Hoje quero falar de algo que precede a cultura e a literatura, quero falar da vida. Isso mesmo, quero falar da vida pois sem ela não existe cultura, não existe literatura, não existe nada. E por que quero falar da vida? Porque o mês de setembro é dedicado à prevenção e conscientização contra o suicídio, é o Setembro Amarelo.
Olá pessoal. Como falei, esse espaço foi criado para falar de cultura, especialmente de literatura. Mas vou me permitir falar de outros temas e espero que vocês participem dessa conversa, pois tenho certeza de que esses assuntos interessam a todos.
O suicídio é um problema que atinge milhares de pessoas em todo o mundo e muitas vidas podem ser salvas se cada um de nós tiver a percepção de que essa é uma questão muito séria e requer toda a nossa atenção. Por isso, nesse texto não vou falar de cultura, mas da vida e de quanto é importante que estejamos atentos ao que acontece ao nosso redor.
O assunto é extremamente grave e conhecendo um pouco o tema podemos tentar entender o que se passa com uma pessoa que convive com essa questão e precisa de ajuda. Esse apoio pode evitar que se perca uma vida por conta de um gesto extremo, tomado por alguém em um momento de desespero e que sozinho não enxerga outra solução, por não receber ajuda no momento adequado.
Para que se tenha ideia do quanto é grave essa questão, as estatísticas apontam que cerca de 12 mil suicídios são registrados todos os anos somente no Brasil. Em todo o mundo mais de 1 milhão pessoas tiram a própria vida a cada ano. Isso significa que a cada 40 segundos alguém se suicida no mundo. No Brasil, entre os anos de 2000 e 2012 houve um crescimento de 10,4% nas mortes por suicídio. Entre os jovens o aumento foi bem maior, da ordem de 30%.
Entre as questões mais comuns que levam uma pessoa a tentar tirar a própria vida estão as doenças mentais, em geral não diagnosticadas a tempo ou não tratadas da forma correta, a depressão, bipolaridade, alcoolismo, abuso de drogas, transtorno de personalidade e esquizofrenia. Outros fatores como o abuso sexual na infância, as doenças incapacitantes, a impulsividade e agressividade e casos de suicídio na família também atuam como causa de uma tentativa de suicídio.
A Origem do Setembro Amarelo
A história que deu origem ao Setembro Amarelo em todo o mundo é triste e foi um acontecimento real, que teve lugar na cidade de Westminster, no Estado do Colorado nos Estados Unidos, em 1994. O caso envolveu a morte do jovem Mike Emme, de 17 anos. Mike era visto pela família e amigos como um garoto carinhoso, que gostava da vida, engraçado e caridoso. Ele adorava seu carro, um Mustang 1968, que ele mesmo restaurou por inteiro e pintou de amarelo.
Ninguém percebeu que o jovem tinha problemas e precisava de socorro. Na noite de oito de setembro de 1994 Mike tirou a própria vida com um tiro, ele estava dentro do Mustang. Quando chegaram em casa, os pais encontraram o jovem morto, dentro do carro, ao lado havia um bilhete “Mãe, pai, não se culpem. Eu amo vocês. Com amor, Mike. 11:45 pm”.
Em seu funeral, os amigos fizeram uma cesta com cartões e fitas amarelas com a mensagem: “Se precisar, peça ajuda”. Os cartões foram distribuídos pela cidade. O caso ganhou notoriedade e se espalhou. Muitos jovens passaram a se utilizar de cartões amarelos para pedir ajuda a pessoas próximas. Desta forma, a fita amarela acabou sendo usada como símbolo do programa que busca ajudar as pessoas que por algum motivo pensam em suicídio.
Essa história foi tão marcante que, em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. A cor amarela do Mustang de Mike foi a escolhida para representar a data.
A questão do suicídio é muito complexa e existem muitas “lendas”, que sempre envolvem o assunto, e que atrapalham a percepção em relação às pessoas que possuem problemas e precisam de ajuda. Confira as questões colocadas e o que existe de verdade sobre o tema na imagem abaixo.
Segundo OMS, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos de idade e a sétima entre crianças de 10 a 14 anos.
No Brasil
No Brasil a campanha do Setembro Amarelo começou em 2015, abrangendo todo o mês de setembro, em razão do dia 10 de setembro ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. A iniciativa da campanha é do Centro de Valorização da Vida (CVV), da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Se no resto do mundo os números de suicídio são graves, no Brasil a situação não é diferente. Aqui o problema é tratado como uma questão de saúde pública e tem aumentado entre os jovens. Os números oficiais apontam que a cada dia 32 brasileiros tiram a própria vida, mais do que as mortes ocorridas por conta da Aids.
Segundo um relatório da OMS, de 2014, o Brasil é o oitavo país onde mais se comete suicídio, ficando atrás da Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Paquistão.
Aqui dentro, o Rio Grande do Sul é o Estado com o maior índice de suicídios, 10,2 por cem mil habitantes. Confira, abaixo os Estados brasileiros com maior incidência de suicídios segundo o Deepask(*).
Números preocupantes
- Cerca de 800 mil pessoas se suicidam a cada ano no mundo;
- Em 2016 o suicídio foi a segunda causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo;
- Para cada pessoa que comete o suicídio, há muito mais pessoas que tentam tirar a própria vida. A tentativa prévia é o fator de risco mais importante para o suicídio na população em geral;
- Do total de suicídios cometidos em todo o mundo 79% ocorrem em países de baixa e média renda;
- Ingestão de pesticidas, enforcamento e armas de fogo estão entre os métodos mais comuns utilizados para cometer o suicídio.
Um problema de todos nós
A questão do suicídio é muito complexa e requer total atenção de autoridades e entidades que lidam com o tema. Mas, é preciso que cada um de nós, cidadãos, estejamos atentos a esse assunto.
Já passou da hora de encararmos a problemática do suicídio como uma questão muito grave e que, como tal, envolve toda a sociedade. Atentar contra a própria vida não é coisa de “maluco”.
É um pedido de socorro de uma pessoa que está enfrentando sérias questões em sua vida e não está conseguindo lidar com elas sozinha. Estender uma mão a quem está vivenciando uma dificuldade pode salvar uma vida. Não nos cabe julgar um gesto extremado de uma pessoa. O que precisamos fazer é ajudar quem precisa.
Então, vamos fazer a nossa parte!