Dorothy Sayers – um belo romance policial

Um bom romance policial é tudo de bom. Uma bela trama, criada a partir de um crime, que leve o leitor a “quebrar a cabeça” para saber quem é o culpado é sempre uma bela diversão, tentar desvendar um crime sentado na poltrona de casa. Principalmente quando você faz as suas apostas, analisando as pistas que o autor vai dando e, no final, se surpreende quando o culpado é revelado.

Eu, pelo menos, adoro participar dessas viagens, das caçadas ao assassino. E existem autores que fizeram e fazem isso com grande maestria, criando histórias de suspense com um final surpreendente, que prende a nossa atenção, muitas vezes apresentando personagens emblemáticos, que ganharam fama na bela trajetória do romance policial.

Agora vamos falar de uma dessas autoras, que escreveu poemas, trabalhos acadêmicos, traduziu livros clássicos, mas ficou famosa mesmo pelas histórias policiais que produziu, dando vida ao seu grande personagem, o detetive amador Lord Peter Wimsey. Hora de conhecer a vida e a obra de Dorothy Sayers.

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Infância

Dorothy Leigh Sayers nasceu na Inglaterra, na cidade de Oxford, em 13 de junho de 1893, filha única do casal Helen Mary e Henry Sayers. Seu pai era reverendo e diretor da Christ Church Cathedral School e dominava muito bem o latim, língua que começou a ensinar à filha quando esta completou seis anos de idade. Ela foi criada na vila de Bluntisham, no distrito de Huntingdonshite.

Em 1909, aos 13 anos ela vai estudar na Godolphin School, um famoso internato para meninas, fundado no século XVIII, localizado na cidade de Salisbury.

No ano de 1912 Sayers ganha uma bolsa de estudos para frequentar o Sommerville College, da Universidade de Oxford, onde vai estudar línguas modernas e literatura medieval. Ela vai obter a graduação, com honras, em 1915, figurando entre as primeiras mulheres a obter grau acadêmico, na época, na Universidade.

Entre 1916 e 1918 a autora vai publicar seus dois primeiros livros, mas que, curiosamente, não são romances policiais, mas poesias. Nessa época ela trabalhou na editora Blackwell. Entre 1922 e 1929 foi redatora da S. H. Benson, agência de publicidade inglesa.

Seu primeiro romance policial seria publicado em 1923, “Whose Body?”, em que a autora vai apresentar seu mais famoso personagem, Lord Peter Wimsey. Era o início de uma brilhante carreira dentro do gênero policial, que a levou a ser considerada como uma das “Rainhas do Crime”, ao lado de autoras como Agatha Christie, Margery Allingham e Edith Ngaio.

Dorothy Sayers escritora Rainha do Crime

A partir desse primeiro livro, Sayers construiu uma sólida carreira literária dentro do romance policial, que incluiu, entre outros títulos, os seguintes:

– Whosr Body?

– Clouds of Witness

– Unnatural Death 

– Unpleasantness at the Bellona Club

– Lord Peter views the Body

– The Documents in the Case

– Strong Poison

– Five Red Herrings

– Have his Carcase

– Hangman’s Holiday

– Murder must Advertise

– The Nine Tailors

– Gaudy Night

– Busman’s Honeymoon

– In the Teeth of the Evidence

– Striding Folly

– Thrones Domination – esse livro ficou inacabado e foi concluído por Jill Paton Walsh

Além dos romances policiais, Dorothy escreveu livros de poemas, com temas religiosos e trabalhos acadêmicos, entre eles estão “The Mind of Maker”, publicado em 1941, obra muito elogiada pelo escritor C. S. Lewis.

Além disso, ela ficou famosa como tradutora. Sua versão para o inglês da “Divina Comédia”, de Dante Alighieri, é bastante destacada e ela mesmo considera esse o seu melhor trabalho.

Mas, sem dúvida, a criação mais marcante de Dorothy Sayers foi o detetive amador Peter Wimsey, que participa de suas aventuras policiais desvendando os mais variados mistérios.

Lord Peter Wimsey

Peter é o típico Lord inglês, jovem, inteligente, charmoso e elegante, além de ser um amante de livros raros. Ele descobre sua aptidão para solucionar crimes e adota o hobby de investigar casos misteriosos.

Em suas aventuras ele conta com o apoio de seu fiel escudeiro e valete, Bunter. Outro que vai parceiro constante é o Inspetor Parker, da Scotland Yard, que vai se casar com sua irmã. Há, também, a escritora de livros policiais Harriet Vane, com quem Wimsey vai se casar.

Com esse grupo Peter vai participar de mais de uma dezena de histórias criadas por Sayers, desvendando os mais complexos mistérios, que vão fazer da autora uma escritora reconhecida tanto na Inglaterra como no resto do mundo. 

Detection Club

Dorothy foi brilhante como escritora, nos mais diversos gêneros, e, também, como tradutora, mas alcançou o sucesso e o reconhecimento do público com suas histórias policiais. Essa notoriedade permitiu que ela participasse de um seleto clube, o Detection Club, um grupo de escritores de mistério, todos ingleses. A agremiação foi fundada em 1930 e dela fizeram parte, além de Sayers, Agatha Christie, Ronald Nox, Arthur Morrison, Margaret Cole, Henry Wade, Constance Lindsay Taylor, Anthony Berkeley, entre outros.

O clube era levado tão a sério que possuía diretrizes que eram seguidas por todos. Eles criaram mandamentos para utilizar em seus textos de forma a permitir que o leitor tivesse chances mais justas de descobrir o culpado.

O clube também patrocinou a publicação de diversos escritos. Eles se reuniam regulamente em jantares em Londres e periodicamente um dos membros era escolhido para presidir o clube. O primeiro presidente foi GK Chesterton, Dorothy presidiu o clube de 1949 a 1957.

Vida Pessoal

A vida pessoal de Dorothy foi um tanto atribulada. Em 1920 ela inicia um romance como poeta John Cournos, um russo de origem judaica. O relacionamento não se consumou por diversas razões. John não concordava com o casamento e a monogamia, era adepto do ‘amor livre’ e não queria ter filhos. Além disso, ele não considerava a escrita policial como um gênero de alto nível, o que, de certa forma, diminuía o trabalho de Sayers. Após dois anos o relacionamento se desfez.

No ano de 1923 ela manteve um relacionamento com William “Bill” White. Ele era casado e, dessa relação, Sayers engravidaria de seu único filho, John Anthony. O curioso é que ela deu à luz em segredo, numa casa de repouso. Para isso ela recebeu ajuda de Beatrice, a própria mulher de “Bill”. Após o nascimento, John foi entregue a Amy e Ivy Shrimpton, respectivamente tia e prima de Dorothy, que criaram o menino.

No dia 13 de abril de 1926 Sayers se casaria com um veterano da Primeira Guerra, o capitão escocês Oswald Atherton “Mac” Fleming. Ele já era divorciado e tinha duas filhas. Em 1935 o casal adotaria John Anthony, sem que o garoto soubesse sobre a sua verdadeira mãe. Muitos anos depois, quando foi solicitar um passaporte, John obteve sua certidão de nascimento e a comprovação de que Dorothy Sayers era sua mãe legítima.

Dorothy faleceu no dia 17 de dezembro de 1957, aos 64 anos, vítima de problemas cardíacos. Ela foi cremada e suas cinzas estão na Igreja de St. Anne, em Londres, igreja da qual ela foi guardiã por vários anos. Em seu testamento seu beneficiário era John Anthony e nesse momento foi revelado ao mundo que ele não era sobrinho, mas sim filho de Sayers.

Curiosidades

Dorothy Sayers escritora Rainha do Crime Misterio livro

– Quando se formou em 1915, em Oxford, ela não recebeu seu diploma, pois esse não era concedido às mulheres. Somente em 1920 ela teria em mãos seu “Master of Arts e Bachelor of Arts” em línguas modernas;

– Em 1924 ela teve seu único filho, John Anthony, que seria criado por sua prima Ivy;

– Ela escreveu 11 romances e vários contos tendo como protagonista Lord Peter Wimsey;

– Em 1941, em meio a Segunda Guerra Mundial. Sayers estreia sua peça teatral “The Man Born to be King”;

– Ela se casaria em 1926 com o escritor e veterano da Primeira Guerra Mundial o capitão Oswald Atherton “Mac” Fleming;

– Entre seus grandes amigos estavam os escritores C. S. Lewis, T. S. Eliot e Charles Wiliiams;

– Apesar de ser muito amigo de Sayers, C. S. Lewis admitiu que era incapaz de gostar de romances policiais.

Mais uma “Rainha do Crime”

Dorothy Sayers pertence a um seleto grupo de grandes escritoras de romances policiais. Assim como outras mulheres criou histórias que prenderam e seduziram milhares de leitores por todo o mundo. Com seu talento ajudou a consolidar a fama da literatura inglesa, de oferecer ao mundo grandes autoras de histórias de detetives. Ela foi mais uma a criar um grande personagem, que se tornou perene dentro do gênero policial. Com toda a justiça, ela é considerada uma das “Rainhas do Crime”.  Por isso precisamos aplaudir, reverenciar e festejar a oportunidade que temos de poder apreciar os escritos que Dorothy Sayers nos legou, então não perca tempo e venha conhecer a obra dessa fantástica autora.

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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