Olá, pessoal, está na hora de mais uma dica de leitura. Então, vamos falar de um livro bem interessante, que volta mais de quatro mil anos no tempo para tratar de um dos maiores mistérios da história antiga, o monumento Stonehenge. O livro, do mesmo nome da construção antiga, escrito por Bernard Cornwell, cria uma narrativa sobre a origem dessa construção, que até hoje não foi devidamente explicada e esclarecida.
Antes de falarmos da obra de Cornwell é bom falar um pouco sobre o que se sabe a respeito dessa antiga construção.
Stonehenge – o monumento
Stonehenge é uma estrutura composta de uma grande quantidade de imensas pedras dispostas em forma de círculos. Algumas dessas pedras chegam a ter mais de cinco metros de alturas e pesas 50 toneladas.
O monumento foi construído na planície de Salisbury, no condado de Wiltshire, no centro sul da Inglaterra.
As datações por carbono 14 apontam que a estrutura de pedra foi erguida há mais de 4 mil anos, mas até hoje não foi possível determinar quem foi o responsável pela construção e qual o motivo do monumento ter sido erguido. Essa dificuldade de identificação do autor da construção e seu motivo, abriu espaço para muitas interpretações sobre a origem de Stonehenge. Diversas teorias apontam que o local seria um cemitério, um centro de cura, um santuário, um espaço de observação astronômica ligada à agricultura (indicavam os melhores períodos para plantação e colheita). Algumas explicações apontam os druidas como responsáveis pela construção de Stonehenge, apesar destes só terem surgido nas ilhas inglesas a partir de 300 a. C. Há uma corrente que aponta os romanos como os verdadeiros construtores, mas os romanos só ocuparam efetivamente a Britânia em 43 d. C.
É possível que muitas outras teorias ainda venham a surgir sobre Stonehenge e talvez nunca saibamos verdadeiramente quem e por que esse monumento foi construído.
Por isso, uma boa narrativa, utilizando os fatos históricos já descobertos, junto com as teorias já levantadas, fechando com uma boa dose de criatividade, seja uma boa receita para um livro interessante. Foi isso que fez Bernard Cornwell, criando uma versão para a história do surgimento de Stonehenge.
Stonehenge – o livro
Cornwell cria sua versão de Stonehenge a partir da rivalidade entre duas tribos, Ratharryn e Cathallo. O autor centra sua narrativa em torno da disputa entre as duas tribos, por ouro, e no confronto dos deuses que são adorados por estas, de um lado Slaol (do Sol) e do outro Lahanna (Lua).
Ratharryn é comandada por seu chefe, Hengall, um líder sóbrio, que procura evitar as guerras. Ele tem três filhos, Lengar, Camaban e Saban.
Seu filho mais velho, Lengar, é um guerreiro, que aposta da guerra e na conquista, por meio da força, como forma de obter poder e riqueza, alimentando sua ambição de se tornar o chefe da tribo. O segundo filho, Camaban, nasceu aleijado, sendo desprezado por Hengall, vai se tornar um grande e temido feiticeiro. Já o mais novo, Saban é o menos ambicioso dos três, só quer viver de forma tranquila, casar-se com a jovem Derrewyn e ter filhos.
A história destes vai se entrelaçar com a da construção de Stonehenge. Hengall mantinha a paz entre Ratharryn e Cathallo, assegurando o equilíbrio entre as tribos. O surgimento de um forasteiro em Ratharryn vai determinar o rumo de toda a narrativa. O estranho chega ferido às redondezas da tribo, com uma grande riqueza em ouro. Ele é visto por Saban e Lengar, que o mata e se apossa do ouro. Saban foge de Lengar e conta ao pai o que ouve. Sem saída, o irmão mais velho desafia o pai pelo ouro, mas é subjugado por Hengall e é expulso da tribo. Ele vai embora, e não esquece o que considera a traição do irmão mais novo. Tempos depois Lengar volta, mata o pai e assume o comando da tribo, transformando Saban em escravo.
Lengar é convencido por Camaban, que já se tornara um feiticeiro e visionário da necessidade da construção de um grande templo que traria mais poder e riqueza para Ratharryn. Na verdade, Camaban acreditava que o novo templo, que seria dedicado a Slaol, traria o fim do inverno, das mortes e a felicidade eterna para o mundo.
Para Camaban somente Saban seria capaz de construir esse templo, por isso convenceu Lengar a poupar o irmão mais novo que é dado como escravo a um comerciante Haragg. Anos depois Camaban trará Saban de volta para realizar o transporte das pedras e a construção do maior de todos os templos da Britânia.
A saga dos irmãos vai definir o destino das tribos, tendo como pano de fundo a construção do mais enigmático monumento da pré-história. A história guarda ainda outras surpresas dentro da narrativa de Cornwell que está plenamente conectada com a realidade daquele período.
Outra reconstrução histórica
Stonehenge é mais uma interessante obra histórica de Bernard Cornwell. O autor escreveu também a trilogia da saga de Arthur na Britânia, em que descreve a ascensão de Arthur e sua luta contra as invasões externas.
Cornwell também escreveu as Crônicas Saxônicas, onde descreve a trajetória do guerreiro Uhtred e o sonho do Rei Alfredo de unificar a Bretanha e criar a Inglaterra.
As narrativas criadas por Bernard Cornwell são muito interessantes, pois ele consegue, de forma muito criativa, misturar ficção com fatos históricos, criando histórias muito completas, bem-acabadas e com bastante verossimilhança.
Por isso sempre vale a pena ler os livros de Bernard Cornwell.
