Vamos para mais uma boa dica de leitura, agora falando de um romance policial denso, com um final bem elaborado e a presença sempre marcante do detetive Nero Wolfe. Esse foi o personagem criado pelo escritor Rex Stout e que marca presença em diversos livros do autor, inclusive em “A Voz do Morto”, de que vamos falar agora.
O livro
O livro “A Voz do Morto”, publicado originalmente em 1946 descreve o assassinato de um importante membro do Departamento de Regulação de Preços do governo dos Estados Unidos, Cheney Boone. Ele estava participando de um encontro, promovido pela Associação Nacional da Indústria, e seria o principal palestrante desse evento, que reunia importantes figuras da indústria americana.
Enquanto se preparava para dar a sua palestra, em uma pequena antessala, Cheney é assassinado com uma pancada na cabeça. Ele é encontrado morto em seguida, obviamente o evento precisa ser cancelado e a polícia é chamada para começar a investigação.
O problema é que as duas entidades, a Associação e o Departamento de Regulação, vivem em permanente estado de conflito, por conta da tentativa de regular os preços da indústria por parte do Departamento. Uma relação muito conflituosa que gera rancor e agressividade de ambas as partes.
A morte de Cheney, naquelas circunstâncias, acirra a desconfiança dos dois lados, que partem para tentativas mútuas de incriminação enquanto a polícia se mostra perdida, sem conseguir dar um rumo para as investigações.
Diante da confusão, o detetive Nero Wolfe é contratado para investigar o caso. Wolfe é um profissional de reconhecida capacidade investigativa e intelectual, mas é uma pessoa extremamente excêntrica. Ele é um sujeito obeso que detesta caminhar e sair de casa para investigar, para tanto utiliza os serviços de Archie Goodwin, um investigador que trabalha para ele.
O detetive adora uma boa cerveja e cultivar orquídeas, inclusive, não abre mão de diariamente, em um horário determinado, seguir para seu pomar para cuidar das plantas, independente do que aconteça.
Para realizar a investigação, Wolfe reúne em sua casa, membros do Departamento, da Associação, familiares de Cheney e a polícia, criando um clima tenso e confuso para todos os envolvidos no caso.
Quem acha que o ritmo da narrativa é lento, pelo fato de Wolfe não sair de casa e parecer uma figura preguiçosa, se engana. Mesmo ficando permanentemente em sua residência, Nero Wolfe conta com uma rede de investigadores, além de Goodwin, que fazem com que ele esteja sempre à frente da polícia na busca por informações.
A história mantém um ritmo interessante até o final, quando Wolfe consegue desvendar a trama e descobrir o assassino de Cheney Boone.
Rex Stout cria uma história muito envolvente e nos oferece um detetive bem diferente de Sherlock Holmes, Hercule Poirot ou Philip Marlowe. Mesmo assim, não deixa de ser um personagem bem interessante, que tem muitas diferenças com os demais, mas guarda uma semelhança, é um investigador cheio de manias
Vale a leitura
Se Nero Wolf não é aquele detetive cheio de ação, que vai a todos os lugares e corre atrás dos bandidos, ele tem seus métodos, que também são eficientes e ajudam a manter o suspense da trama. Aliás, essas excentricidades serviram para consagrar o personagem criado por Rex Stout, tanto que a figura de Wolf e suas histórias ganharam versões para a televisão.
O livro é muito bom e oferece um ótimo ritmo para o leitor que gosta de um bom suspense e ação.
Para quem é fã de romances policiais “A Voz do Morto” é uma ótima pedida