O Gênero Terror

A literatura nos oferece as mais variadas opções de leitura, em diferentes gêneros e estilos. Podemos identificar, inicialmente, três grandes gêneros literários ao longo da história, conforme as definições clássicas:

– Gênero lírico – são os textos poéticos, de cunho sentimental, onde prevalece a emoção, como é o caso dos poemas, odes e sonetos;

– Gênero narrativo: é quando uma história é contada, com personagens delimitados no tempo e no espaço, como é o caso dos romances, novelas, contos, crônicas, fábulas e epopeias;

– Gênero dramático: são, principalmente, os textos teatrais, que são encenados onde predominam as tragédias, tragicomédias, autos e a comédia. Eu diria que Shakespeare é a maior expressão literária desse gênero.

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Dentro desses gêneros teremos algumas subdivisões, que vão permitir detalhar de forma mais ampla os mais variados tipos de textos que são produzidos, oferecendo ao leitor a opção de escolher aqueles que mais lhe atraem, com os quais mais se identifica.

Não vou falar aqui de todas as subdivisões literárias, ao menos não nesse texto, talvez volte a abordar o tema em outros momentos. Agora vou falar de um tipo literário que, ao longo do tempo, conquistou inúmeros fãs, revelou grandes autores e produziu grandes clássicos da literatura universal como “Frankenstein” e “Drácula”, entre tantos outros. Vamos falar do terror na literatura.

O Terror

As histórias de terror vão surgir baseadas nos folclores, nas lendas locais e nas tradições religiosas, abordando como temas centrais a morte, a premissa na vida após a morte, da existência do mal e da presença de demônios. A partir desses princípios, bruxas, vampiros, lobisomens, fantasmas e outros vão servir de base para as mais variadas histórias que, ao longo do tempo, vêm assustando e entretendo gerações.

Para o mercado literário as histórias de terror sugiram no século XVIII, mais precisamente em 1764 com a publicação da obra “O Castelo de Otranto”, de Horace Walpole. Essa foi a primeira história, um romance moderno, que incorporou figuras sobrenaturais em substituição ao realismo. O enredo envolve o dono do Castelo de Otranto, o príncipe Manfred, que assiste à desestruturação de sua família com a morte de seu filho, Conrad, às vésperas do casamento deste com a jovem Isabella. O objetivo de Manfred com o casamento do filho era preservar a linhagem, uma vez que sua esposa não podia ter mais filhos. Com o casamento para ser realizado, Conrad morre, atingido por um elmo gigantesco que cai sobre ele. Uma situação totalmente misteriosa. A partir daí Manfred, obcecado pela questão da perpetuação de sua linhagem, planeja se separar de sua mulher e casar-se com a noiva de seu filho para garantir a sequência familiar. A história se desenrola com outros fatos estranhos e sobrenaturais. Uma trama que aborda os dramas pessoais e psicológicos, tal qual as narrativas shakespeareanas, mas tendo o sobrenatural como a base da história.

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A história escrita por Walpole foi a primeira obra considerada de terror gótico e que serviria de inspiração para autores como Edgar Allan Poe e Bram Stoker, entre muitos outros. Lembrando que, no século XIX, Allan Poe iria além das histórias de terror, criando as primeiras narrativas de suspense policial, gênero do qual será considerado o precursor.

Outros autores

Depois de “O Castelo de Otranto”, muitos outros autores beberam da fonte de Horace Walpole e passaram a utilizar lendas e questões sobrenaturais em seus enredos. Logo na sequência, seriam publicadas obras como “Os Mistérios de Udolpho”, em 1794, e “Os Italianos”, em 1796, ambos de Ann Radcliffe; “Vathek”, de Matthew Bechford, e “O Monge” de Matthew Lewis, ambos em 1797. O gênero de terror estava definitivamente inaugurado no final do século XVIII.

 As escritoras ganharam papel de destaque nessas primeiras produções, descrevendo, de forma bem real, o sofrimento e o desespero de mulheres confinadas nas masmorras dos castelos medievais. Entre elas uma se destacou no terror gótico, Ann Radcliffe. Em sua obra Radcliffe trabalha com elementos sobrenaturais que, em geral, não têm explicação racional. Entre as principais obras da autora, além dos já citados, estão: “Os Castelos de Athlin e Dunbayne”, “O Romance Siciliano” e “O Romance da Floresta”.

O século XIX vai trazer um grande crescimento do gênero, com o surgimento de autores que se consagrariam e produziriam obras que se tornariam lendárias, entre as quais podemos citar:

– Frankenstein, de Mary Shelley, de 1818;

– O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde (O Médico e o Monstro), de Robert Louis Stevenson, de 1886;

– Drácula, de Bram Stoker, de 1897.

Essas três obras marcaram a literatura universal, e fizeram tanto sucesso que ganharam, ao longo do tempo, diversas versões cinematográficas. Elas consagrariam seus autores, tornando-os eternos.

 Além destes, ainda no século XIX, outros autores produziriam obras de terror que iriam repercutir fortemente no mundo da literatura e se tornariam clássicos como foram os casos de Edgar Allan Poe e Sheridan Le Fanu.

No início do século XX um novo componente iria ajudar a divulgar as histórias de terror, as revistas. Várias publicações especializadas surgiriam, dando aos autores de terror um novo espaço para publicação e divulgação de seus trabalhos. Entre as revistas que fizeram sucesso, podemos destacar a Weird Tales e Unknown Worlds permitiram que escritores como Tod Robbins e H. P. Lovecraft ganhassem destaque.

Outros como M. R. James, Richard Mateson também marcaram o gênero. Depois, já na segunda metade do século XX para cá, muitos outros apareceriam, como Peter Straub, Ramsey Campbell, Brian Lumey, James Herbert, Dean Koontz, Clive Barker e Kitty Norville, além dos consagrados Anne Rice e Stephen King.

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Consagrados

Quando falamos de histórias de terror, precisamos abrir um parêntese para falar de dois autores que se tornaram referência. Primeiro vamos lembrar aquele que fez um imenso sucesso e é sinônimo do gênero, Stephen King. O autor, nascido nos Estados Unidos em 1947, é um dos maiores fenômenos do gênero de terror da história da literatura. Até hoje o escritor já publicou mais de 60 livros, tendo vendido mais de 400 milhões de exemplares. Está entre os 10 autores mais traduzidos do mundo, um sucesso estrondoso.

Várias de suas obras viraram grande sucesso e ele teve muitos de seus livros adaptados para o cinema, a televisão e, até mesmo, para revistas em quadrinhos. Entre os grandes sucessos de King levados para a telona estão, “Carrie”, estrelado por Sissy Spacek e John Travolta e dirigido por Brian de Palma, e “O Iluminado”, dirigido por Stanley Kubrick e com um brilhante Jack Nicholson no papel principal.

Outra grande expoente do terror foi Anne Rice. Nascida nos Estados Unidos, em Nova Orleans, em 4 outubro de 1941, Howard Allen O’Brien adotou o pseudônimo de Anne Rice e fez muito sucesso como autora de livros de terror e fantasia.

No terror ela se destacou e vendeu milhares de exemplares escrevendo histórias de vampiros. Seu livro mais famoso foi “Entrevista com o Vampiro”, que ganharia uma versão cinematográfica com Tom Cruise e Brad Pitt como protagonistas, com direção de Neil Jordan. O filme foi um grande sucesso de bilheteria. Rice também escreveu o roteiro do filme. Ela faleceu em 11 de dezembro de 2021.

Uma leitura que vale muito a pena

Todos esses grandes autores e os números alcançados mostram que o gênero de terror é muito popular e merece muito respeito. É um gênero que tem figurado com destaque no mundo da literatura há mais de dois séculos e sempre com muito sucesso, principalmente entre os jovens.

É uma ótima forma de entretenimento, principalmente para quem gosta de se sentir preso na poltrona, sem vontade de parar de ler ou que não quer levantar pois está com medo das assombrações descritas no livro.

Por isso é uma boa pedida dar uma olhada no que esse tipo de literatura tem a oferecer, você pode se surpreender e virar um grande fã.

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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