fui eu que pedi que eles viessem até aqui. – falou Thaís que apareceu atrás da mãe.

–  Como assim. – falou a mulher virando para encarar a filha.

– Eu conversei com os policiais ontem e falei algumas coisas que eu sei e estou me dispondo a ajudá-los na investigação.

A mulher começou a andar de um lado para o outro da sala, estava atordoada, tentando entender o que estava acontecendo.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo afinal. – suplicou ela.

– A Senhora não acha melhor nos sentarmos para conversar? – indagou o delegado, pegando a mulher pelo braço, com a maior delicadeza, e fazendo-a sentar-se no sofá.

– Tudo bem, já estou sentada. Agora, por favor, delegado, me explique o que está acontecendo.

– Bem, dona Luíza. Ontem, depois que os policiais Ricardo e Fernando saíram daqui sua filha conversou com eles e revelou algumas informações sobre o seu marido que são muito importantes para nossa investigação. Por isso estamos aqui, para conversar sobre isso com a senhora.

Luíza encarou a filha tentando decifrar o que se passava na cabeça da menina e o que havia perdido de informação de ontem para hoje.

– Mas o que ela pode dizer para vocês que eu já não tivesse dito? Ela pouco sabe sobre a vida do pai, quase não o via.

– Parece que ela sabe um pouco mais do que parece, dona Luíza. – replicou Luciano.

A mulher voltou a olhar para a filha, que dessa vez se prontificou a falar.

– Mãe, vamos resumir a conversa, pois o tempo é importante para a polícia. Eu sei de muita coisa da vida do papai. Eu me encontrei com ele algumas vezes, sem que você soubesse, e ele me contou sobre a vida dele. Sei o motivo da separação de vocês e ele também me falou algumas coisas sobre os problemas que ele estava enfrentando, que fizeram com que ele tomasse a atitude que tomou.

– Não sei se eu ouvi direito, mas você sabia de tudo? Se encontrava com seu pai pelas minhas costas? É isso? Eu fui traída mais uma vez? Eu não acredito nisso. – falou Luíza, dramatizando a situação ao máximo.

– Não é nada disso mãe. Depois eu posso explicar para você o que aconteceu e como eu acabei descobrindo tudo.

– Eu já não sei o que mais eu quero saber, a cada novidade a situação vai ficando pior. Estou com medo do que mais pode vir por aí. Pelo jeito você é uma ingrata, assim como seu pai. – falou a mãe.

– Calma, dona Luíza. – intercedeu Luciano – Eu entendo que seja uma situação muito delicada para a senhora, mas precisamos que nos ajude para que possamos resolver esse caso. Os inspetores me relataram a conversa que tiveram com a Thaís, acho que ela está sendo bem razoável nessa situação.

– O senhor fala isso porque não é quem está sofrendo na pele.

– Todos nós enfrentamos nossos sofrimentos e provações, mas precisamos seguir em frente e fazer o melhor, o mais correto.

– Vocês falam isso porque não foi com vocês que o Gustavo fez o que fez. – retrucou a mulher.

– Não estou, de forma alguma, diminuindo o que a senhora sente. Entendo que guarde mágoa do seu ex-marido pelo que ele fez com a senhora. Ele não deveria ter feito o que fez, de forma alguma. Agora, gostaria que a senhora olhasse a questão por um outro lado. O senhor Gustavo errou profundamente com a senhora, com sua filha, mas será que isso justifica que alguém o chantageasse de tal forma que o levasse a cometer o suicídio? – o delegado fez uma pausa em seu discurso para observar a reação da mulher antes de continuar – É disso que estamos falando agora, ele cometeu um ato extremo por estar sendo ameaçado por criminosos. Eu tenho certeza de que ele também não merceia isso, ninguém merece.

– Nisso o senhor tem razão. – concordou ela.

– Precisamos descobrir quem fez isso para que essa pessoa pague por seu crime. Sua filha pode nos ajudar, por isso estamos aqui para falar com a senhora. – continuou Luciano.

– Tudo bem, concordo com o senhor. Como podemos ajudar. – falou a mulher finalmente cedendo.

– Bem sua filha tem algumas informações que podem ser a chave para solucionarmos esse crime.

– O que vocês precisam? – falou ela olhando para a filha.

– Eles precisam do meu depoimento. – falou Thaís.

– Depoimento? Por quê? – indagou Luíza.

– Com base no que sua filha nos disser nós vamos tomar algumas medidas de apreensão de equipamentos da empresa em que seu marido trabalhava. Mas, para tomarmos essas medidas precisamos de autorização judicial e isso só vamos conseguir mediante um depoimento formal da sua filha. Sem essa formalidade nenhum juiz vai aceitar nosso pedido. – explicou Luciano.

– Eu que me dispus a prestar depoimento. Quero ajudá-los a descobrir quem fez isso com o papai. – falou Thaís.

– Tudo bem, mas com uma condição. – disse a mulher.

– Qual é a condição? – perguntou Ricardo.

– Primeiro vou consultar o doutor Márcio, o nosso advogado. Se ele disser que está tudo bem ela presta o depoimento.

-Tudo bem, acho justo. – colocou Luciano.

Luíza ligou para o advogado. Eles conversaram por cerca de cinco minutos, depois o homem pediu para falar com o delegado. Luciano explicou todo o contexto para o advogado que, por fim, pediu para falar novamente com Luíza.

– Pois não, doutor Márcio. – falou a mulher.

– Está tudo bem Luíza. Eu conheço esse delegado, ele é muito sério. Acho melhor mesmo ela prestar depoimento. Vocês podem ir para a delegacia com ele, eu encontro vocês lá.

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