12 – Novidades
Dois dias se passaram até que os policiais recebessem as informações que estavam faltando.
– Aqui Nando. – falou Ricardo que entrava na sala com uma papelada na mão.
– O que é isso? – perguntou Nando.
– As quebras de sigilo e as informações criminais da família de dona Marieta.
– O temos de interessante?
– As fichas criminais complementam aquilo que eu já tinha levantado com o pessoal de Botafogo. O jovem tem passagem também pelas delegacias de Copacabana e do Catete, sempre envolvendo drogas. A irmã foi detida uma vez, foi pega fumando maconha na praia. A prima rodou por desacato a autoridade. O Olavo também já teve passagem por bebedeira e agressão à ex-mulher. Já a Solange por estelionato, cheque sem fundos.
– Porra, a turma é boa mesmo. – comentou Nando – E os sigilos bancário e telefônico?
– O bancário é uma maravilha. Todos os cinco estão na pendura, todos com a conta bancária no vermelho. Já o sigilo telefônico revelou diversas trocas de mensagens bem interessantes entre sábado e domingo. – falou Ricardo entregando as folhas de papel para Nando.
– É um verdadeiro festival de troca de mensagens, o que é normal hoje em dia. Mas muitas reclamando da velha. Parece que todo mundo queria vê-la pelas costas.
– É verdade. Mas se concentra nessas aqui. – falou Ricardo apontando para duas folhas especificamente.
Nando leu o que o amigo apontava.
– O que você está pensando?
– Em falar com o delegado agora.
– Antes disso deixa eu te falar outra coisa. – comentou Nando – Encontraram um ônix preto abandonado nas imediações do cemitério do Caju, já identificaram o dono, o carro foi roubado naquela noite em que você encontrou a Mônica, por volta das 21 horas, no Humaitá. Estão trabalhando nas impressões digitais.
– Roubaram o carro para nos atacar o depois abandonaram. Vamos em frente, isso está cada vez mais interessante.
Os dois foram até a sala do delegado e mostraram as folhas com as trocas de mensagem.
– Parece que temos algo bem concreto. Quero cópia de tudo isso, vou correr atrás dos mandados.
– Que tal se eu falar com o Olavo e pedir uma nova conversa com a família. Se conseguirmos reunir todos no apartamento dele, como da outra vez, será bem mais fácil pra gente. – sugeriu Ricardo.
– Faça isso. – autorizou o delegado.
Ricardo ligou para Olavo e, depois de alguns minutos de conversa, comunicou ao chefe.
– Amanhã de manhã, chefe, às 10 horas.
– Maravilha, até lá consigo os mandados. Deixe o endereço dele comigo.
Ricardo anotou o endereço numa folha de papel e passou para o delegado.
No dia seguinte, pouco antes das 10 horas Ricardo e Nando estavam no apartamento de Olavo.
– Bom dia. – cumprimentou Olavo abrindo a porta para os dois.
– Bom dia, senhor Olavo. Agradecemos por vocês terem parado mais uma vez para nos atender.
Quando eles chegaram, todos os cinco já estavam lá.
– Qual o problema agora? Vocês têm algo de concreto para nos apresentar? – perguntou Solange.
– Temos sim, dona Solange.
– Que bom, então me diga, vocês já prenderam o responsável pela morte de minha mãe? – indagou a mulher.
– Ainda não, mas pretendemos fazê-lo em breve. – respondeu Ricardo.
O policial fez uma pausa e percorreu a sala com os olhos, observando cada um dos presentes antes de continuar.
– Isso está parecendo filme de suspense. A qualquer momento nosso detetive vai apontar o dedo para alguém e dizer, “Você é o culpado.” – debochou Marcelo.
– Não pretendemos ser tão dramáticos assim, mas viemos aqui esclarecer vários aspectos desse crime, antes de tomarmos qualquer atitude. Então, se me permitem, vamos aos fatos. – falou Ricardo antes de começar as explicações.
– Vocês não pretendem transformar isso aqui em uma espécie de filme policial, não é? Não vão começar a dar várias explicações, falar por meia hora, levantando teorias até finalmente acusar alguém? – protestou Solange, deixando transparecer toda sua irritação.
– Tentarei ser o mais breve possível, prometo. – falou Ricardo, sem alterar o tom de voz, nem demonstrar preocupação com os protestos da mulher.
– Já não basta tudo o que passamos nesses últimos dias, com a morte da mamãe e ainda temos que enfrentar essa situação. Paramos nossas vidas para sentar aqui e ouvir vocês dizerem que ainda não prenderam ninguém. Se bobear estão perdidos nessa investigação. É a polícia brasileira, ao invés de nos protegerem, vêm até aqui nos afrontar. – falou Solange, claramente tentando afrontar os dois policiais.
– Calma Solange. Todos nós sabemos que é uma situação delicada, mas eles estão fazendo o trabalho deles. – ponderou Olavo.
– O trabalho deles uma ova. – resmungou Solange – Por acaso você acredita que o assassino da nossa mãe está aqui nessa sala? O que eu vi até agora foi esse policial colocar a vida da minha filha em risco, isso sim. – completou ela apontando para Ricardo.
– Como assim? – Olavo e Marcelle fizeram a pergunta ao mesmo tempo.
– Vocês não sabiam que a Mônica quase morreu atropelada e baleada há dois dias, quando se encontrou com ele. – berrou Solange.
– Não foi bem assim, mamãe. – intercedeu Mônica, que falava olhando para Ricardo – Eu pedi para falar com o inspetor, pois tinha algumas coisas para colocar, que achei que eram importantes. A tentativa de atropelamento e os tiros foram para nós dois, não foram só pra mim, ele também correu risco naquela situação.
– Então tivemos cena de faroeste nesse caso e eu nem sabia? – perguntou Marcelle encarando Ricardo – Ainda bem que o mocinho salvou você.
– Antes de continuarmos, acho melhor explicar para todos vocês essa história do atentado. – falou Ricardo, que precisou de alguns minutos para recapitular o encontro com Mônica e o que ocorreu depois. Por precaução ele não revelou o teor da conversa entre ambos.
– Que história mais maluca. – comentou Olavo – Isso está ficando muito esquisito.
– Na verdade, não é tão maluca assim, seu Olavo. – comentou Ricardo – Ela tem muita lógica quando juntamos as peças desse quebra-cabeças.
– Então agora vamos brincar? – debochou Marcelle. – Na verdade não. – retrucou Ricardo – Vamos as fatos e não há brincadeira no que aconteceu, mas fatos que levaram à morte de sua avó. Vou tentar ser o mais sucinto possível.