Mais um capítulo de A Morte da Viúva, confira!
6 – O resto da família
Após as apresentações, Ricardo falou com Solange, explicando o que eles precisavam saber de cada um deles.
– Muito desagradável isso, mas, que seja. – Solange começou a falar, buscando expressar todo o seu descontentamento. – No domingo só sai pela manhã, para dar uma caminhada, como sempre faço quando o dia está bonito, depois fiquei em casa o resto do dia, não sai mais.
– Ninguém esteve com a senhora? – perguntou Nando.
– Não. Fui caminhar, voltei por volta das dez horas e fiquei em casa. Eles dois – falou apontando para os filhos – acordaram tarde, almoçaram, saíram e só voltaram tarde da noite. Ninguém mais esteve comigo no domingo.
– A senhora não falou com ninguém?
– Não, fiquei em casa vendo televisão e não falei com ninguém.
– Nem por telefone_ perguntou Nando.
– Por telefone, sim. Um papo rápido com uma amiga, na parte da tarde. Nada importante.
– A senhora lembra qual o horário dessa ligação?
– O horário exato, não. Acredito que tenha sido por volta das três da tarde, não muito longe disso. Uma ligação normal entre duas amigas, nada além disso.
– Perfeito. – colocou Ricardo, encerrando com a mãe – E vocês dois, o que fizeram no domingo? – falou Ricardo se dirigindo agora aos filhos, Marcelo e Mônica.
Os dois jovens se entreolharam, como que um esperando que o outro começasse a falar, até que Marcelo tomou a frente.
– Bem, eu cheguei tarde no sábado, fui a boate e cheguei lá pelas três e pouco da manhã. No domingo acordei já passava de uma hora da tarde, cansado e de ressaca. Almocei, descansei um pouco, tomei um banho e sai para encontrar uns amigos, fomos tomar umas cervejas.
– Já havia passado a ressaca? – perguntou Nando.
– Claro, pra beber estamos sempre prontos, a ressaca se cura rápido. Fiquei com eles até umas seis horas. Depois fui direto para a casa da minha namorada, troquei de roupa lá e fomos para uma festa. Cheguei em casa por volta de uma da manhã.
– Onde era a festa? – indagou Ricardo.
– Na verdade não era uma festa, era uma reunião na casa de uns amigos, lá no Humaitá.
– Pode passar o nome e o telefone de todos esses amigos para eles, pois vão verificar a sua história. – brincou Marcelle.
– O que? – falou Marcelo, sem entender a brincadeira da prima.
– O que ela quer dizer é que vamos precisar confirmar todas as informações que vocês nos passarem, para isso vamos precisar de todos esses contatos para confirmação. – colocou Ricardo.
– Entendi. Tudo bem, posso dar os nomes e telefones de quem estava lá, sem o menor problema. – respondeu Marcelo.
Depois que o rapaz terminou de falar os dois policiais olharam para a irmã.
– Bem, acho que só falta eu. – falou ela, encarando os dois homens.
– Pode ficar à vontade. – incentivou Ricardo.
– Obrigado. – falou ela dando um discreto sorriso – Assim como meu irmão, cheguei em casa muito tarde no sábado, fui a uma festa. No domingo acordei já eram quase duas horas da tarde, também estava cansada e de ressaca. – falou ela de forma irônica – Almocei e depois sai, fui para a casa de uma amiga aqui em Botafogo. De lá fomos para o Shopping, o Rio Sul e acabamos indo ao cinema. Depois do cinema rolou um lanche e, quando voltei pra casa, já passava da meia noite. Também posso passar o contato da minha amiga para vocês, ela vai poder confirmar a minha história.
– Com certeza vamos querer o contato da sua amiga e de todas essas pessoas. – afirmou Ricardo – Isso significa dizer que nenhum de vocês esteve no apartamento de dona Marieta no final de semana?
Todos confirmaram que não haviam estado lá.
– Uma última pergunta, algum de vocês sabia que dona Marieta havia feito um testamento? – perguntou Ricardo.
O silêncio dos familiares valeu como uma sonora resposta afirmativa.
– Ouvimos falar a respeito. – falou Olavo, tendo cuidado com as palavras que iria usar.
– Vocês conhecem os termos desse testamento? – indagou Ricardo.
– Não. – a voz de Olavo saiu um tanto hesitante.
– Não, inspetor. – falou Solange, vindo em socorro ao irmão. – Mamãe comentou que iria fazer um testamento, mas não chegamos a ter a confirmação se ela realmente fez e quais os termos desse documento.
– Tudo bem, isso é suficiente. Por hora ficamos por aqui. Qualquer coisa nós voltamos a procurar vocês. Obrigado pela atenção. Mais uma vez sentimentos muito pelo ocorrido e pela perda de Dona Marieta. Doutor Olavo, gostaria de pedir que o senhor passasse os novos telefones para todos os demais, caso alguém preciso fazer contato. – observou Ricardo se despedindo.
– Pode deixar, inspetor, vou passar o número para todos eles. Não lembro se cheguei a falar, mas o enterro será amanhã. – concluiu o homem.
– Sim, o senhor comentou. – respondeu Ricardo.
Os dois policiais saíram do apartamento, deixando atrás de si cinco pessoas preocupadas.
– Você os surpreendeu com a pergunta sobre o testamento. – colocou Nando assim que eles chegaram à portaria do prédio.
– O objetivo era esse mesmo, eles não estavam esperando por isso. Estavam esperando que fossemos falar somente sobre o dia do crime. E, pela forma como eles me olharam, já dava para ver que todos sabiam sobre o testamento. O que vamos precisar descobrir é se isso seria motivo suficiente para fazer alguém cometer um crime.
– Acredito que aí está a chave desse caso. Pra mim esse é o típico caso assassinato por motivos financeiros. – comentou Nando.
– É bem possível que você esteja com a razão, mas ainda temos muito o que caminhar nesse caso. Então, em frente com as investigações meu parceiro. Você tem mais alguma coisa para fazer? – indagou Ricardo.
– Sim. Vamos voltar à rua da dona Marieta, quero pegar o pen drive com as imagens que solicitei ao síndico do prédio vizinho. Ele ficou de fazer a cópia para mim. – informou Nando.
– Então vamos nessa.
Os dois passaram pela rua de dona Marieta e procuraram o síndico do prédio vizinho para pegar o pen drive. De lá partiram para a delegacia.
Fique atento à narrativa completa do conto. Confira os capítulos anteriores abaixo.