Eu, Agatha Christie, os livros e o romance policial

Sem dúvida, é muito bom poder escrever e compartilhar com outras pessoas suas ideias, suas histórias, poesias, enfim, o que você produzir em termos literários. É motivo de orgulho para qualquer escritor ver seu livro nas prateleiras das livrarias, sendo lido e comentado pelos leitores.

Além da produção literária, todo escritor é, com certeza, um leitor entusiasmado. Nada melhor do que podermos apreciar um belo e envolvente texto, que nos agrada e nos faz viajar. Como qualquer leitor, temos nossas preferências, nossos autores favoritos, aqueles que nos fazem viajar de uma maneira especial. Eu tenho vários, que procuro ler periodicamente, posso citar aqui Machado de Assis, Jorge Amado, Gabriel García Márquez. Além desses, gosto muito da poesia forte e bem construída de João Cabral de Melo Neto e da escrita de Carlos Heitor Cony, que considero de alta qualidade. São tantos grandes autores que é difícil citar apenas alguns e não cometer várias injustiças.

Como escritor de romances policiais já li diversos autores do gênero como Sir Arthur Conan Doyle, Edgar Allan Poe, Luiz Alfredo Garcia-Roza, Raymond Chandler, Harlan Coben, Rubem Fonseca, Maurice Leblanc, entre outros. Mas, no espaço do mistério, do suspense, do policial, tenho minha grande predileção, aquela autora que guardo com todo o carinho na estante. Já li dezenas de livros dessa escritora e sempre que sobra um tempinho, pego algum para reler, sempre uma agradável releitura. Estou falando da Rainha do Crime, de Agatha Christie.

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Como já falei aqui, nesse espaço, minha relação mais profunda com a leitura e a escrita começa quando mantenho contato com a obra de Christie. O primeiro livro que li dela foi “O Caso dos Dez Negrinhos”, como o livro era chamado na época, lá pelo final dos anos de 1970, início dos anos de 1980. Hoje o livro foi rebatizado e se chama “E não Sobrou Nenhum”. O nome pode ter mudado, mas o fascínio dos leitores pelo livro não. Uma narrativa dinâmica e envolvente criada por ela, que prende a atenção do leitor, que deseja ardentemente chegar ao final e saber quem é o culpado. Uma trama tão intrigante que, em um determinado momento, parece não ter lógica. Mas, ao final, o leitor compreende perfeitamente a construção feita por ela.

Não é à toa que esse livro, publicado pela primeira vez em 1939, ganhou novas edições e é o livro mais vendido da autora, acumulando mais de 100 milhões de exemplares adquiridos pelo público, sendo o livro de mistério mais vendido da história, fazendo parte de um seleto grupo, dos livros mais vendidos de todos os tempos. “E não Sobrou Nenhum” está entre os dez mais de todos os tempos.

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Cabem aqui outros dados interessantes sobre a autora. Seus livros já venderam cerca de quatro bilhões de cópias ao longo do tempo. Em número de exemplares vendidos ela só fica atrás de William Shakespeare e da Bíblia. É a romancista mais bem sucedida da história da literatura. Não é pouca coisa o que ela alcançou com sua obra.

Esse primeiro contato com a literatura de Agatha Christie foi decisivo para mim. A viagem que esse livro de Agatha Christie me proporcionou foi fantástica e muitos outros livros dela vieram depois. E, a cada obra dela que eu lia, mais me encantava com a forma como ela construía a narrativa e organizava o desenlace, sempre me surpreendendo.

Diante dessa admiração pelo trabalho dela e da vontade de escrever e compartilhar minhas próprias histórias surgiu o escritor Carlos Carvalho.

Para mim, o mais importante é que essa relação com a literatura de Agatha Christie se perenizou e eu continuo muito fã do seu trabalho. Sempre penso no que ela fez quando vou escrever um novo livro. É sempre um desafio buscar construir um enredo tão bem amarrado e organizado como ela fazia. Agatha Christie sempre será uma grande referência para o meu trabalho.

Não vou me debruçar, nesse texto, sobre o trabalho da autora, já fiz uma publicação sobre a sua trajetória e sua obra (https://escritorcarloscarvalho.com.br/agatha-christie/), quem quiser conhecer mais sobre ela é só conferir nesse post. Quero falar de uma coisa mais subjetiva, que é justamente a capacidade que os grandes autores, como ela, possuem de influenciar novos autores e futuras gerações. Essa verdadeira magia que a literatura proporciona.

Se hoje muitos garotos pensam em jogar futebol e ser um novo Messi ou Cristiano Ronaldo, porque um jovem escritor não pode sonhar em ser um novo Machado de Assis ou um Gabriel García Márquez. Por que não?

Sonhar é permitido, trabalhar para que isso se torne realidade é possível, então mãos à obra. Que todos possamos escrever e que muitos talentos possam ser revelados. Hoje, mais do que nunca, precisamos de uma injeção de cultura em nossas vidas, especialmente no caso das crianças, que precisam de cultura, de leitura, de muitos livros.

Voltando à Agatha Christie e sua influência sobre o meu trabalho, acredito que a maior lição que ela deixou foi a de que é preciso criar uma história que aponte várias possibilidades para o leitor e que o desenlace seja surpreendente. É a receita que tento seguir em meus livros. 

Agatha fez isso em suas obras. Ela criava o enredo, abria um leque de possibilidades, que deixa o leitor em dúvida sobre a solução do problema e apresentava um resultado surpreendente ao final da história. Era mestre nessa construção literária.

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Entre os livros de Christie que eu considero mais intrigantes e que mais me surpreenderam posso citar cinco: “O Mistério dos Sete Relógios”, “O Assassinato de Roger Ackroyd”, “O Segredo de Chimneys”, “E Não Sobrou Nenhum” e “Um Gato entre os Pombos”. Esses são, para mim, os melhores livros que ela escreveu. Toda a construção feita até chegarmos a um desfecho surpreendente, não posso falar muito para não dar spoiler para quem ainda não leu. Fica a dica de leitura aqui. Mas posso dizer que ela cria verdadeiramente finais surpreendentes, em que o assassino está muito mais próximo do que qualquer um pode imaginar.

Para quem gosta de desfechos inusitados, esses cinco livros são uma excelente dica. Uma constatação que faço na obra dela é que Agatha Christie criou personagens muito interessantes, que se tornaram eternos, como é o caso do detetive belga Hercule Poirot, sua mais famosa criação.

Apesar de ter criado um personagem tão forte, presente em aproximadamente 30 livros que ela escreveu, ela não ficou prisioneira desse sucesso. Escreveu diversos livros em que Poirot não está presente, mas que são ótimas leituras. Dos cinco livros que enumerei acima para vocês, que considero os melhores que ela escreveu, três não têm a presença de Hercule Poirot, “O Mistério dos Sete Relógios”, “O Segredo de Chimneys” e “Um Gato entre os Pombos”.

Ela criou personagens fortes e marcantes, que se destacaram muito no mundo da literatura, mas soube produzir uma variedade de personagens de grande envergadura, e não ficou refém de nenhum deles. Ela se tornou maior que suas criaturas. Sem querer iniciar uma polêmica, na minha opinião o mesmo não aconteceu com Sir Arthur Conan Doyle, que criou um personagem fantástico, Sherlock Holmes, mas acabou preso a este. Nesse caso a criatura ganhou uma dimensão que extrapolou a própria envergadura do criador.

No caso de Agatha Christie, não. Por mais que Hercule Poirot e os outros personagens que ela criou fossem incríveis, como Jane Marple, ela prevaleceu sobre todos eles, tornando-se ela a grande ‘Dama do Crime’, na minha opinião com toda a justiça.

A minha admiração pela autora é muito grande. Por mais livros que eu leia, por mais autores fantásticos que eu venha conhecer, minha estante sempre terá um lugar especial, reservado para ela, Agatha Christie.

Espero que, inspirado por ela, eu possa criar personagens fortes e interessantes como ela fez com tanta maestria, sem me tornar refém deles, é claro. Essa seria uma grande realização como autor. Desde quando comecei a rabiscar minhas primeiras histórias, na infância, utilizando primeiro caneta e caderno, depois a máquina de escrever, ainda não havia computador naquela época, meu sonho sempre foi oferecer ao leitor histórias interessantes, com personagens marcantes e finais surpreendentes. Continuo trabalhando para que isso aconteça, espero que o que fiz até o momento esteja seguindo nesse caminho e que Agatha Christie continue servindo de inspiração. Afinal, escrever romances policiais não foi uma decisão tomada de uma hora para outra. Foi uma construção iniciada na infância e que vem sendo trabalhada ao longo de muitos anos e, sinceramente, espero que meu trabalho venha evoluindo e que, a cada livro publicado, eu possa oferecer algo melhor a você, leitor.

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Agora é hora do nosso papo. Se você já leu algum livro de Agatha Christie, deixe aqui sua opinião sobre ela.

Caso já tenha lido um de meus livros, ficarei muito feliz em ouvir a sua opinião!

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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