Sir Arthur Conan Doyle, a literatura e o romance policial

Estou de volta pessoal, agora para falar sobre romances policiais. É sempre bom navegar nesse universo, eu pelo menos adoro, é sempre uma inspiração. Muitas pessoas consideram as histórias policiais um gênero de menor importância. Na minha opinião não existem gêneros melhores ou piores, existem livros bons, muito bem escritos e livros ruins.

Pouco importa se é poesia, romance, conto, romance policial ou o que for, o importante é que você leia e goste. Então, voltando ao nosso assunto, quando você observa os grandes escritores de romance policial da história não é possível afirmar que esse gênero é menos importante.

Como dizer que Edgar Allan Poe e Agatha Christie fizeram uma literatura menor?

E agora vou falar de um escritor que se notabilizou por suas histórias policiais. Mais do que isso, por ter criado um dos mais famosos personagens não só dos contos policiais, mas literatura em todos os tempos, afinal de contas, qual o leitor(a), ou melhor, que pessoa nunca ouviu falar de Sherlock Holmes e seu inseparável companheiro Dr. Watson?

Pois então vamos falar sobre Sir Arthur Conan Doyle.

O começo de tudo

Arthur Ignatius Conan Doyle nasceu na cidade de Edimburgo, na Escócia, em 22 de maio de 1859, era o filho mais velho de Charles Altamont Doyle e de Mary Foley Doyle.

A família de Arthur, por parte de pai, era de artistas, seu pai era pintor e ilustrador, além de funcionário público. Seu avô foi cartunista e três de seus tios também eram artistas. Sua mãe era amante da leitura e adora contar histórias para seu filho. Essas histórias tiveram grande influência sobre Arthur e seu amor pela literatura, como ele mesmo reconheceria, “tenho certeza, olhando para trás, que foi tentando imitar essas histórias da minha infância que comecei a criar sonhos sozinho.”

A família, muito católica, enviou o menino para a Inglaterra, para estudar em um colégio jesuíta, Hodder Place, em Stonyhurst, em Lancashire. Arthur estava com nove anos e estudou no colégio de 1868 a 1870. Em seguida foi para o Stonyhurst College, onde estudou por cinco anos. A experiência no internato foi traumática para ele, pois foi alvo de bullying, por parte dos colegas, e sofreu com as punições impostas pela instituição aos estudantes. Nesses momentos Conan Doyle buscava refúgio em seus escritos e conquistou um bom público entre os alunos mais jovens. 

Em 1876 Arthur ingressou na faculdade. Vindo de uma família de artistas, os pais esperavam que ele também fosse estudar artes, mas ele surpreendeu a todos indo cursar medicina na Universidade de Edimburgo, de onde sairia formado em 1881. Nos anos seguintes Arthur exerceria a profissão de médico, mas sem muito sucesso. Se a carreira médica não lhe rendeu frutos, pelo menos para uma coisa a Universidade de medicina foi decisiva na vida do autor, foi na faculdade que ele conheceu o cirurgião e professor Joseph Bell, que seria seu mentor e em quem Arthur se basearia para criar um dos maiores personagens da história da literatura, Sherlock Holmes. Os métodos de análise a dedução do Doutor serviram de grande inspiração na criação de seu detetive.

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Vida pessoal

Em 1885 Arthur se casa pela primeira vez, com Louisa Hawkins, que era conhecida pelo apelido de “Touie”. Com ela teve dois filhos, Mary Louise, nascida em 1889, e Arthur Alleyne Kingsley, que nasceu em 1892. “Touie” sofria de tuberculose e acabaria falecendo em 1906. No ano seguinte, em 1907, ele voltaria a se casar, agora com Jean Elizabeth Leckie e teria mais três filhos, Denis Percy Stewart, em 1909; Adrian Malcolm, 1910; e Jean Lena Annette, 1912.

Além da morte de “Touie”, Conan Doyle viveu outro drama pessoal, a morte de seu filho Arthur. Kingsley, como era conhecido seu filho, seguiu os passos do pai e foi estudar medicina. Interrompeu os estudos em 1914 para servir no exército Britânico, sendo ferido em batalha, em 1916. Dois anos depois, em 1918, durante a epidemia da gripe espanhola, ele contrairia pneumonia e viria a falecer. Após esse trágico acontecimento, Arthur, pai, sofreu uma forte crise emocional e acabou se aproximando do espiritismo.

Carreira Literária

Como a maioria dos autores, Arthur Conan Doyle viveu algumas frustações no início da carreira, na tentativa de lançar suas histórias. Finalmente em 1887 ele consegue publicar sua primeira história “Um Estudo em Vermelho”, na revista Beeton’s Christmas Annual, apresentando ao mundo o detetive Sherlock Holmes e seu amigo Dr. Watson.   

Com a boa aceitação dos leitores, ele conseguiu publicar a segunda história, “O Signo dos Quatro”, agora na revista Lipincott’s Magazine, em 1890. No ano seguinte ele publica uma nova história “Um Escândalo na Boêmia”, na revista Strand Magazine e começa a pavimentar o sucesso de Holmes.

Nesse período, além das aventuras de Sherlock, Doyle escreveu outros tipos de história como “A Companhia Branca”, “As Façanhas do Brigadeiro Gerard” e “Micah Clarke”. A essa altura, com o sucesso literário que crescia, ele abandonaria definitivamente a medicina para se dedicar exclusivamente à literatura. Na medida que o sucesso de Sherlock Holmes crescia, Arthur se via obrigado a escrever novas histórias do detetive e seu fiel escudeiro Dr. Watson. O sucesso do detetive de certa forma incomodava Arthur Conan Doyle, que queria continuar escrevendo outros tipos de história.

Em 1891 ele escreveria para sua mãe relatando a intenção de matar Sherlock, pois ele mantinha o pensamento de Arthur afastado de relatos que ele considerava mais interessantes. Em resposta sua mãe teria dito que ele deveria fazer o que achasse melhor, mas que “o público não aceitará essa atitude em silêncio.” E sua mãe estava coberta de razão. Em 1893, no conto “O Problema Final”, Arthur providenciou a morte de Holmes e de seu maior inimigo, o professor Moriarty, em duelo ocorrido nas cataratas de Reichenbach, na Suíça. A morte do já celebre detetive gerou grande impacto no público, que não se conformou com o trágico fim de Sherlock Holmes. Diante de tantos protestos, Arthur foi obrigado a voltar atrás e “ressuscitar” Holmes, em 1903, no conto “A Casa Vazia”. Sherlock Holmes retornava do “mundo dos mortos” para se tornar um imortal da literatura.

Arthur Conan Doyle continuaria a produzir outras histórias, mas Sherlock Holmes seria figura constante em seu trabalho, aparecendo em nada menos do que 60 histórias.

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Confira os principais trabalhos do autor

  • Um Estudo em Vermelho (1887)
  • O Signo dos Quatro (1890)
  • Um Escândalo na Boêmia (1891)
  • O Mistério do Vale Boscombe (1891)
  • As Aventuras de Sherlock Holmes (1892)
  • Ritual Musgrave (1893)
  • O Problema Final (1893)
  • O Arquivo Secreto de Sherlock Holmes (1902)
  • O Cão dos Baskervilles (1902)
  • A Volta de Sherlock Holmes (1905)
  • O Mundo Perdido (1912)
  • O Detetive Moribundo (1913)
  • O Vale do Terror (1915)
  • A Vampira de Sussex (1924)

Ligação com o espiritismo

Arthur Conan Doyle manteve intensa relação com o espiritismo. Seu primeiro contato com a doutrina espírita se deu em 1887, por meio de um paciente que dizia conversar com o falecido irmão.

A ligação se intensificou a partir de 1917 e Arthur passa a fazer conferências espíritas, trabalhando fortemente em favor da doutrina. Viajou por vários países, entre eles Suécia e Noruega, fazendo suas palestras. 

Condecoração 

Arthur Conan Doyle foi condecorado pelo Rei Eduardo VII com o título de “Sir”, por seus serviços prestados ao Reino Unido, particularmente durante a Guerra dos Bôeres, confronto ocorrido na África do Sul, entre os colonos, holandeses e franceses, e o exército britânico, que tentava se apoderar das minas de ouro e diamante existentes no país africano.

O escritor atuou na linha de frente como cirurgião, ganhando muitos elogios por sua coragem e determinação no socorro aos feridos. Além disso, escreveu o texto “A Guerra na África do Sul: Causa e Conduta”, em que justificava a participação do Reino Unido nesse conflito.

Curiosidades

  • Conan não era o sobrenome do autor, ele passou a usá-lo na escola e o manteve;
  • Ele se envolveu tanto com paranormalidade, espiritismo e magia que acabou se tornando amigo do ilusionista Harry Houdini, também ligado ao espiritismo;
  • Jogou futebol no Portsmouth Association Football Club, um time amador, atuando como goleiro. Também foi jogador de críquete;
  • O autor nasceu no dia 22 de maio, assim como o compositor Richard Wagner, o ator Laurence Olivier, o cantor Morrissey, a modelo Naomi Campbell e o tenista Novak Djokovic;
  • Ele costumava jogar críquete com James Matthew Barrie, dramatrugo e escritor que criou Peter Pan;
  • Sherlock Holmes ganhou milhares de fãs ao longo dos anos, mas o próprio Arthur Conan Doyle não era um deles, tanto que decidiu matá-lo, sendo obrigado a “ressuscitá-lo” depois, por conta da pressão dos leitores; 
  • Arthur Conan Doyle não foi nomeado cavaleiro, pelo Rei Eduardo VII, em 1902, por conta do sucesso de Sherlock Holmes. Ele ganhou o título por conta de sua participação na “A Guerra dos Bôeres”;
  • Sir Arthur Conan Doyle morreu do coração no dia em 1930. Sua esposa estava ao seu lado e suas últimas palavras foram para ela: “Você é maravilhosa”.

Últimos anos de vida

Arthur foi duramente atingido pela morte de seu filho, em 1918, e de outras pessoas da sua família. Nos seus últimos anos de vida se dedicou a estudar o espiritismo, de quem foi grande divulgador. Ele faleceu no dia sete de julho de 1930, aos 71 anos, após sofrer um ataque cardíaco.

Sua importância para o mundo da literatura foi tão grande que foi erguida uma estátua em sua homenagem na cidade de Crowborough, onde viveu os últimos 23 anos de vida e onde veio a falecer. Em Edimburgo, onde o escritor nasceu, existe uma estátua de Sherlock Holmes, próximo à casa onde ele viveu seus primeiros anos.

Um legado eterno

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É difícil dimensionar a importância de Sir Arthur Conan Doyle e de sua mais importante criação, Sherlock Holmes, para a literatura universal. Ele criou uma obra vasta e diversa, mas acabou se consagrando por conta do detetive. Holmes se tornou uma das figuras mais conhecidas no mundo literário, atingiu as telas da TV e do cinema. Uma personagem que venceu o tempo, superou até mesmo a morte, pois quando Conan Doyle decidiu matá-lo, a revolta do público foi tão grande que o autor teve que trazê-lo de volta à vida.

Isso não é pouca coisa, criar um personagem que atinge uma fama gigantesca, como foi o caso de Holmes. Pelo conjunto de sua obra, mas, é claro, especialmente por causa de Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle está no Olimpo dos grandes escritores da história.

Nós fãs de romance policial agradecemos muito pela notável criação, um legado inestimável para a eternidade, “elementar meu caro Watson!”. 

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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