A obra literária realística e crítica de Gustave Flaubert

Hora de falar de mais um grande escritor, esse nascido na França, que se tornou um clássico da literatura universal. Ele marcou sua época com livros que apresentavam uma forte crítica à sociedade francesa daquele período. Vamos falar do autor Gustave Flaubert.

Gustave

Gustave Flaubert nasceu no dia 12 de dezembro de 1821, na cidade francesa de Rouen. Era o segundo dos seis filhos do casal Achille Cléophas Flaubert e Anne Justine. Seu pai era médico, cirurgião chefe do Hospital de Rouen.

Ele vai passar a infância em sua cidade natal, com os irmãos, frequentando o hospital onde o pai trabalhava. Em 1832 ele vai estudar no Colégio Real, onde participa do semanário escolar “Arte e Progresso”, que tratava de literatura, assunto que já despertava a atenção do jovem. Nessa época ele passa a se interessar por teatro e pelas obras de Shakespeare, Alexandre Dumas e Victor Hugo.

Aos 15 anos escreve uma peça, “Luís XI”, um drama em cinco atos. Nessa fase Gustave se apaixona por uma mulher mais velha e casada, Elisa Schlesinger. Esse amor platônico e impossível vai inspirar alguns de seus livros, Mémoires d’un fou (“Memórias de um Louco”), de 1842; “Novembre”, de 1842 e “L’Éducation Sentimentale” (“A Educação Sentimental”), de 1869.

Em 1837 escreve e publica seu primeiro livro, o romance “Rêve d’enfer” (“Paixão e Virtude”), uma obra ainda imatura, mas que já apresentava alguns traços que iriam marcar a carreira de Flaubert como escritor.

Ainda novo e com pouca experiência Gustave continuou a escrever e publicar seus livros e peças, mostrando a evolução do seu talento a cada nova obra. Mesmo depois de morto ele teve seus escritos publicados, confira.

Obras publicadas

– Rêve d’enfer (“Paixão e Virtude”) – 1837

– Mémoires d’un fou (“Memórias de um Louco”) – 1838

– Novembre (“Novembro”) – 1842

– Madame Bovary (“Madame Bovary”) – 1857

– Salammbô (“Salambô”) – 1862

– L’Éducation Sentimentale (A Educação Sentimental) – 1869

– Lettres à la municipalité de Rouen – 1872

– Le Candidat (peça teatral) – 1874

– La Tentation de Saint Antoine (“A Tentação de Santo Antão”) – 1874

– Trois Contes (“Três Contos”) – 1877

– Un cœur simple (“Um Coração Simples”) – 1877

– La Légende de Saint Julien l’Hospitalier e Hérodias) – 1877

– Le Château des cœurs (teatro) – 1880

– Bouvard et Pécuchet (obra inacabada) – 1881

Obras publicadas após a sua morte

–  À bord de la Cange – 1904

– Par les champs et les grèves – 1910

– Œuvres de jeunesse inédites – 1910

– Dictionnaire des idées reçues – 1913

– Lettres inédites à Tourgueneff – 1947

– Lettres inédites à Raoul Duval – 1950

Em 1842, para agradar o pai, Gustave vai estudar direito em Paris, mas não se interessava nem pelos estudos nem pela carreira, preferindo levar uma vida boêmia às custas do dinheiro que o pai lhe mandava. Em 1844, após ter sido reprovado em alguns exames, tem graves crises nervosas, com alucinações e perdas de consciência, que os médicos vão diagnosticar como crises epiléticas.

Em 1846 Flaubert começa um relacionamento com Louise Collet, uma mulher separada e com uma filha de 16 anos. Os amigos do escritor consideravam a mulher uma pessoa arrogante. O romance termina em 1848 e Gustave se concentra em seus escritos e na literatura, num momento conturbado na França, quando ocorre uma revolução liderada por Napoleão III, que será proclamado imperador em 1852.

Após a morte de seu amigo de infância Alfred Le Poittevin, Gustave planeja uma viagem ao Oriente, com seu amigo Maxime du Camp, que vai durar três anos, de 1849 a 1852. Eles vão conhecer o Egito, Jerusalém, Constantinopla e Itália. O escritor retorna à França com material para escrever o romance “Salammbô”, que será publicado em 1862.

Gustave Flaubert escreveu grandes obras, mas seu mais importante trabalho, pelo qual será reconhecido mundialmente foi, sem dúvida, “Madame Bovary”.

O livro

Gustave começou a escrever “Madame Bovary” em 1851, terminando a obra em 1856. O livro é considerado o pioneiro entre os romances realistas. A obra gira em torno de Emma, uma jovem sonhadora, que foi educada em um convento e era de uma família da alta burguesia francesa. Admiradora da literatura ela vive com a cabeça cheia de fantasias românticas. Emma se casa com o médico Charles e, depois de um tempo, percebe que a vida de casada não era um sonho como ele pensava, mesmo depois do nascimento da filha.

Ela vai ficando entediada com o casamento, percebendo que o marido não iria satisfazer seus desejos românticos de amor. Emma, então, decide buscar o encantamento em relacionamentos fora do casamento, passando a ter amantes. Mas nem estes conseguem fazer com que ela se sinta realizada. Decepcionada com a vida Emma opta pelo suicídio.

Após a morte de Emma, Charles descobre cartas de amantes de sua falecida esposa e as traições da mulher, vindo a falecer por conta do sofrimento com a descoberta, deixando a filha Berthe órfã.

O livro, polêmico para a época, fez com que Gustave Flaubert fosse processado por ‘imoralidade’, mas ele terminou sendo absolvido e pode continuar publicando suas obras.

Os anos de 1870 e 1871 marcam o período da Guerra Franco-Prussiana, quando o exército da Prússia ocupa parte da França e Flaubert volta para Rouen, para ficar com sua sobrinha Caroline. Em 1872 a mãe do escritor falece. Nessa fase da vida ele começa a enfrentar problemas de saúde e financeiros.

Gustave Flaubert vai falecer no dia oito de maio de 1880, na aldeia de Croisset.

Frases

“Açougueiros são terríveis em tempos de revolução.”

“Algodão é útil principalmente para os ouvidos.”

“Alguns animais são mais inteligentes do que certos homens.”

“Sempre há dois vencedores, o que bate e o que apanha.”

“Deve-se sempre chamar os reacionários de caranguejos.”

“Um pouco de ciência nos afasta da religião e muita ciência nos aproxima dela.”

“A dor verdadeira é sempre contida.”

“As hostilidades são como as ostras, devem ser abertas.”

“Quando não se tem imaginação, deve-se denegri-la nos outros.”

“Para dar coragem a um doente, deve-se rir de seu mal e negar todos os seus sofrimentos.”

“Para ser erudito, basta memória e trabalho.”

Realista e crítico

A obra de Gustave Flaubert se caracterizou pela objetividade, pela crítica social e política, pois o autor sempre manteve uma observação crítica da sociedade em que vivia. Esse foi exatamente o ponto que desagradou alguns críticos conservadores da época, Flaubert falava abertamente dos males que atingiam o tecido social francês, sem nenhum romantismo.

Por isso chegou a ser processado, por ‘imoralidade’. Mas, era um escritor genial, que merece a atenção de leitores de todas as idades.

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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