É sempre um grande prazer falar de um escritor que é considerado um clássico, ou seja, um mestre da literatura universal. É bom falar desses autores e, também, ler os livros maravilhosos que eles escreveram, que venceram o tempo e se perenizaram como as maiores obras literárias da história.
Ler os livros dos melhores escritores da história é enriquecer culturalmente, é embarcar na melhor de todas as viagens que podemos fazer, a viagem literária.
No caso desse autor que vamos falar agora, não é possível discutir literatura sem falar dele, afinal de contas, esse escritor e dramaturgo foi um dos maiores da história. Criou obras que se tornaram lendárias e que até hoje são lidas, apreciadas e transportadas para o cinema e o teatro com imenso sucesso, tal é a qualidade da sua obra. Basta dizer que ele é o autor que mais vendeu livros na história da literatura e, também, é o mais citado de todos os tempos quando o assunto é literatura.
Para que se tenha ideia de seu brilhantismo, somente a bíblia vendeu mais exemplares do que o nosso autor.
Ser ou não ser um grande clássico da literatura, eis a questão. Então, vamos descobrir falando sobre William Shakespeare.
Vida Pessoal
William Shakespeare nasceu na Inglaterra, em Stratford-upon-Avon, em 23 de abril de 1564. Era filho do comerciante John Shakespeare, que foi subprefeito de Stratford, e de Mary Arden, foi o terceiro filho de oito que teve o casal. Na verdade, existem algumas dúvidas sobre sua data de nascimento. A data considerada foi 23 por conta de uma tradição existente à época que era o costume das famílias batizarem seus filhos três dias após o nascimento. No caso de Shakespeare, se não existe uma certidão de nascimento, sua certidão de batismo é datada de 26 de abril de 1564.
Na infância, o jovem William teve uma vida tranquila e estudou em boa escola, até que ocorreu o declínio financeiro da família e ele teve que abandonar os estudos para ajudar no sustento do lar. Por conta desse fato o autor só possuía uma formação colegial e mesmo assim incompleta.
Shakespeare casou-se muito jovem, aos 18 anos, com Anne Hathaway, que estava grávida. Eles tiveram 3 filhos, Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. São muito poucos os registros sobre a vida pessoal de Shakespeare, o que sempre gerou muitas especulações e lendas sobre os mais diversos aspectos como seria sua aparência, suas crenças religiosas e, até mesmo, suas preferências sexuais. As lacunas existentes na história de vida de Shakespeare sempre levaram a muitas especulações.
Praticamente nada se sabe sobre o que ocorreu com o autor entre os anos de 1586 e 1592, quando ele surge na cena teatral de Londres. A versão mais comum é que nessa fase da vida, ainda residindo em Stratford, ele teria se envolvido com más companhias e teria sido obrigado a abandonar a família e a cidade, indo parar em Londres.
A literatura
William Shakespeare chega a Londres num momento em que a Inglaterra vivia um período muito promissor no contexto cultural e artístico, sob o reinado da rainha Elizabeth I (1558 – 1603). Nessa época o teatro ganha grande importância, contando com o grande incentivo da rainha, uma apreciadora da arte e da cultura.
Em 1594 Shakespeare passa a fazer parte da Companhia de Teatro de Lord Chamberlain, que anos depois passaria a se chamar King’s Men, em homenagem ao rei Jaime I. Mais tarde ele se tornaria sócio da companhia Globe Theatre.
A partir da década de 1590 Shakespeare inicia sua produção literária, escrevendo principalmente peças teatrais. Muitos estudiosos de sua obra costumam dividir seu trabalho na dramaturgia em três fases, que vão acompanhando seu amadurecimento como homem e, também, como autor. No total o legado de sua obra compreende a produção de 37 peças teatrais, dois poemas narrativos, muito longos, e 154 sonetos. As peças são 17 comédias, 10 dramas e 10 tragédias.
Primeira Fase
A primeira fase do autor vai aproximadamente de 1590 a 1602. Basicamente esse momento marca sua chegada a Londres e seus primeiros anos na capital, descobrindo um novo mundo. Nesse período ele escreve peças históricas, comédias e algumas tragédias em estilo renascentista. Dessa primeira fase podemos destacar:
– Titus Andronicus (1590)
– A Comédia dos Erros (1591)
– Henrique IV (1592) (a primeira peça da história inglesa)
– Ricardo III (1592)
– A Megera Domada (1593)
– Henrique III (1593)
– Romeu e Julieta (1594)
– Ricardo II (1595)
– Sonho de Uma Noite de Verão (1595)
– Rei João (1596)
– O Mercador de Veneza (1596)
– Henrique IV (1597)
– Love’s Labour’s Lost (1598)
– Henrique V (1598)
– Muito Barulho Em Torno de Nada (1598)
– Como Você Quiser (1599)
– As Alegres Comadres de Windsor (1600)
– Júlio César (1600)
– Hamlet (1601)
– Noite de Reis (1602)
Já nessa primeira fase Shakespeare produziria algumas de suas principais obras, que se tornariam lendárias, como “Romeu e Julieta”, “Sonho de uma Noite de Verão”, “O Mercador de Veneza”, “Júlio César” e “Hamlet”.
Segunda Fase
O segundo período da produção shakespeariana marca uma predominância dos textos trágicos. É nessa época que ele se torna sócio do Globe Theatre. Entre os diversos trabalhos produzidos nesse período, merecem destaque:
– Tudo Está Bem Se Acaba Bem (1603)
– Medida Por Medida (1603)
– Otelo (1604)
– Macbeth (1606)
– Rei Lear (1607)
– Antônio & Cleópatra (1607)
– Coriolano (1607)
– Cymbeline (1610)
Terceira Fase
A última fase da sua carreira vai de 1610 até sua morte, em 1616, e mostra um Shakespeare num momento menos trágico, mais maduro e conciliador, com destaque para:
– A Tempestade (1611)
– Henrique VIII (1613) (escrita em parceria com John Flecher).
Algumas dessas peças se tornaram eternas e constantemente ganham novas versões para o teatro e, também, para o cinema, como a tragédia “Romeu e Julieta” que marca o amor proibido de dois jovens que estão separados pela rivalidade existente entre as famílias.
Outra peça que merece destaque é “Hamlet”, que descreve as dúvidas de um jovem e solitário príncipe entre a execução de uma vingança ou o exercício do sentimento de piedade. É neste trabalho que Shakespeare apresenta ao mundo a frase que se tornaria uma das mais famosas da história da dramaturgia, “Ser ou não ser, eis a questão”.
Outro texto que podemos citar é “Macbeth”, considerada por muitos a obra mais trágica de todo seu trabalho, onde Shakespeare expõe os limites da ambição, do remorso e da culpa que o ser humano é capaz de carregar.
Já em “Otelo” o autor aponta, além dos limites da ambição, a ganância pelo poder e a capacidade do ser humano de exercer traição como forma de atingir seus objetivos.
São obras do autor que venceram o tempo e ser tornaram eternas, sendo constantemente sendo reproduzidas.
Frases
Shakespeare também foi um grande criador de frases que se tornaram famosas ao longo do tempo, confira algumas das mais famosas frases cunhadas pelo autor:
“Ser ou não ser, eis a questão”
“O amor é a única loucura de um sábio e a única sabedoria de um tolo.”
“Herege não é aquele que arde na fogueira e sim aquele que a acende.”
“Eu aprendi, que ninguém é perfeito, até que você se apaixone por essa pessoa.”
“Somos feitos da mesma matéria que nossos sonhos.”
“O destino é o que baralha as cartas, mas nós somos os que jogamos.”
“Aprendi que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos.”
Curiosidades
– Diferentemente da maioria dos artistas e escritores de sua época, Shakespeare ficou famoso e ganhou muito dinheiro ainda em vida. Com o que faturou com suas peças ele chegou a comprar uma das maiores casas de sua cidade natal, Stratford;
– O nome da sua esposa era Anne Hathaway, homônimo da famosa atriz de Hollywood. Na época o casamento foi muito criticado pois Anne era oito anos mais velha que Shakespeare e ainda estava grávida quando eles se casaram;
– Shakespeare teve três filhos de seu casamento com Anne Hathaway, mas sua descendência se extingue em 1670, com a morte de sua neta Elisabeth;
– Outro mistério que cerca a vida de Shakespeare diz respeito exatamente a seu nome. Existem registros de sua assinatura com sendo Shakspere, Shappere, Shakespe, entre outras. Mas não há registro de que sua assinatura seja William Shakespeare, como se usa atualmente;
– Os textos de Shakespeare eram, em geral, muito extensos e, muitas vezes, precisavam ser resumidos para adaptações para o teatro e o cinema. Se fosse representada na integra Hamlet, sua peça mais longa, levaria quatro horas para ser encenada;
– Shakespeare ficou famoso e reconhecido mundialmente como um grande escritor, mas ele também foi ator, com várias representações, inclusive do fantasma na peça de sua autoria Hamlet;
– As obras de Shakespeare estão entre as mais citadas e vendidas da história. Na verdade elas só perdem para a Bíblia em termos de citações e quantidade de exemplares vendidos;
– Ele era um autor com uma capacidade produtiva muito elevada. Em 24 anos escreveu 37 peças e 154 sonetos, isso representa uma média produtiva de 1,5 peças e seis sonetos por ano;
– Shakespeare foi criador de diversas palavras na língua inglesa. Segundo o dicionário Oxford English Dictionary o autor foi o responsável por mais de 3000 palavras utilizadas na língua inglesa hoje;
– Shakespeare faleceu no dia do seu aniversário, em 23 de abril de 1616, quando completava 52 anos;
– Ele faleceu no mesmo dia e ano que o escritor espanhol Miguel de Cervantes, o autor de “Dom Quixote”.
Um legado incomparável
William Shakespeare não teve uma vida longa, pelo menos para os padrões atuais, morreu exatamente no dia em que completava 52 anos. Mas, se a vida foi relativamente curta, a produção literária foi imensa. O legado Shakespeariano para a cultura universal é fantástico. Esse reconhecimento vem não só da vendagem de suas obras, mas da quantidade de vezes que suas peças foram reproduzidas, encenadas, filmadas. Por mais que o tempo passe o legado seu permanece, insuperável no universo cultural.
Dificilmente veremos outro autor que alcance o sucesso e a repercussão literária que ele. O mundo conheceu, ao longo do tempo, muitos autores sensacionais, eu poderia citar vários aqui, brasileiros, ingleses, americanos, portugueses, espanhóis e muitos outros de vários países. Mas, igual a Shakespeare é difícil encontrar.
Guardadas as devidas proporções, creio que ele está para a literatura assim como Pelé está para o futebol. Pelé encantou a todos com seus dribles e gols sensacionais, que deslumbraram o mundo e fizeram dele o atleta do século XX. Os textos de Shakespeare encantam e fascinam as pessoas há quatro séculos, isso sem perder a atualidade e colocando, com maestria, temas que permanecem atuais como amor, vingança, ganância, ódio e traição.
Por isso sempre vai valer a pena ler as obras desse mestre da literatura universal. Shakespeare se tornou imortal por meio de sua produção literária e sempre será lembrado como o maior autor da língua inglesa e um dos maiores, senão o maior, escritor de todos os tempos.
Se você não conhece a obra de William Shakespeare não perca tempo. Ignorar a escrita de Shakespeare é cometer um crime de traição com a literatura.
