14 – Hora de começar a agir
Os dois voltaram para a delegacia. Ricardo consultou seu e-mail, para verificar o material que Suzana havia enviado. Ele imprimiu as folhas e passou para Nando.
– Olha o que eles mandaram. – falou ele.
Nando leu folha por folha, analisando com cuidado cada uma delas, nem eram muitas, quatro no total, mas ele leu com a maior atenção possível.
– Eles devem estar pensando que somos otários. – concluiu Nando após a leitura.
– Só pode ser isso. – concordou Ricardo – Eles acharam que iam mandar esse material, que não acrescenta nada a nossa investigação, e íamos aceitar isso, sem questionar?
– Não vejo outra explicação, estão jogando com a sorte. Mandaram isso aí torcendo para que ficássemos satisfeitos. – disse Nando – E agora?
– Agora vamos conversar com o delegado e ver o que podemos fazer com esses caras. – disse Ricardo
– Vamos nessa.
Os dois pegaram a papelada e foram direto para a sala do Delegado Luciano.
– Entrem, quais são as novidades. – indagou o delegado.
Os dois relataram toda a investigação feita até o momento, as entrevistas no trabalho de Gustavo e com os membros da família, os detalhes de cada conversa e encerraram mostrando os e-mails que a empresa de segurança havia mandado. Luciano ouviu tudo com muita atenção, depois analisou a papelada dos e-mails.
– Bem, vocês fizeram um bom trabalho até aqui, mas parece que tem uma turma aí que não quer cooperar. – falou ele apontando para os e-mails impressos.
– O que vamos fazer agora, delegado? – perguntou Nando.
– Diante do que esse pessoal da empresa fez, com esses e-mails totalmente inúteis e considerando o que vocês ouviram hoje, vamos para cima desse pessoal. – falou Luciano.
– No que o senhor está pensando? – indagou Ricardo.
– Um pedido de busca e apreensão dos computadores da contabilidade dessa empresa, Boa Vigilância. Pretendo fazer uma varredura em tudo, nos equipamentos, na nuvem, botar o pessoal da perícia para trabalhar. Acho que a solução desse caso está aí. Mas para conseguirmos essa busca e apreensão, vou precisar do depoimento da filha do Gustavo. Vocês conseguem trazê-la aqui?
– Acredito que sim. – disse Nando – Ela estava bem-disposta a colaborar conosco. O que você acha? – Nando perguntou para Ricardo.
– Em relação à menina não vejo problema, ela vai gostar de prestar depoimento e ver a coisa andar. Mas, acho que vamos ter que falar com a mãe dela e isso vai ser uma encrenca danada, pois a mãe nem desconfia que ela sabe da história toda. – ponderou Ricardo.
– Vai ser complicado mesmo. – Luciano concordou – Mas é a melhor pista que temos, vale o risco. Vocês não ficaram com o número dela, façam contato e vejam se ela concorda.
Ricardo fez a chamada para o número de Thaís. O policial passou alguns minutos explicando a situação para a menina, depois ouviu por um tempo o que ela dizia, até que falou com Nando e o delegado.
– Ela topa prestar o depoimento, disse que tem a print de um e-mail que o pai encaminhou para ela, que recebeu de alguém com algumas ameaças. Só tem um pedido, que amanhã cedo nós estejamos lá no apartamento delas, para ajudarmos a convencer a mãe de que ela precisa prestar esse depoimento.
– Pode confirmar, marque a hora com ela que estaremos lá. – afirmou o delegado.
– Amanhã eu preciso chegar um pouco mais tarde, delegado, preciso levar minha esposa no médico. – falou Nando após Ricardo desligar o telefone.
– Volto a ligar para ela e remarco para a tarde? – perguntou Ricardo.
– Não, deixe como está. Eu vou com você. – avisou o delegado – Se a mãe ficar muito reticente em concordar, talvez a figura do delegado passe uma segurança a mais para ela.
– Pode funcionar. – concordou Nando.
– Então vamos fazer dessa forma. Nando, você leva sua esposa ao médico, depois vem para a delegacia. Ricardo você me encontra na Tijuca às 9 e vamos conversar com mãe e filha. Enquanto isso vou preparar o pedido de busca e apreensão, assim que terminarmos o depoimento da menina eu entro com o pedido junto ao Juiz. Quero agir rápido antes que esse povo possa destruir qualquer prova. – colocou o delegado.
– É melhor agirmos rápido mesmo, delegado. A julgar pelo que eles mandaram nesses e-mails, já devem estar deletando tudo que for comprometedor. Se bobearmos podemos perder muita coisa. – afirmou Ricardo.
– Eu não pretendo perder nada, por isso já vou pedir acesso à nuvem para verificarmos o que temos lá em relação ao Gustavo, aos colegas de trabalho, à empresa, enfim, tudo. Vamos recuperar tudo o que for possível. Se a garota estiver certa a solução desse caso pode estar nas trocas de e-mail do Gustavo. É o nosso melhor trunfo. – resumiu Luciano.
– Se esse é o nosso melhor trunfo, vamos usá-lo da melhor maneira. – falou Ricardo.
– Hora de agir, pessoal. – concordou Nando.