Seja bem vindo a mais um capítulo do Conto A Morte da Viúva – Capítulo 3
3 – Uma noite
Ricardo chegou em casa apressado. Precisava tomar um banho, trocar de roupa e seguir para seu encontro com Ritinha. Estava ansioso por esse jantar, afinal era uma nova paquera. Mais uma de suas conquistas. Ficou se admirando no espelho e, por um momento, pensou se Nando não teria razão e qualquer dia acabaria se metendo em uma enrascada com suas aventuras amorosas. Pensou em Sandra e no que poderia acontecer se ela soubesse, escrivã da polícia anda armada… Mas, eles não tinham um compromisso e ela sabia muito bem disso.
Então o melhor a fazer naquele momento era esquecer Sandra, Nando e se concentrar apenas em Ritinha, aquela linda morena, pois sabia que uma hora tudo isso acabaria afinal, tinha plena consciência de que não seria jovem para sempre. Ele bem sabia que envelhecer tem o seu preço e todos pagam essa conta. Mas ele já tinha tomado a sua decisão, enquanto estiver novo e forte vai aproveitar o máximo possível.
Desceu, pegou o carro, colocou a arma na parte de baixo do console, entre o volante e a porta, improvisara um espaço pra deixar a arma escondida, mas ao alcance da mão esquerda, pois era canhoto. Partiu para Olaria, onde a jovem morava. Pegou Ritinha em casa e rumou para Vista Alegre, bairro vizinho ao seu, onde há um famoso polo gastronômico na região. A intenção era impressioná-la e, claro, ele estaria perto de casa, caso a noite rendesse.
Optou por um restaurante de comida nordestina, já tinha estado lá antes e gostara. O ambiente no local era muito agradável e eles estavam bem a vontade para um primeiro encontro.
Fizeram os pedidos e, enquanto aguardavam, o papo avançou.
– Então você é policial? – perguntou Ritinha.
– Policial Civil. – falou Ricardo.
– Tem muita diferença?
– Sim, são funções bem diferentes.
– E qual a grande diferença, você pode explicar? – perguntou ela inclinando o corpo para frente.
– Basicamente a diferença é que a Polícia Militar cuida da segurança, do patrulhamento, os policiais militares vão para a rua fazer o patrulhamento, a defesa básica do cidadão. A polícia civil cuida da investigação criminal quando ocorrem os delitos ou crimes. Se ocorre um assalto, a polícia militar é acionada. Se durante essa ação ocorrer uma morte, quem entre em ação é a polícia civil para investigar as circunstâncias dessa morte. – explicou Ricardo, também jogando o corpo para frente.
– Entendi tudinho, gostei da explicação. Então vocês atuam como esses detetives de filme de ação? Posso chamar você de James Bond? – indagou Ritinha soltando uma risada gostosa.
– Tem suas semelhanças e diferenças. Não, o policial brasileiro está muito longe de ser um James Bond. Também estamos longe de ganhar o que ganha um agente secreto inglês.
– Vocês guardam algumas semelhanças, sim. – falou ela, mordendo o lábio inferior com muita delicadeza.
– Quais semelhanças? – quis saber ele.
– Com certeza vocês estão o tempo todo desafiando o perigo, são destemidos e, também, sexy, pelo menos você é. – sorriu ela.
– Gostaria que fosse assim como você descreve, mas não é, pode ter certeza.
– De qualquer forma, adoro filmes de mocinho e bandido, pura adrenalina. Esses filmes policiais são os meus favoritos – brincou ela.
– A realidade é bem diferente dos filmes, muito mais cruel e nem sempre o bem vence o mal, meu anjo. Mas eu não trouxe você aqui para falar de bandidos. – retrucou Ricardo.
– Então me diga sobre o que você quer falar? – perguntou Ritinha, levando o corpo ainda mais um pouco para frente, quase se levantando da cadeira.
– Vamos deixar o lado sombrio pra lá, quero falar de mim, de você, da vida, de amor, d parte mais suave e gostosa da vida. Essa é a única perseguição que pretendo fazer hoje. – respondeu ele, também inclinando mais ainda o corpo para frente, até que seus rostos se tocassem.
Foi um leve toque, onde seus lábios se encontraram, mas Ricardo pode sentir toda a suavidade da boca de Ritinha. Para ele aquele beijinho deixou a certeza de que a noite seria das melhores. Esperaram mais um pouco e a comida foi servida. A conversa seguiu amena enquanto jantavam.
– Você estava certo, a comida daqui é realmente muito boa. – falou ela.
– Quem bom que você gostou, pensei nessa noite com muito carinho. – devolveu ele.
– Até agora está tudo perfeito, nota dez. – emendou Ritinha com um sorriso nos lábios.
O jantar estava acabando e tudo ia muito bem, conforme Ritinha acabara de dizer, era hora de Ricardo jogar sua grande cartada.
– Então você gosta de caçadas policiais? – perguntou ele.
– Gosto de adrenalina. – devolveu ela com um sorriso maroto.
– Que tal terminarmos a noite com uma bela caçada, cheia de adrenalina?
– Você garante que será pura emoção? – perguntou ela com um sorriso travesso nos lábios.
– Pode ter certeza que sim.
– Então, o que estamos esperando, vamos a ela. – concordou Ritinha.
Ricardo pagou a conta e logo estavam a caminho de sua casa. Mal tiveram tempo de entrar no apartamento e já estavam se despindo com todo furor.
– Gostei da pegada, policial – brincou ela.
– Pois agora você está presa. – devolveu ele.
– Qual o crime que eu cometi?
– Roubou meu coração! – devolveu ele beijando a boca da mulher com toda intensidade enquanto a jogava na cama e deixava seu corpo cair sobre o dela. A mulher agarrou-se ao seu pescoço, gemendo a cada beijo recebido, apertando seu corpo contra o dele.
Ele não estava enganado, foi uma noite de pura adrenalina. Os dois terminaram exaustos, suados, mas felizes e extasiados. A noite valera muito a pena, cada minuto ao lado de Ritinha fora recompensado pelo calor, energia e doçura da mulher. Ricardo sabia que o dia seguinte seria de muito trabalho e as poucas horas dormidas fariam diferença, mas estava muito feliz pois a perda do sono fora recompensada por horas maravilhosas de prazer.
Na manhã seguinte Nando chegou cedo, por volta das oito horas estava em frente ao prédio onde Ricardo morava. Seu parceiro já estava na portaria, colocando uma jovem no que deveria ser um uber. Nando encostou o carro e esperou pelo companheiro.
– Bom dia. – falou um sorridente Ricardo entrando no carro.
– Que beleza. Essa é a Ritinha ou já é outra? – perguntou Nando.
Ricardo não se conteve e caiu na gargalhada.
– Quem você pensa que eu sou? – perguntou Ricardo após controlar o riso.
– Não estou pensando nada, só analisando os fatos. E o fato é que você é não perde tempo, cada hora está com uma mulher diferente. Então essa aí é mesmo a Ritinha?
– É a Ritinha sim. Então, aproveita que você está analisando fatos e vamos logo para as Laranjeiras. Vou ligar para o Olavo para ver se podemos conversar com eles. – falou Ricardo enquanto buscava o número de Olavo no celular.
– Vamos nessa. Vamos trabalhar um pouco.
Confira os Capítulos anteriores: