Graciliano Ramos um grande clássico da nossa literatura

Um clássico é sempre um clássico e esse sobre o qual vou falar agora é um dos grandes da literatura brasileira e mundial. Ele foi escritor, cronista, jornalista, político e memorialista, um homem de uma capacidade intelectual ímpar.

Dono de uma escrita impecável, foi uma das grandes referências da segunda fase do modernismo brasileiro e marcou sua obra por uma visão pessimista da nossa realidade e dos problemas sociais brasileiros.

Vamos falar de ninguém menos do que Graciliano Ramos

Infância

Graciliano Ramos de Oliveira nasceu no dia 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrângulo, em Alagoas. Era o mais velho dos 16 filhos de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos.

Graciliano passou parte de sua infância em Pernambuco, na cidade de Buíque, indo depois para Viçosa, também em Alagoas, quando estudou em um colégio interno. Já em 1904 publicou seu primeiro conto no jornal da escola, “O Pequeno Pedinte”. No ano seguinte vai morar em Maceió, onde vai fazer o curso secundário em outro colégio interno, o Quinze de Março. Nessa época, pela primeira vez, vai manifestar um interesse efetivo pela literatura e pela língua portuguesa.

Terminado o curso secundário, mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1914, onde trabalharia nos jornais ‘Correio da Manhã’, ‘A Tarde’ e ‘O Século’, atuando como revisor. Em 1915 perdeu os irmãos Clodoaldo, Leonor e Otacília e o sobrinho Heleno, vítimas de uma epidemia de peste bubônica. Ele volta então para Alagoas, para a cidade de Palmeira dos Índios e vai trabalhar com seu pai, que era comerciante na cidade.

Nesse mesmo ano se casa com Maria Augusta de Barros, com quem vai ter quatro filhos. Maria Augusta iria falecer em 1920 por complicações do parto de sua filha, que vai ganhar o mesmo nome da mãe como forma de homenagem.

Permaneceu em Palmeira dos Índios onde iria se aventurar na política, sendo eleito prefeito da cidade em 1928, cargo que ocupou até 1930. Ainda em 1928 se casaria pela segunda vez, agora com Heloísa de Medeiros, com quem teria também quatro filhos.

Em 1930 renuncia ao cargo de prefeito de Palmeira dos Índios, voltando para Maceió, onde assumiria a direção da Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado.

A década de 1930 marcaria a estreia de Graciliano Ramos na literatura e, também, sua aproximação com a militância política, que iria culminar com a sua prisão, em 1936, pelo governo Vargas, sob a acusação de ser comunista. Sua estreia no romance se deu em 1933 com “Caetés”. A prisão, em 36, inspiraria algumas de suas mais importantes e conhecidas obras, “Angústia”, de 1936, “Vidas Secas”, de 1938 e “Memórias do Cárcere”, de 1953, obra publicada postumamente.

Na década de 1940 assumiria a militância comunista, ingressando no Partido Comunista Brasileiro, seguindo Luís Carlos Prestes.

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Literatura

Além de Caetés, Graciliano publicou outras obras de muito sucesso como “Angústia” e “Vidas Secas”. Confira alguns dos principais trabalhos de Graciliano.

– Caetés – 1933

– São Bernardo – 1934

– Angústia – 1936

– Vidas Secas – 1938

– A Terra dos Meninos Pelados – 1939

– Brandão Entre o Mar e o Amor – 1942

– Histórias de Alexandre – 1944

– Infância – 1945

– Histórias incompletas – 1946

– Insônia – 1947

Obras póstumas

– Memórias do Cárcere – 1953

– Viagem – 1954

– Linhas Tortas – 1962

– Viventes das Alagoas – 1962

– Alexandre e outros Heróis – 1962

– Cartas – 1980

– O Estribo de Prata – 1984

– Cartas a Heloísa – 1992

Frases

“Nunca pude sair de mim mesmo. Só posso escrever o que sou. E, se as personagens se comportam de modos diferentes, é porque não sou um só.”

– “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso. A palavra foi feita para dizer.”

– “Quem escreve deve ter todo o cuidado para a coisa não sair molhada. Da página que foi escrita não deve pingar nenhuma palavra, a não ser as desnecessárias. É como pano lavado que se estira no varal.”

– “Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões.”

– “Certos lugares que me davam prazer tornaram-se odiosos. Passo diante de uma livraria, olho com desgosto as vitrinas, tenho a impressão de que se acham ali pessoas, exibindo títulos e preços nos rostos, vendendo-se. É uma espécie de prostituição.”

– “Escolher marido por dinheiro. Que miséria! Não há pior espécie de prostituição.”

– “Ateu! Não é verdade. Tenho passado a vida a criar deuses que morrem logo, ídolos que depois derrubo. Uma estrela no céu, algumas mulheres na terra.”

Curiosidades

– Graciliano Ramos só cursou até o ensino secundário, não fez nenhum curso superior.

– Várias de suas obras foram adaptadas, com sucesso, para o cinema, como “Vidas Secas”, “São Bernardo” e “Memórias do Cárcere”.

– Quando publicou “Angústia”, em 1936, Graciliano estava preso, o original da obra foi entregue à Editora José Olympio por sua esposa Heloísa.

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Prêmios

– Prêmio Lima Barreto (Revista Acadêmica) – Angústia – 1936

– Prêmio Literatura infantojuvenil (Ministério da Educação) – A Terra dos Meninos Pelados – 1939

– Prêmio Felipe de Oliveira – Conjunto da Obra – 1942

– Prêmio da Fundação William Faulkner (Estados Unidos) – Vidas Secas – 1962

– Personalidade Alagoana do Século XX – 2000

– Prêmio Nossa Gente, Nossas Letras / Prêmio Recordista – 2003

– Medalha Chico Mendes de Resistência – 2003

– Escolhido pelo Governo Federal para o PNBE – Memórias do Cárcere – 2013

Vida Pessoal

Graciliano Ramos foi um andarilho. Nasceu no interior de Alagoas, depois viveu na capital, Maceió. Residiu também em Pernambuco e no Rio de Janeiro. Por muitos anos viveu em Palmeira dos Índios, onde chegou a ser prefeito da cidade.

Era de família grande, aliás, bem grande, era o mais velho de 16 irmãos. Também teve oito filhos, com duas esposas, quatro com cada uma. Com Maria Augusta teve Márcio, Júnio, Múcio e Maria Augusta. Com Heloísa teve Ricardo, Clara, Luiza e Roberto.

Sua vida foi marcada pela questão política. Além de ter sido prefeito de Palmeira dos Índios, Graciliano foi ligado ao Partido Comunista Brasileiro, o que motivou sua prisão na era Vargas. O período de detenção renderia material para algumas de suas obras.

O autor falava muito bem inglês e francês e atuou como tradutor, trabalhando na obra “A Peste”, do autor franco-argelino Albert Camus e em “Memórias de um Negro”, do amerciano Booker T. Washington. Ele também foi presidente da Associação Brasileira de Escritores.

Graciliano Ramos faleceu no dia 20 de março de 1953, vitimado por um câncer no pulmão.

Um grande escritor

Graciliano Ramos foi mais um dos maiores escritores da nossa literatura. A qualidade de seus textos impressionava. Era um autor que olhava muito para o ser humano, com uma visão pessimista do mundo, fruto de sua compreensão dos problemas sociais que tanta inquietação lhe causaram e que moveram sua obra.

Ele foi o precursor do realismo crítico, apontando o dedo para os problemas sociais do país e do subdesenvolvimento. Procurou, por meio de sua obra, denunciar os contrastes da sociedade brasileira.

Pessimista, mas genial em sua escrita, assim foi Graciliano Ramos, um dos maiores mestres da nossa literatura. Viveu intensamente a escrita e fez dela um instrumento para apresentar ao mundo as mazelas sociais.

Uma leitura imperdível.

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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