A Morte vem de Cima

12 – De novo com o Coronel

Depois que a Thaís deixou o restaurante os dois policiais ficaram mais alguns minutos conversando.

– O que você achou desse papo? – quis saber Nando.

– Ela nos trouxe um elemento novo, talvez a chantagem nem esteja ligada à questão sexual, mas sim a um trambique profissional. – colocou Ricardo – Vamos ter que conversar com o delegado para decidir qual o melhor caminho a seguir a partir dessa novidade.

– Por hora vamos lá conversar com o Coronel e descobrir por que ele andou mentindo para a polícia. – falou Nando.

– Vamos nessa.

  Dez minutos depois eles estavam entrando no apartamento do Coronel.

– Pois não, inspetor. O que o senhor deseja agora? – indagou o coronel enquanto fazia os policiais entrarem no apartamento.

– Queremos esclarecer um ponto com o senhor, que pode ser importante para a nossa investigação. – colocou Nando.

– Pois não, o que é?

– É uma questão pessoal, mas precisamos esclarecer todos os fatos. – prosseguiu Nando tentando encontrar a melhor forma de fazer a pergunta ao militar.

– Coronel, o que nós precisamos saber é se o senhor tinha conhecimento de que seu irmão era homossexual e por isso se separou da esposa? – emendou Ricardo.

O militar ficou parado por um tempo observando os policiais, decidindo como deveria responder aquela pergunta. Os policiais encararam o coronel, aguardando a resposta. O silencio foi se tornando constrangedor até que o militar decidiu falar.

– O que vocês estão investigando afinal? Do que importa isso? – falou Guilherme já sem esconder a contrariedade – O que importa se ele era ou não era gay?

– Essa questão é primordial para a nossa investigação pois seu irmão estava sendo chantageado e, provavelmente, por conta da questão sexual. – esclareceu Nando.

– E o que eu tenho com isso. – falou o militar, elevando o tom de voz – Para mim pouco importa o que aquele idiota fazia, se ele era gay, se não era. Acabou, ele está morto, então me deixem em paz.

– Nós temos o relato de duas pessoas que afirmam que o Senhor sabia do fato e teve uma briga séria com seu irmão por conta disso. – falou Ricardo.

– E se for verdade? O que isso importa para vocês?

– Se o Senhor sabia que ele era homossexual e o agrediu por conta disso, isso conta. – colocou Nando.

– Só me falta essa, daqui há pouco vão me colocar como suspeito da morte daquele viado. – esbravejou o coronel.

– Era seu irmão. – ponderou Nando.

– Era uma vergonha para a família, isso sim.

– Então o Senhor sabia, ele havia contado que era homossexual? – voltou a perguntar Ricardo.

– Você precisa ficar me lembrando disso?

– Basta o Senhor responder às nossas perguntas e tudo se resolve. – sugeriu Ricardo.

– Quem vocês pensam que são? Vocês estão falando com um coronel do Exército brasileiro. Eu respondo quem eu quiser, a hora que eu quiser. Vocês esqueceram com quem estão falando? – gritou o homem.

– Tudo bem. – falou Ricardo – Nós podemos ir embora e voltar depois, com uma intimação para o coronel prestar depoimento. Lembre-se de que não estamos tratando de uma questão militar.

– Coronel, isso tudo pode ser evitado, basta que o Senhor confirme algumas informações. – Nando tentou mediar a situação.

O militar bufou algumas vezes, andou de um lado para o outro, quando uma mulher entrou na sala. Pela idade devia ser a esposa do coronel.

– Bom dia, Senhores. – cumprimentou ela.

– Bom dia. – devolveram os policiais.

– O que você está fazendo aqui? – resmungou o coronel.

– Por que toda essa gritaria, Guilherme? Por que não fala para os policiais o que eles precisam saber? – falou ela.

– Isso por acaso é da sua conta? – atalhou o marido de forma ríspida.

– Tudo que envolve você é da minha conta. – falou ela de forma muito tranquila – Toda essa situação está fazendo muito mal para você. É melhor falar de uma vez e acabar com essa agonia que você está vivendo.

– Você fala demais, mulher. – protestou Guilherme, já em um tom de voz bem mais tranquilo.

– Sentem-se, por favor. – convidou ela, vendo que estavam todos de pé – Vocês aceitam um café, uma água?

Os policiais se sentaram, agradecendo a oferta, mas estavam mais interessados no que o militar tinha a dizer.

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