O Poderoso Chefão

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Olá, pessoal, hoje estou aqui para falar de um livro muito interessante, que gerou uma verdadeira saga, com versão cinematográfica e que deixou sua marca tanto na literatura como no cinema. Estou falando de “O Poderoso Chefão”, obra do escritor norte americano Mario Puzo.

Há exatos 52 anos, em 1969, esse livro era lançado, tornando-se um sucesso imediato, que iria mudar a vida do autor e dar espaço a uma trilogia muito famosa no cinema, dirigida por Francis Ford Coppola e roteirizada pelo próprio Puzo. 

O livro descreve a saga do carismático e poderoso Don Vito Corleone, chefão de uma das mais importantes famílias mafiosas de Nova York, no período pós-guerra, 1945/1955, quando ela se consolida a mais poderosa.

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A história marca um momento em que a violência dos grupos mafiosos era forte nos Estados Unidos. Mas a narrativa de Puzo vai muito além brutalidade que é recorrente no filme. Ele cria personagens que vão da crueldade à ternura com muita rapidez. Isso com muita sutileza. Mas, uma coisa é certa, apesar da sutileza, a leitura é tensa pois muitas cenas impactantes são descritas no livro. Como costumamos falar na gíria, esse livro é para quem tem “estomago forte”.

O Livro

É essa trajetória, de Vito Corleone e seus herdeiros, que Mario Puzo descreve com maestria, desnudando um mundo onde violência, crueldade, sadismo, compaixão, medo e insegurança convivem com muita naturalidade. O que o escritor faz é nos apresentar um mundo muito mais real do que muitas vezes imaginamos que ele seja. Trata-se daquela verdade que a maioria de nós prefere evitar. 

E o personagem central da trama é Vito Corleone, um homem protetor com seus parentes e “afilhados”, que nada recusa a eles, protegendo seus negócios e sua “família” com um bom pai faz com seus filhos. Esse fato é muito evidenciado em vários momentos da narrativa. De seus “afilhados” tudo o que ele exige em troca é a lealdade absoluta.

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Assim é Don Corleone, um homem capaz de ser ao mesmo tempo muito carinhoso e extremamente violento. Se é doce com os amigos, é implacável com os inimigos. Ele é, em sua essência, um homem justo, dentro do modelo de sociedade em que está inserido e onde moldou seu caráter. Ponderado para discutir as questões que envolvem seus “negócios”, sem nunca demostrar suas emoções, ele não se deixa levar pela emoção, agindo sempre com muita lógica e racionalidade. Da mesma forma, ele é capaz de ordenar a execução de um rival com a tranquilidade de quem senta-se no sofá para tomar uma xícara de café. Nos dias de hoje os jovens diriam que ele é “sinistro”.

O livro marca a luta dessa personagem contra o tempo, os inimigos e a necessidade de manter sua “família” unida enquanto enfrenta as adversidades do submundo do crime e busca um sucessor para seus negócios.

Na obra acompanhamos as preocupações e dramas vividos. Enquanto enfrenta a pressão para utilizar sua rede de influência, justiça, polícia e políticos, para proteger o “emergente” mercado de drogas em Nova York, o que ele a princípio se recusa a fazer, ele tem que lidar com seus problemas familiares. De um lado o casamento malsucedido de sua única filha, Connie, de outro as preocupações com seu temperamental filho mais velho, Sonny, e a aversão do caçula Michael, seu preferido, pelos negócios da família Corleone.

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A narrativa descreve, com detalhes, as atrocidades do submundo do crime em Nova York e suas relações com os poderes constituídos, o envolvimento do crime organizado com o sistema político, jurídico e policial. Se o livro é uma ficção, a semelhança com a realidade não é mera coincidência. Puzo descreve uma relação de promiscuidade institucional comum, principalmente, em países do terceiro mundo. 

O livro se tornou um fenômeno imediato. Antes mesmo de seu lançamento, os direitos de adaptação para o cinema já tinham sido vendidos. Após o lançamento permaneceu mais de um ano na lista dos mais vendidos. Ao longo dos anos a obra já vendeu mais de 21 milhões de unidades.

O Filme

Em 1972 foi lançada a versão cinematográfica, que se tornou um clássico sob a direção de Francis Ford Coppola, responsável pela bela adaptação.

A continuação do primeiro filme seria lançada em 1974 e a terceira parte em 1990. As três se tornaram um grande sucesso de público, crítica e, também, comercial, rendendo, juntas, mais de US$ 550 milhões em bilheteria em todo o mundo. 

Em 2020, quando o terceiro filme completava 30 anos do seu lançamento, e todos achavam que a saga da família Corleone estava encerrada, Coppola surpreendeu com o lançamento de uma nova versão de “O Poderoso Chefão III”. Esse novo trabalho apresenta modificações no início do filme, assim como no final, que também é rearranjado. Algumas outras cenas também foram alteradas.

Imagem 5 O Poderoso Chefao A morte de Michael Corleone

Elencos Estelares

Os três filmes receberam uma grande produção e os elencos reuniram atores de primeira linha como: Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Diane Keaton, John Cazale, Talia Share, Robert de Niro, Andy Garcia e Joe Mantegna, entre outros. Com tantas estrelas do cinema juntas, os três filmes nos legaram cenas antológicas, como a de abertura do primeiro filme, quando já é possível vislumbrar como seria a magistral atuação de Marlon Brando, que lhe garantiria o Oscar de Melhor Ator.

E muitas outras viriam ao longo das quase nove horas de filme que a trilogia soma. Melhor não dar spoiler para não estragar a surpresa daqueles que ainda não conhecem a obra.

Confira como está o elenco hoje, 49 anos depois do lançamento do primeiro filme, ao som da música tema. Lembrando que muitos atores já faleceram:

Mas, alguns detalhes são interessantes nessa saga cinematográfica. Coppola brigou para que Marlon Brando interpretasse Don Corleone. Os executivos da Paramount não queriam o ator por causa dos constantes problemas criados por ele nos sets de filmagem. Entre os cogitados para o papel estavam Laurence Olivier, Orson Welles, Anthony Quinn e Burt Lancaster. Coppola conseguiu convencê-los após gravar um vídeo com Brando já interpretando o personagem.

Outro papel em que Coppola teve que defender seu ator preferido foi o de Michael Corleone. Inicialmente ele foi oferecido a Warren Beatty, Jack Nicholson e Dustin Hoffman, que recusaram. Como o estúdio não queria Al Pacino, vários candidatos foram testados, mas Coppola conseguiu convencer os produtores e o papel ficou para Pacino.

O próprio Francis Ford Coppola não era a primeira opção dos executivos da Paramont para a direção. O primeiro convidado foi Sergio Leone, responsável por clássicos de Western como “Três Homens em Conflito” e “Era uma Vez no Oeste”. Com a recusa de Leone, Coppola acabou assumindo a direção. Depois dessas idas e vindas o filme só poderia ser um grande sucesso.

E a música…

Isso sem contar a maravilhosa trilha sonora do filme, como a música tema composta pelo italiano Nino Rota, autor da trilha dos dois primeiros filmes. O terceiro filme teve o maestro Carmine Copolla à frente da trilha sonora. Um detalhe, Carmine também participou da trilha dos dois primeiros filmes. Outra curiosidade sobre a trilha sonora, a canção “I Have but One Heart” é cantada pelo ator e cantor Al Martino, que no filme interpreta a personagem de Johnny Fontane, ator e cantor, que é afilhado de Don Corleone.

A trilha sonora de Nino Rota foi indicada ao Globo de Ouro em 1973 e, nesse mesmo ano, foi indicada para o Prêmio Grammy de “Melhor Trilha Sonora Original para um Filme ou Especial de TV”, sendo a vencedora.

Não por acaso Todos os três filmes receberam diversas indicações ao Oscar e foram muito premiados. Confira, abaixo, algumas curiosidades sobre o livro e a trilogia cinematográfica.

Você sabia que…

🡪 o livro vendeu mais de 21 milhões de exemplares em todo o mundo, estando entre os 100 livros mais vendidos da história; 

🡪 ele está entre os 10 livros mais lidos na década de 70;

🡪 a obra vendeu mais de nove milhões de cópias em dois anos;

🡪 os filmes renderam mais de US$ 550 milhões em bilheteria;

🡪 a trilogia recebeu nada menos que 29 indicações ao Oscar, faturando 9 estatuetas;

🡪 o primeiro filme rendeu um Oscar de melhor ator para Marlon Brando, que boicotou a cerimônia de entrega do prêmio, por conta de seu posicionamento político. Veja o que aconteceu quando Brando foi anunciado vencedor

🡪 em 1973 o primeiro filme teve nada menos do que 3 indicados ao Oscar de melhor ator coadjuvante: Al Pacino, James Caan e Robert Duvall;

🡪 os dois primeiros filmes renderam dois Oscar de melhor roteiro adaptado para Puzo;

🡪 as três versões cinematográficas renderam indicações de Coppola ao Oscar de melhor Diretor. Ele venceu em 1975 com “O Poderoso Chefão II”;

🡪 Não é que Vito Corleone ganhou o Oscar. Brincadeiras à parte, na verdade Marlon Brando, em 1973, e Robert De Niro, em 1975, ganharam o Oscar por interpretar Vito Corleone. Brando ganhou o prêmio de Melhor Ator em “O Poderoso Chefão” e De Niro ganhou o de Melhor Ator Coadjuvante em 1975, em “O Poderoso Chefão II”;

🡪 Marlon Brando fez os testes de cena de Don Corleone com as bochechas cheias de algodão para deixar o rosto com aspecto de ‘cara de bulldog’. Deu tão certo que foi feita uma prótese dentária para deixar o rosto do ator mais largo e ele a usou durante as gravações do filme. Ficou curioso? A prótese está em exposição no Museu Americano da Imagem em Movimento, em Nova York. 

Protese utilizada Don Corleone Poderoso Chefao

O Autor

O interessante sobre Mario Puzo é que ele próprio era um americano filho de imigrantes italianos nascido em Nova York, como os filhos de Vito Corleone. O autor serviu na Força Aérea Americana durante a Segunda Grande Guerra, assim como a personagem de Michael Corleone. Não há como negar que “O Poderoso Chefão” foi um marco na carreira literária de Mario Puzo.

Imagem 6 O Poderoso chefao o autor Mario Puzo e seu interessante livro

Puzo já havia escrito outros livros antes, bem recebidos pela crítica, mas de vendagem discreta quando recebeu uma oferta para escrever um livro sobre a máfia. A ideia para o livro veio do conhecimento sobre a máfia que ele acumulara em seus anos de jornalismo. 

Mario Puzo também escreveu e adaptou diversos roteiros para o cinema, entre eles os roteiros dos 3 filmes da saga de Vito Corleone, e “Superman I e II”.

O Chefão é mesmo poderoso?

Na minha opinião esse livro é, sem dúvida alguma, uma bela obra da literatura mundial. Possui os melhores ingredientes de uma narrativa que prende o leitor e faz com que ele queira chegar ao final da história o mais rápido possível. 

Como trata da questão da máfia, a violência é um item indispensável ao longo de todo o livro. Mas, se por um lado a morte é companhia obrigatória, por intermédio de “julgamentos” e execuções, por outro lado o autor relata com muita sutileza os dramas humanos que atingem até mesmo as figuras mais poderosas e os maiores vilões. 

O livro é de uma riqueza de detalhes impressionante e muito bem escrito, daqueles que você começa a ler e não quer parar até chegar a última página. 

As versões cinematográficas não ficam atrás. Todas são primorosamente bem-feitas e as diversas indicações que receberam ao Oscar são uma mostra dessa qualidade. O primeiro filme é extremamente fiel ao livro, o que é um ponto muito positivo, e as sequencias dão um panorama fantástico de toda a vida de Vito Corleone e da saga de sua família.

Imagem 7 A trilogia da saga dos Corleone porque e boa

É uma obra bem interessante e que não deixa de ser atual. Se a máfia com a qual nos deparamos quando conhecemos Don Corleone já não tem espaço nos dias de hoje a violência e o crime não perderam sua intensidade, apenas modificaram a forma de atuação. O Cartel de Medellín, de Pablo Escobar, é um bom exemplo disso.

No Brasil, passados mais de 50 anos do lançamento de “O Poderoso Chefão”, vivemos uma dura realidade de convívio com o domínio do tráfico e das milícias, que aterrorizam e sitiam principalmente as grandes cidades. O PCC (Primeiro Comando da Capital), o Comando Vermelho e as milícias, particularmente as do Rio de Janeiro, com toda a certeza não são menos violentas que os mafiosos liderados por Don Corleone. Quem vive em uma cidade como o Rio de Janeiro entende o que eu quero dizer.

Existem diferenças nos métodos de atuação utilizados por cada um desses grupos, mas a essência de violência e crueldade permanece a mesma. A leitura desse livro nos leva a uma reflexão sobre a possibilidade de nossa sociedade conseguir conviver sem violência, o que parece muito pouco provável de acontecer.

Com toda certeza vale a pena ler o livro e assistir aos filmes. Mas, fica aqui uma dica, se você ficou mesmo interessado, eu recomendo que leia o livro antes de assistir aos filmes.

Então, vamos conversar um pouco sobre essa grandiosa obra que são o livro e a trilogia cinematográfica. Me diga se você conhece essa saga, se sabe alguma curiosidade sobre ela e deixe aqui sua opinião.

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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