É preciso descobrir se alguém conhecia o irmão de Suelen
10 – De volta a Copacabana
Os dois rumaram para Copacabana. Depois de algum tempo estavam conversando com Márcia.
– Boa tarde, como vocês estão? – perguntou ela.
– Tudo bem. – respondeu Ricardo.
– Vocês têm alguma novidade sobre a morte da Suelen? – quis saber a mulher.
– Fizemos algum progresso. – comentou Ricardo – Gostaríamos da sua ajuda, por acaso você conhece ou já viu esse homem por aqui? – completou ele mostrando a foto do irmão de Suelen no celular. A impressão que ele teve é que a mulher teria hesitado antes de responder.
– Não sei. Nossa, a cara dele está horrível. Pode ser que eu já tenha visto, mas não estou me recordando no momento.
– Nós temos a informação de que ele era irmão da Suelen e esteve com ela no sábado à noite. – informou Ricardo.
– Irmão? Como eu disse para vocês, ela comentou que tinha um irmão, mas nunca entrou em detalhes. Ela nunca disse que ele estava aqui no Rio, ela não gostava de falar sobre a família.
– A informação que temos é que ele apareceu por aqui a uns dois ou três meses, procurando por ela. Parece que ele estava atrás de dinheiro. Ela chegou a comentar alguma coisa com você? – perguntou Nando.
– Não nada. Com certeza eu me lembraria se ela tivesse comentado algo. – ela parecia um pouco incomodada com o fato de a amiga não ter lhe falado sobre o irmão.
– Você não acha estranho que ela não tenha dito nada sobre o aparecimento do irmão? – perguntou Nando.
– Até acho. – falou a mulher, após refletir um pouco – Eu esperava que ela tivesse me contado sobre o aparecimento do irmão. Ela poderia ter confiado em mim, até para eu ajudar, caso ele tentasse fazer algo com ela. Mas a Suelen sempre teve muita dificuldade de falar sobre a família. Essa questão era muito difícil para ela, por tudo que ela passou com o pai e o irmão, tendo que fugir de casa depois que a mãe morreu, precisando se virar sozinha tão nova.
– Realmente não é difícil entender por que ela não gostava de comentar sobre a família. É um passado que ninguém gosta de ficar lembrando. Mas acho estranho pelo lado da segurança. O irmão nunca foi bom para ela, ele aparece e faz ameaças, quer dinheiro. Seria mais seguro para ela que as pessoas mais próximas estivessem sabendo, caso ela precisasse de ajuda, como você mesmo falou. – concluiu Ricardo.
– Com certeza. – concordou Márcia – Confesso para vocês que fiquei um pouco decepcionada com ela. Achei que ela confiasse mais em mim.
– Se o irmão era violento, ela pode ter escondido de você com a intenção de protegê-la. – ponderou Nando – Nunca se sabe o que um cara como esse pode aprontar. Vai ver que ela escondeu o fato pensando na sua segurança;
– Pode ser. Mas, mesmo assim, preferia que ela tivesse me contado. Se eu soubesse talvez ela hoje estivesse viva. – refletiu a mulher.
– Pode ser que sim, pode ser que não. Não sabemos se foi ele quem matou a Suelen. – ponderou Ricardo.
– Não? Pensei que vocês tivessem chegado a essa conclusão.
– Ainda é muito cedo para tirarmos uma conclusão. O aparecimento do irmão é mais um elemento nesse caso. Pode ser que ele tenha alguma relação com a morte da Suelen, mas pode ser que não. Ainda temos muito o que investigar. Por enquanto precisamos saber se alguém sabia do aparecimento desse irmão, se ele foi visto aqui nas imediações, essas coisas.
– Entendo. – disse ela – Eu não sabia do aparecimento dele e tenho certeza de que não o vi por aqui.
– Tudo bem, de qualquer forma agradecemos a sua colaboração.
Nesse momento Ângelo chegava ao prédio e se juntou a eles.
– Boa tarde. Alguma novidade, inspetores? – perguntou ele.
– Por enquanto não temos muitas novidades, avançamos um pouco, mas ainda falta muita coisa. – respondeu Ricardo.
Na sequência, o policial aproveitou para repetir a pergunta sobre o mendigo para Ângelo, enquanto mostrava a foto do irmão de Suelen.
O homem observou com bastante atenção a imagem do mendigo antes de responder.
– Esse rosto não me é estranho, pode ser que já tenha visto esse cara antes. Mas vemos tanta gente aqui em Copacabana, tantos moradores de rua, que é difícil ter certeza. E essa foto está estranha, não ajuda muito na identificação.
– Temos a informação de que ele esteve com Suelen na noite do crime.
– Olha, sendo aqui em Copacabana tudo é possível. Você esbarra com esses mendigos a cada esquina, aqui no bairro. – comentou o homem.
– Ela não comentou nada com o senhor sobre esse mendigo? – quis saber Ricardo.
– Não disse nada. Por que ela falaria sobre um mendigo? – indagou Ângelo.
– Recebemos a informação de que esse homem foi visto com ela no sábado. É importante sabermos se realmente eles se encontraram. Conseguimos levantar que ele era irmão dela, precisamos confirmar isso. – informou Ricardo.
– Irmão? Essa é novidade para mim, ela nunca comentou nada sobre isso.
– Parece que ela não comentou com ninguém sobre o irmão. – falou Nando.
– Vocês acham que ele está envolvido no crime? – perguntou Ângelo
– Ainda não podemos afirmar isso. Precisamos confirmar a informação que ele era mesmo irmão dela e de que eles se encontraram no sábado. Pretendemos descobrir qual a participação dele nesse episódio.
– Bem, se vocês procurarem por aí pode ser que consigam encontrar o sujeito. Se bem que esses caras costumam circular pelo bairro, nunca no mesmo lugar. Mas vou ficar de olho, se vir qualquer coisa aviso vocês.
– Tudo bem, agradecemos a atenção de vocês. Caso se lembrem de algo, entrem em contato conosco. – pediu Ricardo se despedindo.
Os dois caminharam em direção ao carro.
– O que você acha? – perguntou Nando depois que eles se afastaram um pouco.
– Engraçado, mas fiquei com a impressão que os dois hesitaram ao ver a foto do sujeito. Pode ser só impressão, mas fiquei com esse sentimento.
– Fiquei com a mesma impressão, principalmente a Márcia. Ela hesitou quando viu a foto, tenho certeza. Será que o síndico sabe de algo sobre esse irmão? – indagou Nando.
– Tenho o palpite de que se fizermos essa pergunta para ele a resposta será a mesma que esses dois deram, ele vai dizer que nunca viu o sujeito na vida.
– Você tem razão. Os três vão estar com o discurso bem sincronizado.
– Vamos aguardar. Quem sabe o resultado da perícia nos dá algo mais. Quem sabe damos sorte…