A definição mais simples e conhecida de literatura é “A arte da palavra”. Por trás desses poucos vocábulos esconde-se um rol imenso de ideias que precisam urgentemente vir à tona, principalmente em tempos de muita informação e pouca reflexão. É disso que quero falar com vocês. Primeiro quero me apresentar.
Meu nome é Ademir, sou casado há quase 22 anos com Denise e tenho duas filhas adolescentes. Moro no interior de São Paulo, onde atuo como professor de língua portuguesa, literatura e redação nos segmentos Fundamental II (oitavos e nonos anos), Ensino Médio e, também, Cursinho Pré-vestibular.
Meu primeiro curso universitário foi Comunicação Social (Produção Editorial); depois fiz faculdade de Teologia e finalmente, Letras (português-inglês). Além disso, cursei duas pós-graduações, uma delas, Novas Tecnologias na Educação e a outra, Metodologias e Práticas Pedagógicas no Ensino de Língua Portuguesa. Atualmente estou no processo preparatório para iniciar o mestrado em Educação no ano que vem, se tudo correr bem.
Por gostar muito de ler e escrever, participei de vários cursos de escrita e me arrisquei a escrever algumas obras, que você pode conhecer no meu Instagram @prof.ademir. Tenho livros infantis, de ficção científica, livro sobre um dos pontos da pedagogia de C. S. Lewis, participações em antologias de contos e poesias, entre outros.
Atualmente trabalho com alguns projetos que considero bastante interessantes: estou terminando de gravar algumas aulas em vídeo para um curso de análise de obras literárias para vestibulares sob encomenda do cursinho em que leciono. Além desse curso, estou terminando os últimos detalhes de um curso de redação (em vídeo também), que será lançado em breve pela plataforma Hotmart. O próximo projeto é um curso sobre poesia (da teoria à prática), que está em fase de roteirização. Trabalho com revisão de textos e já fiz várias correções de redações para plataformas on-line (fiz o curso de avaliadores de redação do Enem). Também dou aulas particulares ao vivo via internet.
Por último, realizo aulões gratuitos algumas semanas antes do Enem e de outros vestibulares – via Youtube – para ajudar os candidatos com dicas para a prova e para que eles baixem um pouco a ansiedade do momento pré-vestibular.

Sobre a importância da literatura, vive-se claramente uma cultura depreciadora daquilo que recebe o rótulo de arte, seja pintura, escultura, música, dança, desenho, escrita… E isso não é de hoje.
Nas entrelinhas da velha fábula da Cigarra e da Formiga (Esopo), subentende-se que artista é vagabundo, desocupado, lembrando que a Cigarra “não trabalhava”, apenas “cantava”. A interpretação a seguir pode ser considerada subversiva para muitos, mas será que a arte da Cigarra, a música, não servia de alento para as formigas que trabalhavam de outra maneira? Não precisamos concordar com as interpretações clássicas ou sedimentadas impostas por outras pessoas, e aí entra a beleza e a importância da literatura.
Ler abre horizontes, faz-nos viver vidas que não são nossas – no conforto e segurança do nosso lar –, ajuda-nos a ter empatia e principalmente, possibilita-nos uma reflexão mais íntima e profunda. Porém, quando falamos do ato de ler, não estamos apenas nos referindo à junção de letras e palavras, formando as frases de um texto. Precisamos ir além. Ler é decodificar entender, compreender e interpretar. Ler envolve a cosmovisão de cada ser humano, uma vivência que é única e rica.
É claro como um córrego cristalino, quando leio uma redação de um aluno do ensino médio que tem o hábito de leitura. Seus argumentos são profundos e difíceis de serem refutados. Existem outros alunos, porém, cujos textos são rasos, não passam de repetições de informações clichês que foram adquiridas de várias fontes (confiáveis ou não) e simplesmente reproduzidas no texto sem qualquer análise ou ponderação.
Ler, no nível da compreensão, é identificar o que o autor quis transmitir em seu texto. É não fazer inferências nem deduções. Quando se trata de compreensão de texto, é preciso ater-se estritamente ao que está explícito, escrito, dito “com todas as letras” pelo escritor.
Existe, todavia, um nível mais profundo de leitura, que exige mais trabalho e dedicação. Após a compreensão clara do tema do texto e seu ponto de vista, parte-se para a interpretação. E já vamos desmistificar algo logo de início: interpretação não é o que “eu acho” que o autor quis dizer com a sua escrita. Interpretação é utilizar ferramentas gramaticais, linguísticas, técnicas para chegar à conclusão correta sobre o que não está explícito no texto, mas que está lá de alguma maneira e o autor quis, sim, transmitir.
Vamos a um exemplo bem simples, apenas para ficar claro. Considere a seguinte informação: “Jonas estava cabisbaixo.” A compreensão dessa breve sentença é simples: Alguém chamado Jonas estava de cabeça baixa. Só isso. Nada mais. No nível da compreensão do texto não se pode inferir, deduzir ou concluir nada além do que está explícito.
Agora, vamos ao nível da interpretação. Lembrando que, mesmo sendo interpretação, não temos o direito de inventar ou acrescentar informações. O que se deve fazer é, diante do texto, analisar até que ponto pode-se deduzir informações sem trazer novidades ou extrapolações. Sendo assim, utilizando a mesma sentença “Jonas estava cabisbaixo”, podemos interpretar o seguinte: Jonas, provavelmente uma pessoa do sexo masculino, estava de cabeça baixa, o que indica tristeza, reflexão, introspecção, desânimo.
Veja, não podemos dizer que “Jonas estava triste porque havia perdido um ente querido”. Caso isso ocorresse estaríamos acrescentando detalhes que o texto não nos permite inferir.
Esse é apenas um exemplo de como muitas vezes as pessoas fazem leituras equivocadas e concluem o que não se pode concluir a partir de um texto.
Minha vida com as letras começou muito cedo. Lembro-me como se fosse hoje: minha irmã e eu nos sentávamos na sala, montávamos as caixinhas de som de uma vitrola (toca discos antigo) que tinha formato de maleta e então começava a diversão. Ouvíamos disquinhos com histórias da Disney. Enquanto não sabíamos ler, apenas ouvíamos e observávamos as figuras das capas dos discos ou mesmo os encartes. O gosto pelas letras começou ouvindo, depois lendo. Uma coisa levou à outra automaticamente.
Havia um disco com a história da Rapunzel que eu consigo, hoje, depois de mais de quarenta anos, praticamente recitar décor. Outro LP (Long Play, disco de vinil) que marcou minha infância foi “Os Saltimbancos”. As músicas contavam a história de quatro animais que se juntaram para tentar uma vida melhor livres da tirania de seus donos humanos. A capa e o encarte eu considero obras de arte.
Depois, com o passar dos anos, os gibis (HQs) começaram a fazer parte do meu dia a dia. Turma da Mônica, Gibis da Disney, Super Heróis (amo o Homem Aranha) permearam minha infância e aprofundaram ainda mais meu gosto pela leitura.
Porém, nem tudo são flores, e aí vem uma crítica ao modelo educacional. Sou professor de literatura, posso falar com conhecimento de causa. Há certas obras, que são maravilhosas, que não deveriam ser impostas aos alunos em idade tão tenra. Por que não sugerir leituras mais agradáveis e de linguagem mais próxima ao que os adolescentes se interessam? Aí entra o olhar do professor atento, ligado no contexto da juventude. Eu mesmo já indiquei Harry Potter e até Divergente para meus alunos. Deu muito certo.
O importante, primeiro, é criar o hábito de leitura, e depois apresentar os clássicos e outras obras da literatura nacional e mundial. Outro fator que não se pode deixar de lado é ler não apenas o que “amamos de paixão”. De vez em quando é essencial fazer um exercício de leitura de gêneros, estilos e autores que não estamos acostumados a ler, ou até mesmo que temos certo preconceito. Quando fizer isso, esteja pronto a se surpreender, muitas vezes, positivamente!

Enfim, a literatura deveria fazer parte mais integrante da vida das pessoas. Além dos benefícios cognitivos, aumento de vocabulário, empatia, diversão, aprendizado e tantos outros, ler ajuda o ser humano a ser mais humano. Cria empatia, desperta sentimentos, emoções, ideias.
Como disse certa vez George R. R. Martin, conhecido por ser o autor da saga “As Crônicas de Gelo e Fogo”, “Um leitor vive mil vidas antes de morrer. O homem que nunca lê vive apenas uma.”
Se quiser entrar em contato comigo, fique à vontade. Meu e-mail é adjur1@hotmail.com. Meu Instagram é @prof.ademir. Ficarei feliz em trocar experiências com você!
Leia e viva mil vidas, ou mais!