Vamos conhecer um pouco mais sobre o perfil do público consumidor de livros no Brasil?
É importante sabermos como anda a realidade do mundo da leitura em nosso país, é uma informação que interessa a escritores, editores, livrarias, leitores e todas as pessoas relacionadas a esse universo. Para tanto, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) encomendou uma pesquisa, “Panorama do Consumo de Livros”, à empresa Nielsen BookData, que esmiuçou os hábitos de consumo do público leitor.
Venha conferir as principais constatações feitas a partir desse levantamento.
A Pesquisa
A pesquisa foi realizada no mês de outubro de 2023, portanto é bem recente e traz um quadro bem atual do universo da leitura no país, buscando identificar o perfil do consumidor(a) de livros no Brasil. No total, foram entrevistadas 16 mil pessoas, com mais de 18 anos, entre os dias 23 e 31 de outubro.
O resultado da pesquisa aponta que 16% da população brasileira comprou ao menos um livro no último ano, o que corresponde a aproximadamente 25 milhões de pessoas. Desses 16% que disseram ter comprado um livro nos últimos 12 meses, 74% apontaram que pretendem voltar a comprar livros nos próximos três meses.
Em termos de quantidade adquirida, 69% afirmaram ter comprado de um a cinco livros no período indicado na pesquisa; 18% adquiriram de 6 a 10 livros; entre 11 e 15 obras foram adquiridas por 5% dessas pessoas; já 8% compraram 16 ou mais livros no mesmo período.
As razões
Entre as principais razões apontadas pelos entrevistados para realizar a compra de um livro estão ‘crescimento pessoal’ e ‘lazer’, o que demonstra que a leitura pode ser usada tanto para o trabalho e a formação assim como para o divertimento.
Sobre a forma de aquisição, 55% preferem a compra online, considerando a conveniência que este canal oferece. Já 40% dos consumidores continuam preferindo a presença física em uma loja como a melhor forma de aquisição. Quem vai a uma livraria para comprar leva muito em consideração a recomendação dos vendedores e as capas do livro, que atraem a atenção do consumidor. As datas promocionais, como Black Friday e Semana do Consumidor, também são citadas como fatores motivacionais para a compra.
A maioria desses consumidores prefere a aquisição do livro físico, 54% afirmaram ter comprado exclusivamente esse tipo de obra. No caso dos livros digitais, 15% disseram ter comprado apenas esse modelo.
Separando por gênero, 56,4% optaram pela não-ficção para adultos; em seguida vem a ficção para adultos com 38,2% da preferência. Os livros científicos, técnicos e profissionais são os preferidos de 17,3% dos consumidores.
A pesquisa aponta ainda que as mulheres são a maioria do público consumidor de livros sendo responsáveis por 57% das compras, enquanto os homens ficam com 43% do total adquirido. Separando por idade, a concentração está na faixa dos 25 aos 44 anos, que representa 46% do universo pesquisado. Em termos de classe social, a predominância está nas classes B e C, que representam respectivamente 39% e 43% do universo de consumidores.
Quando a separação é feita por regiões, a pesquisa aponta que a maioria dos consumidores está nas regiões Sudeste (45%) e Nordeste (28%).
Quando a pesquisa separa por grau de instrução, prevalecem os que possuem o ensino médio completo ou o superior incompleto, que são 42% do total. Os que possuem superior completo são 32%; os que possuem pós-graduação, mestrado ou doutorado são 17% do total.
Como atividade de lazer, a leitura está em segundo lugar na predileção desses consumidores com 44,9% da preferência como diversão. O uso das redes sociais é a preferida desse público, sendo apontado por 50,8% dos consumidores como atividade de lazer mais utilizada.
Não compradores
A maioria da população, 84%, não comprou nenhum livro nos últimos 12 meses. Mesmo assim, 60% dessas pessoas consideram a leitura uma atividade de muita importância e apontam três questões para justificar a não compra de livros no último ano: o preço das obras literárias; a ausência de lojas; e a falta de tempo para a compra.
A pesquisa mostra que essa percepção de que o livro é caro independe da classe social, ou seja, mesmo aqueles das classes mais altas apontam o preço dos livros como um problema.
Sobre a falta de lojas especializadas, as livrarias, as queixas são maiores nas regiões Norte e Nordeste.
Mas, não comprar livros não significa que essas pessoas deixam de ler. Do total dos que afirmaram não ter comprado livros no período, 56% buscaram outra solução como downloads gratuitos, empréstimos em bibliotecas ou com amigos. O recebimento de livros de presente também foi uma alternativa à ausência de compra.
Você pode ter acesso à pesquisa completa acessando o site da CBL, https://cbl.org.br/.
É preciso melhorar
O resultado da pesquisa aponta que temos um universo consumidor de livros de 25 milhões de pessoas. Isso pode parecer muito, e na verdade é, mas o Brasil tem potencial para melhorar muito essa realidade. Se analisarmos somente a quantidade de consumidores, 25 milhões de pessoas é muito, mas, se considerarmos que a população brasileira é de mais de 210 milhões de habitantes, é possível perceber que ainda se consome poucos livros no Brasil.
Para vencermos esse problema, precisamos criar as condições adequadas, como a melhora no nível educacional da população; geração de emprego e condições financeiras para o público consumir; e fortalecendo o hábito da leitura.
Esses fatores conjugados podem fazer com que o Brasil se torne um país com muito mais leitores do temos hoje. É isso que precisa ser feito.
