Conto policial “Morte ao Acaso” – Capítulo 6

Surge mais um corpo

6 – A Segunda Morte

Na manhã seguinte, Ricardo acordou cedo e preparou o café para os dois.

– E aí, como foi a sua primeira noite no subúrbio? – perguntou ele.

– Não podia ter sido melhor. – respondeu ela com um imenso sorriso nos lábios.

– Ainda bem que você gostou. Agora está na hora de ir embora, daqui há pouco o Nando vai passar aqui e me pegar para irmos para a Delegacia.

– Tudo bem. Vou nessa, preciso estar cedo em casa, tenho várias coisas para resolver. Vou pedir um uber.

Os dois desceram juntos. Ela acabara de entrar no carro para ir embora quando Nando chegou.

– Que beleza. Essa é a nova conquista? – perguntou ele assim que Ricardo entrou no carro.

– Isso é da sua conta? Fica quieto e dirige.

– Nossa, como ficou bravo. – provocou Nando – É impressão minha ou eu conheço essa jovem?

– E qual o problema se você conhece ou não?

– Problema nenhum. Não posso perguntar?

– Pode perguntar. Se eu vou responder é outra história.

– Não tem problema. Você não consegue esconder esses seus romances por muito tempo, vai acabar dizendo quem é. Eu tenho certeza de que conheço, só não estou lembrando de onde. – continuou provocando Nando – Não é a Ritinha, nem a Sandrinha, isso eu tenho certeza. Pena que cheguei um pouco tarde, se tivesse chegado uns minutinhos antes teria visto ela melhor.

– Você é chato pra caralho, cara. Dirige.

– Nossa, nunca vi você assim tão irritado por eu estar falando de uma de suas conquistas. Rapaz, essa moça mexeu com você.

– Porra, sujeito insistente. Vai, mete o pé no acelerador, temos muito o que fazer hoje.

– Deixa comigo. Mas tenho certeza de que até o final do dia você vai me dizer quem é ela. – dizendo isso Nando acelerou em direção à Delegacia.

Logo os dois estavam na Barra da Tijuca, na Delegacia de Homicídios. Eles estavam repassando as informações que tinham para o delegado quando Ricardo recebeu uma ligação de Luís Roberto, o perito.

– Fala Luís, tudo certo? Quais são as novidades? – perguntou Ricardo.

– Tudo certo, Ricardo. Você não quer dar um pulinho aqui no IML? Chegou um corpo aqui e achamos uma coisa interessante, acho que vocês vão gostar de ver, acredito que tem relação com o caso da mulher de ontem.

– Está bem. Vamos demorar um pouco, mas estamos indo para aí. – falou Ricardo.

Assim que desligou o telefone ele relatou a conversa para Nando e o Delegado. Os dois, então, partiram para o Centro do Rio. Saindo da Barra iam atravessar boa parte da cidade para chegar no Instituto Médico Legal. O tempo de deslocamento, claro, ia depender do trânsito.

Demorou mais de uma hora, mas, perto das 11 da manhã eles estavam no IML conversando com Luís Roberto.

– Então, que novidade você tem pra gente? – perguntou Ricardo.

– Venham comigo, quero que vejam um corpo. – falou o perito.

Luís Roberto levou os dois policiais até a sala onde estava o corpo de um homem de meia idade. Pelo aspecto, parecia um mendigo.

– Ok. Já vimos o defunto. Que relação ele tem com o caso da Suelen? – perguntou Ricardo.

– Isso vocês vão ter que descobrir, pois eu não sei. Mas, quando fui examinar o corpo, encontrei esse pedaço de papel preso na mão dele. – disse o perito passando às mãos de Ricardo um pequeno pedaço de papel rasgado.

Os dois policiais examinaram o que parecia o pedaço de uma carteira.

– Parece o pedaço da carteira da Suelen. – foi Nando quem falou primeiro.

– Sim. – concordou Luís Roberto – Foi isso que me chamou atenção. Por isso chamei vocês. Não sei qual a relação dele com a mulher, mas alguma coisa aconteceu entre os dois. Os pedaços se encaixam.

– Onde esse cara foi encontrado? – indagou Ricardo.

– Adivinha? Em Copacabana, o corpo estava jogado num beco, atrás de umas lixeiras, a umas duas quadras de distância de onde ela morava. – esclareceu o perito.

– Então ele foi morto lá perto. Devia viver pelas ruas de Copacabana. Será que eles se conheciam? – Ricardo ficou tentando juntar as ideias.

– Recebemos o chamado quando estávamos saindo do prédio da Suelen e fomos recolher esse aí. – esclareceu Luís Roberto – Pelo primeiro exame eu diria que foi morto ontem à noite.

– Ontem também? Qual dos dois morreu primeiro? – perguntou Nando.

– Eu vou confirmar isso depois para vocês, mas pela primeira análise eu arriscaria que foi ele. Ele deve ter morrido pelo menos uma hora antes dela. – respondeu o perito.

– Alguma identificação do sujeito? – indagou Ricardo.

– Nada. Sem documento, sem nenhum tipo de identificação. Colhemos as digitais para ver se conseguimos achar algum registro. – informou Luís.

– Que relação pode haver entre eles? – refletiu Nando.

– Esse é o ponto que precisamos descobrir. – falou Ricardo – Porque ele estava com um pedaço da carteira de identidade dela na mão e que ligação existia entre eles, se é que existia alguma ligação.

– Se vocês fizerem essa conexão, podem avançar bastante na solução desses crimes. – disse Luís Roberto.

– Por falar nisso, como morreu o nosso amigo aqui? – perguntou Ricardo, apontando para o defunto a sua frente.

– Quer arriscar?

– Mais adivinhação? Vai dizer que também foi estrangulado. – arriscou Nando.

– Bingo, garoto. Você ganhou o prêmio. Nosso amigo aqui também foi estrangulado, assim como a Suelen. Vamos fazer as medições para avaliar se pode ter sido a mesma pessoa ou não. – concluiu Luís Roberto.

– Beleza. Quando tiver as informações, nos avise.  – pediu Ricardo – Vamos falar com o Delegado, provavelmente vamos puxar esse caso pra gente, pois eles devem ter conexão.

– Deixa comigo. – devolveu o perito.

Os dois policiais deixaram o IML.

– Bom, tínhamos um assassinato, agora temos dois e nenhuma pista nova. – falou Nando.

– Sabemos que em algum momento os dois se encontraram, ou ele não teria ficado com um pedaço da carteira de identidade da Suelen. Quem sabe o nosso novo defunto não é a pista nova que precisávamos. Se conseguirmos identificar o cara pode ser que consigamos alguma coisa. Agora, vamos falar com o tal do Arthur. – ponderou Ricardo.

– Você conseguiu fazer contato com ele? – perguntou Nando. – Consegui. O registro estava no celular dela. O cara tentou pular fora, mas acabou se convencendo que era melhor falar conosco. Vamos encontrá-lo agora. – falou Ricardo olhando o relógio.

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Capítulo 4

Capítulo 3

Capítulo 2

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Escritor Carlos Carvalho

Carlos Carvalho

Sou escritor, amante de literatura e apaixonado pelos mistérios criados por Agatha Christie. Escrevo contos, poesias e romances. Sendo o Romance Policial meu gênero literário preferido. Sou formado em Jornalismo e pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial.

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