O Dia do Chacal

Agora me diga, quem é que não gosta de uma trama policial, ainda mais quando ela é bem construída e com um final surpreendente. Esse é o caso do livro sobre o qual vamos falar agora.

Essa é uma trama muito interessante pois mistura ficção e realidade com os ingredientes colocados na medida certa para prender o leitor. A receita funcionou tão bem que a obra foi agraciada com o prêmio Edgar de Melhor Romance de 1972, ano subsequente ao seu lançamento, pela Mystery Writers of America (Associação que reúne escritores de romances policiais).

É um livro que prende o leitor do início ao fim, apesar de ser baseado em um fato histórico, cujo desfecho é conhecido por muitos, essa obra chama a atenção pela narrativa muito bem construída, centrada na caçada ao criminoso. Chegou a hora de falarmos do best seller de Frederick Forsyth, “O Dia do Chacal”.

O atentado contra De Gaulle

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O primeiro ponto interessante dessa história é que Forsyth usa a questão política da França, nas décadas de 1950 e 1960, como base para sua narrativa. Ele explora como ponto de partida os atentados contra o General Charles De Gaulle, então presidente do país, fruto de questões geopolíticas que envolviam a França e suas colônias naquele período. Ele inicía a narrativa descrevendo um atentado real e parte então para uma tentativa fictícia.

Quem conhece a história sabe que De Gaulle não foi assassinado, mas a narrativa criada em torno da tentativa de assassinato envolve completamente o leitor.

A trama de Forsyth começa em 1962 com um atentado contra a vida de Charles De Gaulle, tramado pela Organisation Armée Secrète ou OAS, a Organização do Exército Secreto, um grupo paramilitar francês que agia de forma clandestina e que era contrário à independência da Argélia, antiga colônia francesa na África. O grupo organizou vários atentados contra a vida do general De Gaulle, por este ter reconhecido a independência argelina.

O livro começa descrevendo o fuzilamento do tenente-coronel Jean-Marie Bastien-Thiry, por sua participação no atentado contra De Gaulle, ocorrido em 22 de agosto de 1962. O tenente-coronel foi a última pessoa a ser executada por um pelotão de fuzilamento em território francês.

Essa primeira parte do livro é baseada totalmente em fatos verídicos. A partir do desfecho dessa tentativa frustrada da OAS, Forsyth cria uma narrativa fantástica, mas ao mesmo tempo verossímil.

O Chacal

Após essa tentativa frustrada de assassinato, Forsyth embala a narrativa com a cúpula da OAS decidindo contratar um assassino para matar De Gaulle. Um profissional que trabalha de forma independente e solitária, o que dificultaria as ações de investigação do serviço secreto francês.

Mesmo diante das dificuldades, o serviço secreto francês consegue descobrir a contratação de um matador de aluguel por parte da organização paramilitar. Começa, então, uma verdadeira cassada, para qual é designado o vice-comissário da polícia judiciária francesa, Claude Lebel.

Enquanto Lebel mobiliza toda a força policial francesa para levantar a identidade do assassino, o Chacal, codnome do matador, desenvolve seu plano para alvejar De Gaulle. Os dois lados trabalham com todas as armas disponíveis para atingir seus objetivos: espionagem, tortura, assassinato, enfim tudo que possa levar ao sucesso da sua empreitada.

Diante da suspeita de que o Chacal seria inglês, Lebel passa a contar com o apoio do Superintendente Bryn Thomas, da Seção Especial da Scotland Yard. O Superintendente passa a seguir a pista de um homem chamado Charles Calthrop, que teria participado do assassinato do ditador Rafael Trujillo, da República Dominicana, em 1961. Além disso, os policiais ingleses observam uma interessante coincidência, as três primeiras letras do nome e sobrenome de Charles Calthrop formavam o codnome pelo qual o assassino contratado pela OAS era conhecido, Chacal. As informações sobre Charles Calthrop são repassadas a Lebel que passa a empreender sua busca.

Enquanto isso, o Chacal segue com seus planos, adquirindo documentos falsos e a arma que usaria para matar De Gaulle, eliminando quem tenta cruzar o seu caminho, como é o caso do fornecedor dos documentos falsos que tenta chantageá-lo. Além disso, ele é abastecido de informações sobre os passos do governo francês por meio de uma informante da OAS, que é amante de um coronel da Força Aérea francesa que pertence ao estado-maior do governo do general De Gaulle.

A história apresenta um verdadeiro duelo entre o vice-comissário Lebel, que segue firme a pista de Charles Calthrop, com toda liberdade para investigar. Desconfiado de que o Chacal está obtendo informações ele decide “grampear” diversas autoridade francesas, para descobrir onde está ocorrendo o vazamento de informações, até que consegue chegar ao coronel e bloquear o acesso do Chacal às informações privilegiadas. Mesmo diante desse obstáculo, o Chacal segue em frente, pois seu plano já está traçado. Ele pretende matar De Gaulle no dia 25 de agosto de 1963, quando o presidente faria um aparição pública, no dia em que se comemora a libertação de Paris das forças nazistas na Segunda Guerra Mundial. Nesse dia De Gaulle iria condecorar veteranos da Guerra, a oportunidade perfeita para o Chacal alvejá-lo.

Para atingir seus objetivos o Chacal, assim como Lebel, segue implacável, livrando-se de todos os obstáculos que se interpõe em seu caminho.

Essa perseguição leva a um desfecho surpreendente e emocionante, inclusive quanto a Charles Calthrop, que a polícia inglesa vai descobrir que passava férias na Escócia e, por isso, não poderia estar envolvido em uma tentativa de assassinato do presidente francês.

Lançado em 1971, o livro recebeu excelente crítica e ganhou o prêmio Edgar de melhor romance em 1972, do Mystery Writers of America. Ganhou uma versão cinematográfica em 1973, que também fez grande sucesso. Foi o segundo livro de Forsyth e fez sua carreira de escritor decolar com todo a força.

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O autor

Frederick McCarthy Forsyth nasceu na Inglaterra, em Ashford no dia 25 de agosto de 1938. Estudou na Tondridge School, escola pública inlgesa fundada em 1553. Em seguida frequentou a Universidade de Granada, na Espanha. Em 1957, aos 19 anos, serviu na Royal Air Force, a força aérea do Reino Unido, sendo um dos mais jovens pilotos a integrar a Força.

Começou a trabalhar como repórter no Eastern Daily no ano seguinte. Em 1961 virou correspondente da agência Reuters em Paris. Trabalhou ainda como correspondente nas antigas Tchecoslováquia e Alemanha Oriental.

Em 1965 foi trabalhar na BBC, como repórter de rádio e televisão. Cobriu a guerra de Nigéria – Biafra, conflito ocorrido entre 1967 e 1970, na África. Essa cobertura rendeu seu primeiro livro “A História de Biafra”, 1969. Em 1971 publicaria sua segunda obra, “O Dia do Chacal”, que seria um grande sucesso. Além desses, o escritor publicou outros 21 livros, entre eles podemos citar:

– O Dôssie Odessa – 1972

– Cães de Guerra – 1974

– A Alternativa do Diabo – 1979

– O Quarto Protocolo – 1984

– O Negociador – 1989

– O Punho de Deus – 1994

– O Afegão – 2006

– A Raposa – 2019

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Curiosidades

– O autor foi um dos mais jovens pilotos a ingressar na Royal Air Force britânica com 19 anos;

– Atuou como correspondente em vários países, o que lhe rendeu muita experiência política, que utilizaria muito bem em seus livros;

– Em sua autobiografia ele admitiu que atuou como espião para o MI-6, o serviço de Inteligência Exterior do Reino Unido durante duas décadas;

– Nessas duas décadas em que esteve a serviço do MI-6 atuou em países como Biafra, Nigéria, Alemanha Oriental, África do Sul e Rodésia;

– O filme O Dia do Chacal ganhou uma refilmagem, com algumas adaptações;

– A ideia inicial do segundo filme era produzir um remake do original. As diversas mudanças introduzidas no roteiro geraram uma briga na justiça americana, promovida pelo diretor do primeiro longa, Fred Zinnemann, que queria impedir a utilização do título original. Com isso o segundo filme foi lançado com outro nome, “O Chacal”, protagonizado por Bruce Willis e Richard Gere.

Um suspense interessante e envolvente

O livro “O Dia do Chacal” foi uma bela trama criada por Frederick Forsyth. Eu diria que é um tipo de obra difícil de se fazer pois o final é previsível. Quem conhece minimamente a história sabe que Charles De Gaulle não foi assassinado quando era presidente da França. Esse fato gera um impacto direto no final da história pois logo de cara você sabe que o Chacal não será bem-sucedido em sua empreitada.

Mas ai é que entra a genialidade do autor, construindo uma narrativa tão densa, com um suspense crescente que prende o leitor. Chega-se ao ponto em que o principal não é saber se De Gaulle será morto, mas quem vencerá o duelo o Chacal ou o Comissário Lebel.

Creio que essa é a grande sacada de Forsyth nessa obra. Ele cria um clima de suspense crescente na batalha entre os dois homens e esse fato passa a ser o mais importante da história. O presidente De Gaulle fica em segundo plano, o mais importante, o que todos querem saber é se Lebel vai prender o Chacal ou se esse conseguirá sair ileso. Por isso a narrativa do autor prende o leitor de uma forma impressionante.

Uma bela e intrigante história que eu recomendo para quem gosta de suspense, ação e muitas surpresas e reviravoltas ao longo do texto. Um livro empolgante, como outros do autor, como é o caso de “O Dossiê Odessa”, que li e também gostei muito.

E você? Já leu “O Dia do Chacal”? Mire bem no alvo e deixe aqui sua opinião sobre essa obra.

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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