Meu nome é Livergídia Souza, nascida na pequena cidade de Cambuí, sul de Minas Gerais no ano de 1959. Sou a quinta de sete filhos. Tenho duas filhas, Ana Marília e Clara Helena, ambas já formadas.
Adotei o pseudônimo de Líver Roque em homenagem a meu pai Geraldo Roque, já falecido, e Líver em recordação a uma turma de Ensino Médio que, ao chegar ao Colégio onde trabalho, ainda no sexto ano me chamavam de dona Livergídia e, ao terminarem o Ensino Médio, passaram a me chamar de Líver. Achei bonito e carinhoso o apelido e decidi me apresentar desta forma.

Minha paixão por livros nasceu bem cedo quando eu fazia o que, na época, chamava-se Ensino Primário. Todas as manhãs após a cópia do Para Casa, a professora pegava um maravilhoso livro de belíssimas gravuras coloridas e lia uma parte de uma história para a turma. Era, com certeza, o melhor momento do dia. Eu imaginava os castelos maravilhosos onde a história acontecia. Sonhava que um dia iria viver naquele lugar. Era uma forma de esquecer a vida de privações de minha família. O sonho teve início aí.
Éramos uma família de sete filhos com pouca diferença de idade. Minha mãe não pôde aprender a ler por imposição de meu avô. Meu pai lia um pouco e fazia as quatro operações. Em minha casa não havia livros e eu devorava todo e qualquer papel escrito que me chegava às mãos. Com fantástica avidez.
No terceiro ano já estava completamente alfabetizada. Minha função era a de escrever cartas para vizinhos e amigos. Escrevia muitas e longas cartas. Havia também as cartas de amor que, logo cedo, percebi serem ridículas, como disse Fernando Pessoa. Fazem sentido apenas para quem envia e quem recebe.
Aos treze anos ou quatorze precisei abandonar a escola para trabalhar. Estava na Sexta Série Ginasial (atual sétimo ano). Fiquei sete anos apenas trabalhando para ajudar minha família e, um belo dia, aos vinte e um anos de idade, decidi que retornaria aos bancos escolares. Estudava à noite e trabalhava durante o dia. Era cansativo, mas aprender compensa todo sacrifício. Nesta época descobriram minha facilidade em escrever. Continuava devorando livros. Passava muito tempo na sala dos professores escrevendo para toda e qualquer comemoração que houvesse na escola.

Terminei o Fundamental, fiz o Curso do Magistério de 2º Grau e me formei professora. Fui para a faculdade para o Curso de Letras. Parei quando minha primeira filha nasceu e retornei depois que a segunda havia nascido. Fiz Pós-Graduação em Literatura e depois cursei Pedagogia por exigência da faculdade onde estava lecionando e onde fiquei por dez anos com aulas no Curso Normal Superior e Pedagogia.
A vida corrida de muito trabalho, fora e em casa, e o cuidado com minhas filhas me mantiveram ocupada, mas não longe de livros que continuaram a ser a grande paixão de minha vida, paixão esta passada às minhas filhas que são também devoradoras de livros e filmes.
Como professora precisava correr de uma escola a outra para dar conta de ter um salário que pudesse proporcionar uma vida um pouco mais digna e impedir que as meninas passassem pelo mesmo caminho duro que eu havia traçado para ter um diploma de curso superior. Valeu a penas. Ambas puderam fazer universidade pública.
Meu desejo de escrever estava adormecido, mas não morto.
As meninas já estavam formadas. A mais velha, professora, estava trabalhando. Eu havia diminuído o número de escolas para atuar. Havia passado em um concurso de supervisão da prefeitura e passei a atuar em duas escolas como supervisora e em uma terceira como coordenadora pedagógica.
Em janeiro de 2020, durante as férias em que não havia nenhuma viagem programada, eu me encontrava no mais alto grau de estresse de ficar em casa. Precisava fazer algo e nada me ocorria.
De repente, não mais que de repente, surge uma frase e fica martelando em minha mente durante vários dias. Ao amanhecer o dia 05 de janeiro de 2020, logo pela manhã, mal havia tomado meu café, toda uma história de desenha em minha mente. Começo, desesperadamente, a escrever com medo de perder o fio da meada. Os dias passam e o romance vai tomando forma. Sinto que os personagens criam vida e devo escrever sua história. E escrevo. Veio a pandemia e tive um pouco mais de tempo e o romance ia de vento em popa.

Em abril surge o romance Valentina. Decido publicar e descubro que estou com câncer. “Bom, pensei, tenho duas questões para resolver e vou resolver ao mesmo tempo”. Fui fazendo os exames para a cirurgia e cuidando da publicação do livro. Em agosto fiz a cirurgia com excelente recuperação e, em outubro, o livro chegou. Estava muito bem de saúde e com meu primeiro livro pronto.
Enquanto escrevia Valentina, minhas amigas de todas as horas me pediram para escrever nossa história. Escrevi sobre uma viagem que faríamos, mas fomos impedidas pela pandemia. Era para ser uma brincadeira e apenas um presente para celebrar nossa amizade. Fiquei sabendo de um concurso da Editora Arte Impressa e enviei o romance. Foi aceito e, como prêmio o livro foi publicado. Era o segundo livro.
A partir desse momento, escrevia a participava de concursos. Foi assim com a Editora Travassos que ganhei um concurso com o romance “A filha do desejo” que deve chegar a qualquer momento.
Certo dia perguntaram-me por que escrevo e respondi: para me sentir viva. Sinto-me viva em cada personagem que crio. Eu falo por eles e eles falam por mim. Dedico todos os romances às mulheres. Falo de todas e as torno conhecidas. Muitas personagens são baseadas em pessoas reais.
Estou com quase 63 anos e me sinto ainda com muito a falar/escrever. Comecei a trabalhar também com palestras direcionadas a professores.
Percebi que a vida começa no exato momento em que descobrimos que ainda temos muito o que viver e muitas coisas a ensinar e aprender. Continuo trabalhando com a mesma disposição de antes, atuando em educação infantil.
Em minha caminhada literária participei de algumas antologias com crônicas, contos e poemas.

Valentina é meu primeiro livro publicado pela Chiado Books.
Antologias das quais participei: “Além da terra, além do céu” da Editora Chiado Books – poesia – “Você”;
Antologia Cartas para Noel (Editora Travassos) – contos: Continho do Menino da Noite (homenagem a meu pai e meu irmão. Ambos falecidos) e “Conto de Natal para embalar gente grande” em homenagens a duas irmãs;
Antologia Anoitecer com Você com o conto “Em busca por si mesmos” e a poesia “Sonhos” pela Travassos;
Antologia Esplêndida (em comemoração ao mês da mulher em 2021) da Editora Arte Impressa com o conto “A chuva, a saudade”;
Romance “Descomplicando a vida”, premiado no 1º Apadrinhamento da Editora, publicado pela Arte Impressa;
Romance “A filha do desejo”, publicação como prêmio pela Travassos.
Ganhadora do Prêmio Paulo Setúbal com a crônica “O acidente”.

Nestes dois anos escrevi muitos romances, poesias, contos e crônicas.
Possuo uma trilogia a ser publicada. Ainda neste ano pretendo publicar o primeiro romance da trilogia Batalha.
Escrever tornou-se uma necessidade e um prazer. Em minha página do Facebook faço algumas postagens com excertos de obras já lançadas e outras que lançarei neste e nos próximos anos. Escrevo também poesias, contos e crônicas completas que já foram publicadas.

Minha caminhada literária que começou tarde, na opinião de alguns, preenche e põe sentido em minha vida, faz com que eu possa falar o que está na vida de muitas mulheres que, muitas vezes, calam-se ou são caladas pelas circunstâncias da vida que levam.
Espero e desejo que o que escrevo sirva para despertar pessoas para que busquem por seus sonhos, por mais loucos que possam parecer. Sempre é tempo de sonhar e nunca é tarde para realizar.