O Retrato de Dorian Gray e a obra de Oscar Wilde

Um livro que marcou época e se tornou eterno

Oi, pessoal. Estou voltando, com toda a certeza para falar de livros, daquelas dicas que costumo deixar por aqui. E essa de agora é muito especial pois, como leitores, lemos os mais variados tipos de livro. De alguns não gostamos ou gostamos pouco; outros nos prendem e consideramos bons. Tem aqueles que nos tocam e acabamos lendo mais de uma vez. E existem aqueles que são completamente diferenciados, que nos marcam profundamente e que vamos levá-los conosco para o resto das nossas vidas.

Quando um livro consegue provocar esse efeito em você, é porque ele é muito especial, possui uma mensagem marcante e consegue atravessar gerações encantando a vida das pessoas.

Esse livro, sobre o qual vou falar agora, possui essa característica, de ser muito especial. Quando foi lançado, no final do século XIX, provocou um alvoroço na crítica da época, muitos o consideraram indecente para os padrões vigentes, argumentaram que a obra atentava contra a moralidade pública da sociedade.

Felizmente a publicação sobreviveu às críticas e se perpetuou como um grande clássico da literatura universal. Hora de conhecer melhor “O Retrato Dorian Gray”, do escritor e dramaturgo irlandês Oscar Wilde.

O Retrato de Dorian Gray

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Esse livro tem alguns detalhes interessantes. Primeiro foi um livro que foi recebido de forma muito negativa pela crítica literária da época. Segundo porque foi o único romance escrito e publicado por Oscar Wilde, que foi autor de várias peças teatrais e poesias.

Mas, bastou esse romance para fazer de Wilde um escritor diferenciado. É claro que Oscar Wilde merece figurar no Pantheon dos grandes gênios da literatura pelo conjunto de sua obra, mas “O Retrato de Dorian Gray” merece um capítulo especial na vida do autor.

Nesse livro Wilde descreve a vida do jovem Dorian Gray, que pertence à classe aristocrática inglesa. Um rapaz extremamente belo, que se torna amigo do artista Basil Hallward, que se impressiona com sua beleza e que acredita que esta é responsável por sua nova fase como pintor, tendo o jovem como inspiração. Basil resolve pintar um retrato de corpo inteiro de Dorian. Nesse trabalho Basil consegue reproduzir, de forma fiel a essência do jovem. No ateliê do pintor Dorian conhece Lord Henry Wotton, cuja visão de mundo encanta Gray, que passa a achar que a beleza é o grande e mais importante aspecto da vida de uma pessoa. Com base nos pensamentos de Lord Henry, Dorian Gray passa a desejar que seu belo retrato, pintado por Basil, envelheça em seu lugar, para que ele possa se manter eternamente jovem.

Em paralelo Dorian conhece a jovem atriz Sibyl Vane, por quem se apaixona e com quem pretende se casar. Completamente apaixonada por Dorian, Sibyl resolve abandonar o palco para se entregar a seu amor. Mas, para decepção da jovem, Dorian Gray a rejeita por entender que sua grande beleza vinha de sua atuação nos palcos.

Após romper com a jovem, Dorian volta para casa e percebe a primeira alteração no quadro, entendendo que seu desejo se consumou e que as mudanças em sua fisionomia passariam a ser absorvidas pela pintura.

Mais tarde Dorian se arrepende de sua atitude e procura Sibyl para retomar o compromisso, mas já é tarde, pois a jovem havia tirado a própria vida, ingerindo ácido cianídrico. A partir desse momento, transtornado com a morte de Sibyl e movido por sua bela aparência e juventude, Gray direcionada sua vida para a luxuria e os excessos, principalmente após ler um romance francês, cujo nome ele não revela, considerado moralmente indecente. Esse livro lhe foi presenteado por Lord Henry.

Nos anos que se seguem Dorian Gray vai levar uma vida completamente devassa, sempre mantendo a bela aparência, enquanto a imagem de seu retrato vai se deteriorando em seu lugar. Dorian começa a perceber que se tornou um prisioneiro de sua relação com a pintura, preso à vaidade sem fim que o levou a desejar a beleza eterna. Ela culpa Basil por seu infortúnio, já que este pintou o quadro.

A história segue, com muitas reflexões e questionamentos ao comportamento da sociedade inglesa da época. Provavelmente por isso o livro foi tão questionado no momento de seu lançamento.

O final é doloroso e surpreendente. Vale muito a leitura e a reflexão sobre os valores sociais que nos são impostos.

Única obra

Esse foi o único romance de Oscar Wilde, que foi obrigado a defender sua obra de forma vigorosa do ataque dos críticos. O livro foi escrito no final do século XIX e teve duas versões.

“O Retrato de Dorian Gray” foi publicado pela primeira vez em 1890, em forma de capítulos, pela revista ‘Lippincott’s Monthly Magazine, de circulação mensal. Nessa primeira publicação os editores suprimiram diversos trechos do livro, pois temiam que a história fosse considerada indecente para os padrões do momento. Essas supressões foram feitas sem o conhecimento de Oscar Wilde.

A publicação fazia parte de uma estratégia dos editores, que encomendaram novelas a vários autores, para publicação periódica na revista. Além de Wilde, Sir Arthur Conan Doyle e T. P. Gill também escreveram histórias para a revista.

Diante da atitude da editora, de censurar partes do livro, o autor revisou sua obra, que seria lançada em 1891, como um livro, pela editora Ward, Lock e Company. O lançamento causou polêmica e Oscar Wilde teve que defender, de forma enérgica, sua obra, considerada obscena para os padrões morais da época, pois abordava temas como luxúria, vaidade, manipulação do comportamento e homossexualismo.

Felizmente Oscar Wilde e “O Retrato de Dorian Gray” sobreviveram ao bombardeio da crítica e o livro se eternizou, tornando-se um dos grandes clássicos da literatura universal.

O autor

Nascido em Dublin, na Irlanda, em 16 de outubro de 1854, Oscar Filgal O’Flahertie Wills Wilde era o segundo de três filhos do casal William Wilde, médico, e Jane Francesca Elgee, escritora que era partidária do movimento de independência da Irlanda.

De família aristocrática teve boa formação. Estudou na Portora Royal School, na cidade de Enniskillen. Depois foi para o Trinity College, em Dublin. Em 1874 ganhou uma bolsa de estudos na Magdalen College, de Oxford, onde ficou até 1878. Na Magdalen ele receberia o prêmio Newdigate de Poesia, pelo poema “Ravenna”.

Formado Wilde foi morar em Londres, passando a levar uma vida desregrada e anárquica, com atitudes consideradas extravagantes para a época. Tornou-se escritor, poeta e dramaturgo. Wilde produziu e publicou contos, poemas, novelas, peças teatrais e um romance.

A vida de Wilde foi conturbada, ele não foi contestado somente na publicação de “O Retrato de Dorian Gray”. Em 1895 o autor teve que enfrentar o Marquês de Queenberry, que acusou publicamente Wilde de querer ter um caso com seu filho, Lord Alfred Douglas. Para se defender Wilde processou o Marquês, mas não teve êxito. Nesse mesmo ano seria julgado e condenado a dois anos de prisão, com trabalhos forçados, por atentado ao pudor. Nem mesmo a mobilização de setores progressistas da sociedade inglesa e dos ciclos literários de toda a Europa foram suficientes para assegurar a soltura de Wilde e ele cumpriu os dois anos de prisão. Gastando muito dinheiro com os processos judiciais, o autor acabou indo à falência. Nessa época, na Inglaterra, suas peças foram retiradas de cartaz e seus livros foram recolhidos das livrarias. 

No período em que ficou preso, Oscar Wilde escreveu duas importantes obras: “A Balada do Cárcere de Reading” e “De Profundis”, esse um longo texto escrito para Lord Douglas.

Ele ganhou a liberdade em 1897, indo morar em Paris, onde viria a falecer de meningite em 30 de novembro de 1900, deixando um legado de textos e frases que se eternizaram, confira:

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Obras

– Ravenna – 1878

– Vera – 1880

– Niilistas – 1880

– A Duquesa de Pádua – 1883

– O Príncipe Feliz – 1888

– O Rouxinol e a Rosa – 1888

– O Gigante Egoísta – 1888

– O Fantasma de Canterville – 1888

– O Crime de Lord Artur Savile – 1888

– O Retrato do Sr. W. H. – 1889

– O Retrato de Dorin Gray – 1891

– A Alma do Homem sob o Socialismo – 1891

– O Leque da Lady Windermere – 1892

– Uma Mulher sem Importância – 1893

– A Importância de ser Prudente – 1895

– Um Marido Ideal – 1895

– De Profundis – 1897

– A Balada do Cárcere de Reading – 1898

Frases

– “A vida é muito importante para ser levada a sério.”

– “Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal.”

– “Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje tenho certeza.”

– “Um homem pode viver feliz com qualquer mulher desde que não a ame.”

– “A arte nunca exprime nada que não seja ela própria.”

Simplesmente Genial

Oscar Wilde foi genial e revolucionário na maneira de escrever e agir. Como escritor deixou um legado de diversas obras da mais alta qualidade, em especial “O Retrato de Dorian Gray”, uma obra diferenciada, que desnudou a hipocrisia da sociedade inglesa do final do século XIX. Com um texto primoroso, muita contundência e acidez, ele foi capaz de revelar os limites que o ser humano é capaz de atingir para garantir a beleza e o sucesso eternos.

Como pessoa, estava à frente do seu tempo, contestando padrões morais ultrapassados, de uma sociedade que buscava “varrer para debaixo do tapete” suas questões mais complexas. Por essa postura pagou um alto preço, foi preso, cumpriu trabalhos forçados, teve suas obras, livros e peças, retirados de circulação e acabou morrendo muito novo, aos 46 anos. Mas deixou o seu legado, de uma pessoa ousada, livre e contestadora.

Que assim seja. Viva a obra de Oscar Wilde. Viva “O Retrato de Dorian Gray”!

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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